Redação –
Enquanto a maior parte dos setores da economia brasileira amargam a retração na atividade e no mercado de trabalho, o setor de tecnologia da informação e comunicação não só está contratando como sofre com a falta de profissionais qualificados.
“Ao invés de paralisar o setor, a pandemia está ampliando a utilização de sistemas digitais pelas empresas e pelas pessoas. Essa tendência deve ser mantida no pós crise e as empresas estão se preparando para isso”, afirma o presidente do Sindpd, Antonio Neto.
O setor de tecnologia da informação e comunicação representa aproximadamente 7% do Produto Interno Bruto do Brasil (2018) e emprega mais de 1 milhão de profissionais (entre celetistas e PJs), sendo 42% concentrados no estado de São Paulo.
O Sindpd consultou 150 empresas do setor de tecnologia no estado de São Paulo, das quais 14,5% responderam que possuem planos de contratação e ampliação das plantas, 56,4% não irão demitir, 5,6% irão demitir por conta da pandemia, 23,42% irão demitir em virtude de finalização de projetos. Somente em São Paulo, mais de 7,8 mil empresas atuam no setor de TI.
“É claro que a ampliação dos efeitos de isolamento social e queda acentuada da economia do País poderão alterar esse quadro. Nesse sentido, a política de combater o isolamento e ir contra todas as práticas internacionais por parte do governo federal poderá promover um segundo solavanco na saúde e na economia do País que não permitirá a sobrevivência de ninguém. E risco disso acontecer é alto”, ressaltou Neto
Alguns segmentos da área de TI estão tendo dificuldades por conta da inadimplência dos clientes ou pela redução acentuada das atividades dos tomadores de serviço, como é caso da área de exploração de petróleo, mas os demais estão com demanda em alta. De acordo com o Sindpd, até o dia 5 de maio, 87 acordos coletivos para redução de jornada foram firmados e cerca de 140 estão em negociação, abarcando um universo de 20 mil trabalhadores.
“A maioria dos acordos firmados pelo sindicato garantiram estabilidade de 120 dias a 180 dias, além de assegurar praticamente integral o salário nominal dos profissionais. Por outro lado, observamos a ampliação acentuada do trabalho em home office, que já representava aproximadamente 8% de toda a contratação celetista do setor. A pandemia tenderá a aumentar o trabalho em home office em todos os setores e o setor de TI será ainda mais acentuado, podendo superar mais de 20% de todo o setor”, afirmou Neto.
De acordo com Antonio Neto, além dos aplicativos de recrutamento de profissionais, as empresas enviam semanalmente para o sindicato oferta de vagas para suprir uma demanda de profissionais especializados. “Já existia um déficit da ordem de 80 mil profissionais no setor, a maioria em São Paulo antes da pandemia e esse número aumentará sem dúvida”.
A mudança na relação do próprio sindicato com as empresas e com os trabalhadores também está se modificando de forma positiva nesse período. “Hoje estamos realizando assembleias até então impossíveis. Recentemente realizamos duas assembleias com mais de 300 trabalhadores que operam nos estados do Paraná, São Paulo e em outros estados. Fizemos uma com uma empresa que tem base no interior de São Paulo e seus profissionais trabalham embarcados em plataformas da Petrobrás. Jamais conseguiríamos conversar com todos juntos numa assembleia e hoje isso torna-se possível”, disse.
Planos de contratação e demissão das empresas:
Pretendem contratar: 14,5%
Não pretendem demitir: 56,4%
Pretendem demitir por conta da pandemia: 5,6%
Pretendem demitir sem influência da pandemia: 23,4%
Acordos com o Sindicato
Acordos finalizados: 87
Acordos em negociação: 140
Trabalhadores abrangidos: 20 mil
Fonte: Sindpd
MAZOLA
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