Redação –
Aos 72 anos, Eliane Nogueira (PP-PI) assumiu pela primeira vez um cargo público com a missão de substituir o filho, o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, no Senado. De acordo com relatos, apesar de nunca ter ocupado uma função oficialmente, a nova senadora atua há décadas nos bastidores para ajudar a manter a tradição da família na política piauiense.
Ela também participa dos negócios. Eliane é alvo de pelo menos dois processos da Receita e teve dinheiro vivo apreendido em operação da Polícia Federal que mirava o filho.
ENVOLVIMENTO – Ao investigar suspeitas de sonegação fiscal envolvendo Nogueira, a Receita Federal detectou indícios do envolvimento de Eliane em transações irregulares feitas pelas empresas das quais é sócia. Em uma delas, cujo valor declarado em contrato foi R$ 1,2 milhão menor do que o valor efetivamente pago, ela foi a responsável pela assinatura do contrato.
Um dos relatórios diz que “as empresas estão envolvidas em processos de confusão patrimonial, tendo algumas delas tentado camuflar valores pagos em transações comerciais e não esclarecido a origem das receitas auferidas”.
Diante das suspeitas, a Receita Federal abriu dois processos contra Eliane em dezembro de 2017. Um foi um auto de infração, que visa cobrar valores supostamente sonegados. Outro é uma “representação fiscal para fins penais”, uma comunicação feita ao Ministério Público Federal para a investigação de possíveis crimes.
DINHEIRO APREENDIDO – Em 2019, durante operação da Polícia Federal contra Nogueira, Eliane teve dinheiro apreendido e recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF) para reaver a quantia —11 mil euros e 9 mil dólares. A solicitação foi rejeitada pela ministra Rosa Weber, que escreveu que persistiam “dúvidas razoáveis sobre a licitude da origem da quantia apreendida”.
Como senadora, além da remuneração de R$ 33,7 mil, Eliane terá direito a todos os benefícios do cargo, como dois salários adicionais para realizar a mudança para Brasília, cota parlamentar e plano de saúde. Na página da parlamentar no Senado, ainda sem foto, constam 53 servidores que devem trabalhar em seu gabinete.
Nos bastidores da política, Eliane colaborava inicialmente com as campanhas do marido, Ciro Nogueira Lima, que faleceu em 2013. Depois fez o mesmo pelo filho e pela nora, Iracema Portella (PP-PI). Segundo pessoas ouvidas pelo GLOBO, Eliane viajava em campanha para o interior, discursava e visitava a casa de apoiadores da família.
SUPLENTE DO FILHO – Ainda assim, ela admite que ficou “espantada” ao ser convidada para disputar em 2018 na chapa do filho.
“Lembro como se fosse ontem do dia em que fui escolhida para ser a primeira suplente de meu filho na chapa que concorreria ao Senado. Apesar de inicialmente espantada, reforcei que estou à disposição para fazer o melhor pelo povo do meu estado”, escreveu em uma rede social.
A deputada Iracema Portella elogia a sogra: — Desde sempre, a Eliane foi muito ativa, tanto na questão empresarial como na questão política. Tenho certeza que terá uma atuação excelente como senadora.
Eliane foi procurada via assessoria para comentar as acusações da Receita, mas não houve resposta.
Fonte: O Globo
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