Por Wladmir Coelho –
1 – O discurso da não intervenção estatal na economia apresenta em sua base a crença no mito da autorregulação do mercado difundido e defendido, no caso brasileiro, através de editoriais, palestras, sem falar nas entrevistas de “economistas” nos confortáveis sofás da GloboNews conduzida por comentaristas sempre com aquela cara de isentos com gestos ensaiados não passando todos eles de assalariados do sistema financeiro internacional.
2 – Esta mesma patotinha, diante da crise atribuída ao coronavírus, inicia um discurso aparentemente oposto ao mito do Estado Mínimo surgindo, inclusive, a exemplo do sr. Armínio Fraga, indivíduos apressados em retirar do seu Curriculum qualquer associação ao projeto – vitorioso – de destruição econômica e neocolonização do Brasil.
3 – O triste é verificar a exaltação desta patotinha neoliberal em segmentos da imprensa dita de esquerda ainda incapaz de diferenciar um discurso em defesa do capitalista e seu capital daquele de salvação e libertação dos trabalhadores.
4 – O discurso do sr. Armínio Fraga – um fanático defensor da austeridade econômica e da crença no investimento externo como salvação acompanhada, para sua introdução, da extinção dos direitos trabalhistas e privatização dos setores estratégicos e pagamento religioso dos juros aos banqueiros internacionais através das restrições aos gastos públicos – agora surge nos jornais da burguesia preguiçosa do Brasil defendendo o socorro estatal dos grandes capitalistas e para o povo uma balinha com nome de renda mínima.
5 – O sr. Fraga literalmente traduz o discurso dos capitalistas internacionais implantado nos Estados Unidos através do acordo entre republicanos e democratas ficando o Estado com a missão de salvar – principalmente – os bancos diante da onda de inadimplência retornando estes, através dos fundos de investimentos, ao cassino das bolsas e ainda denominam esta ação de recuperação econômica.
6 – A respeito deste acordo de salvação via recursos do Estado a CNBC, uma tv por assinatura dos Estados Unidos dedicada ao noticiário do mercado, apresentou uma listinha contendo alguns dos setores empresariais e os valores solicitados tudo na casa dos bilhões e trilhões de dólares que seriam destinados, em termos gerais, da seguinte forma: US$ 50 bilhões para empresas aéreas, US$ 150 bilhões para o setor de transporte aéreo de cargas e mais US$ 150 bilhões para outras empresas em dificuldades.
7 – O ramo empresarial de mr. Donald Trump não foi esquecido exigindo os controladores de hotéis, inclusive aquele infectado na Flórida responsável pela contaminação da corte do sr. Bolsonaro, a singela quantia de US$ 150 bilhões e seguem os pedidos dos antigos defensores da auto-regulamentação de olho nos cofres oficiais.
8 – A Boeing – até outro dia exemplo de empresa privada e salvadora da economia brasileira conforme a patotinha da GloboNews – sofre uma desvalorização gigantesca e no lugar de “investir” corre para aumentar a retirada de recursos do Brasil e ainda exige do governo dos EUA a sua parcela nos trilhões oferecidos aos ricos.
9 – Nesta onda surfam os novos opositores a política econômica do sr. Guedes exigindo dinheiro para os ricos e cortes nos salários dos trabalhadores compensados com R$ 200,00 e cursos de qualificação para melhorar o atendimento nas entregas de sanduíches e pizzas. Alguém em seu juízo perfeito acredita em salvação econômica, recuperação do consumo com medidas deste nível?
10 – A simples transferência de recursos estatais aos bancos e demais tubarões não significa a salvação do emprego, ao contrário, esta transferência pura e simples apenas cria as condições para a continuidade do processo de especulação ou vamos atribuir ao vírus a culpa do desemprego e subemprego no Brasil?
11- No caso brasileiro precisamos ainda entender o seguinte: as empresas quebrando na matriz tendem a retirar ainda mais recursos de suas filiais na colônia e não ouvi , até agora, uma proposta regulamentando a remessa dos lucros, dividendos e outros desvios sem falar na suspensão – a Argentina já anuncia uma possível moratória junto ao FMI – do pagamento da divida continuando esta a comer mais de 40% das receitas nacionais.
12 – Devemos ainda recordar o seguinte; o discurso do auxílio aos ricos e da renda mínima é muito bonitinho, mas deve ser acompanhado da necessária regulamentação do setor econômico direcionando as energias para a superação da crise intervindo o Estado através do planejamento necessitando, desta forma, atuar diretamente no setor empresarial restringindo a liberdade das empresas seguindo a forma observada na quarentena ou isolamento social vigente em diferentes pontos do planeta.
MAZOLA
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