Por Wladmir Coelho –
1 – O sr. Bolsonaro e seu vice, um general carreirista, não esconderam durante a campanha eleitoral o seu desprezo pelos trabalhadores anunciando, sem o menor pudor, o objetivo de concluir o processo de eliminação dos direitos trabalhistas e previdenciários representados hoje na caricatura denominada CARTEIRA VERDE E AMARELA.
2 – Ao longo da campanha eleitoral o general entreguista e candidato a vice deitou falatório em auditórios repletos de empresários “nacionais” atacando, preferencialmente, o 13º salário um privilégio, segundo o militar antinacionalista, recebendo este aplausos e vivas dos ricos e apoio frenético da classe média acreditando seus membros na conversa fiada dos investimentos internacionais que inundariam o Brasil sobrando assim alguma coisinha para o dono da padaria, das butiques, franquias de chocolate e outros segmentos ávidos pela antiga e colonizada pretensão de morar numa mansão de papelão e gesso em Miami, passear na Disney ou simplesmente colocar em dia a prestação do carrão de cabine dupla.
3 – A promessa de investimento externo não foi cumprida, mas o trabalhador perdeu os seus direitos, os salários encontram-se reduzidos, o desemprego alcança mais da metade da população em idade produtiva, os serviços públicos seguem em acelerado desmonte para entrega ao setor privado e sabemos, no caso da água, até a empresa estadunidense escolhida como principal beneficiada.
4 – Voltemos ao general antinacional e sua implicância com o 13º salário justificada esta em sua condição de conservador e entender o que afinal esta gente quer conservar. Primeiro a data: a aprovação da lei do 13º salário e sua posterior assinatura pelo presidente João Goulart decorre de uma greve geral iniciada no dia 5 de julho de 1962. Os trabalhadores também exigiam neste movimento a aprovação de um gabinete nacionalista. Como sabemos os reacionários impediam, graças ao sistema parlamentarista em vigor, a aprovação das políticas econômicas necessárias à superação do modelo de base colonial.
5 – Estes mesmos reacionários, inclusive sua parcela militar, jamais concordaram com as conquistas dos trabalhadores reivindicando, os generais antinacionais, a sua condição de tutores do povo brasileiro entendida esta tutela como forma de garantir o predomínio dos interesses do imperialismo estadunidense, a saber, salário baixo para no máximo garantir mão de obra barata voltada ao trabalho em empresas ianques aqui instaladas. A tutela foi construída a partir da doutrinação da CIA, os bancos da Escola Superior de Guerra, dos acordos militares sempre em nome do combate ao perigo comunista e muito verde-amarelíssimo.
6 – Quanto ao presidente João Goulart os entreguistas apresentavam uma resistência datada de 1954 quando este político gaúcho, a convite do presidente Getúlio Vargas, ocupou o Ministério do Trabalho e cumprindo uma promessa eleitoral de Vargas concordou com o aumento de 100% do salário mínimo congelado desde 1945 por obra e graça do Marechal Dutra e sua política de arrocho salarial e perseguição aos trabalhadores sempre em nome da liberdade e combate ao perigo comunista uma assombração criada, como sabemos, a partir do terrorismo estatal estadunidense. Goulart foi alvo, em função do citado aumento, do chamado manifesto dos coronéis reclamando estes oficiais, inclusive, da situação “absurda” a ser criada quando um comerciário carioca passaria receber salário superior ao do sargento. Qualquer pessoa hoje com o mínimo de inteligência perguntaria: no lugar de barrar o aumento do salário mínimo estes senhores não deveriam propor melhores soldos aos sargentos? A resposta é simples; os sargentos pertencem a mesma classe social dos comerciários encontrando, desta forma, o mesmo desprezo de seus superiores. Sorry periferia.
7 – Esta comparação ou indexação dos salários dos civis aos soldos dos militares serviu como espécie de teto para os funcionários públicos limitados aos ganhos de um general de brigada. Bem, isso antes do golpe militar de 1964 quando a média foi rebaixada para o salário de 3º sargento.
8 – Como percebemos o general Mourão representa uma tradição dos setores antinacionais do Exército existindo, devemos recordar, militares com pensamento mais avançados. Infelizmente, após do golpe de 1964, estes foram afastados dos quartéis possibilitando a ascensão e o nível verificado em nossos dias incluindo um antigo oficial reformado a partir de um acordo político quando merecia no mínimo a expulsão.
9 – Naquele mesmo 1962 no mês de setembro outra greve geral arrancou dos deputados e senadores a antecipação do plebiscito que derrotou o parlamentarismo iniciando este processo o desenvolvimento e apresentação das chamadas Reformas de Base defendidas pelo presidente João Goulart criando esta uma aliança progressista, anti-imperialista, reunindo trabalhadores civis e militares do campo e da cidade.
10- A posição dos srs. Bolsonaro e Mourão contra o 13º salário e outras conquistas trabalhistas agrega o desprezo das elites nacionais contra qualquer forma de trabalho a não ser aquela fundamentada no escravismo base de sustentação de um modelo econômico de base colonial.
WLADMIR COELHO – Professor do Instituto de Educação de Minas Gerais – IEMG, superintendente de juventude da SEE-MG, editor do blog Política Econômica do Petróleo e colunista do jornal Tribuna da Imprensa Livre.
MAZOLA
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