Por Luiz Carlos Prestes Filho

Para Toninho Albuquerque, que já foi superintendente do Ministério do Trabalho e ouvidor geral do PROCON: “A cidade precisa evoluir em todas as regiões, e não somente no Centro, Zona Sul e Barra da Tijuca. O carioca precisa ter a oportunidade de trabalhar e viver em sua localidade. Para isso, o governo precisa ser o motor catalizador desse novo conceito.” Em entrevista exclusiva para o jornal Tribuna da Imprensa Livre, o candidato a vereador pela cidade do Rio de Janeiro afirmou:

“Trabalho será a prioridade do meu mandato. Precisamos resgatar o pleno emprego na cidade e isso pode ser iniciado a partir da retomada das obras de infraestrutura e da construção civil. Com integração e planejamento, os recursos podem ser aplicados com responsabilidade para estimular as empresas.”

Toninho Albuquerque e Martha Rocha, candidata do PDT a prefeitura do Rio de Janeiro

Luiz Carlos Prestes Filho: Como você vê a cidade do Rio de Janeiro no atual contexto político do Estado do Rio de Janeiro e do Brasil?

Toninho Albuquerque: O cidadão precisa voltar a acreditar na política como efetiva ferramenta de transformação não só do Rio, mas do Brasil. Basta de aproveitadores que não apresentam qualquer comprometimento com o povo e o Estado. Neste ano, existe um ambiente de renovação e surgem oportunidades para quem tem experiência, competência e compromisso com uma cidade mais justa, igual e democrática para todos. Por isso, estou construindo, com o apoio dos cariocas, um mandato participativo, transparente e fiscalizador a partir de um conselho que reunirá representantes da sociedade civil, trabalhadores, empresários e terceiro setor. Juntos, vamos mudar com segurança e mostrar que nossa cidade é maravilhosa.

Prestes Filho: Rio de Janeiro se destaca como cidade da indústria? Como cidade de serviços?

Toninho Albuquerque: O Rio foi, no último século, um potencial industrial. Porém, nas últimas décadas, perdeu seu protagonismo estimulado pelos desgovernos que passaram após a década de 90, principalmente depois de Leonel Brizola. Em paralelo, os royalties e o mercado petroquímico não foram explorados da forma correta, o que comprova o impacto de gestões irresponsáveis e desastrosas. Em contrapartida, o setor de serviços segue como motor da cidade e do estado, pois é uma riqueza que ainda sobrevive, apesar de todas as dificuldades. Com as seguidas crises econômicas e políticas, está em processo de dilapidação. Nem o legado dos grandes eventos serviu para garantir um crescimento sustentável. Diante desse cenário catastrófico, que é traduzido nas páginas policiais, o carioca consciente está percebendo a importância do voto. Chegou a hora de colocar a cidade novamente no rumo do progresso responsável, onde todos terão oportunidade de contribuir e evoluir. Com projetos e medidas integrados, será possível, a partir de uma aliança entre executivo e legislativo, criar um ambiente favorável para, novamente, atrair investimentos e restabelecer a imagem da cidade.

Toninho Albuquerque falando durante o VI Seminário Nacional dos Empregados em Postos de Combustíveis, em 2014

Prestes Filho: As políticas de Meio Ambiente deveriam orientar as políticas de Turismo, Cultura e Desenvolvimento Econômico?

Toninho Albuquerque: O meio ambiente é primordial, tanto que existe, em nível mundial, diretrizes para proteção e conscientização da natureza a partir de medidas sustentáveis em níveis públicos e privados. O mercado está cada vez mais ajustado a essa visão, onde o equilíbrio entre lucro e preservação devem andar de forma harmoniosa. No Rio, que apresenta todas essas vertentes, precisa surgir vontade política e comprometimento governamental para que isso seja efetivamente uma realidade. Os incentivos não precisam ser financeiros, mas podem representar apoios em prol do estímulo às práticas sustentáveis, conforme mencionei acima. A burocracia estatal não pode ser mais um fator impeditivo de evolução, mas também isso não indica o afrouxamento das leis e diretrizes ambientais. Tudo é um equilíbrio de forças em prol do desenvolvimento sustentável.

Prestes Filho: Deveriam ser realizados investimentos para consolidar a vocação do Rio no campo da ciência, da tecnologia e da inovação?

Toninho Albuquerque: A ciência é o futuro. Investir em pesquisa e desenvolvimento gera valor agregado e coloca cidades em posição de protagonismo. O Rio tem capacidade para isso, além de ter instituições reconhecidas internacionalmente, como a UFRJ. São milhares de cientistas que fazem trabalhos formidáveis, como verificamos no Sistema Único de Saúde na pandemia. Inovação a favor da proteção de vidas. Portanto, aplicar recursos em P&D, como também em educação, não é gasto, mas investimento. A prefeitura e o poder legislativo podem criar políticas para atrair empresas, bem como promover parcerias com organizações nacionais internacionais. Com investimentos e estímulos, a cidade pode virar um novo polo tecnológico nacional. Assim, o retorno será percebido em empregos e impostos dentro de uma cadeia virtuosa de progresso.

Toninho Albuquerque e Martha Rocha em campanha pelas ruas do Rio

Prestes Filho: As políticas de controle da ocupação do território da cidade estão adequadas e atualizadas? Quais impedimentos ainda existem do seu ponto de vista fundiário?

Toninho Albuquerque: O Rio está caótico e desordenado. Não existe política habitacional e a cidade expandiu sem qualquer controle ou planejamento. A série de crises econômicas e políticas só agravaram a situação. No atual cenário, os poderes públicos precisam buscar saídas para resolver a situação de milhões de cariocas que estão irregulares, mas também criar políticas habitacionais que garantam o acesso às moradias populares, mas também geram desenvolvimento no entorno dos novos empreendimentos. A cidade precisa evoluir em todas as regiões, e não somente no Centro, Zona Sul e Barra da Tijuca. O carioca precisa ter a oportunidade de trabalhar e viver em sua localidade. Para isso, o governo precisa ser o motor catalizador desse novo conceito. Um Rio mais humano, inteligente e progressista.

Prestes Filho: A política municipal apresenta novos desafios para os próximos anos? Quais serão as prioridades do seu mandato? Temos um porto, dois aeroportos e rodovias que nos ligam a todo o país. Essa infraestrutura deveria ser mais potencializada pela prefeitura?

Toninho Albuquerque: Trabalho é prioridade. Precisamos resgatar o pleno emprego na cidade e isso pode ser iniciado a partir da retomada das obras de infraestrutura e da construção civil. Com integração e planejamento, os recursos podem ser aplicados com responsabilidade para estimular as empresas e, com isso, reaquecimento todo o sistema produtivo municipal e estadual. O Rio precisa voltar a ser protagonista do estado e do Brasil.

Prestes Filho: Quais são as propostas para Saúde Pública? A prefeitura estava preparada para enfrentar a pandemia da Covid 19?

Toninho Albuquerque: A gestão Crivella mostrou todo o despreparo para conduzir a cidade durante a pandemia. Os resultados mostram o caos instalado no sistema público de saúde. Vidas foram perdidas por incompetência do prefeito e sua equipe. É um absurdo. Defendo a reestruturação do sistema nos bairros, com atendimento especializado. Em conjunto, fortalecer o programa das clínicas da família é valorizar os servidores, que estão sendo verdadeiros heróis no combate ao coronavírus, mesmo com todos os contratempos do Crivella.

Toninho Albuquerque (Divulgação)

Prestes Filho: No campo da Educação existem resultados positivos nos últimos anos?

Toninho Albuquerque: O retrocesso é flagrante. Faltam vagas em todo o sistema fundamental, investimentos em infraestrutura e médias para valorização dos servidores. Defendo que o ensino integral seja uma política de Estado, e não de governo. Os CIEPs de Brizola mostraram como gerações puderam progredir a partir de um ensino público de qualidade que pensava plenamente no desenvolvimento das crianças e jovens. Lutarei para que essa memória volte a ser realidade.

Prestes Filho: Hoje os gestores públicos realizam programas para a Melhor Idade; para a Mulher; para os afrodescendentes, indígenas e outras etnias; LGBTs. Temos que melhorar as políticas públicas nestas áreas?

Toninho Albuquerque: As políticas de assistência e inclusão devem ser priorizadas a partir de uma visão humanista. Garantir direitos não é favor, mas um dever do gestor público. Em tempos reacionários, devemos combater retrocessos com a oferta de suporte, espaço, visibilidade e respeito para cada cidadão. Respeito é uma bandeira prioritária no meu mandato.

Toninho Albuquerque no 3o Congresso Ordinário da UGT do Estado do RJ 

Prestes Filho: O Esporte ocupa um espaço estruturante na prefeitura hoje? A juventude poderia ser mais beneficiada

Toninho Albuquerque: O esporte foi tratado como ferramenta de visibilidade política e má aplicação dos recursos. Ficou provado que não existe, até hoje, um projeto onde o esporte seja usado como ferramenta de transformação social. Com a retomada do ensino integral, vou lutar para que o esporte volte a ser usado como medida de progresso físico e intelectual para as novas gerações de cariocas. É a cidadania em sua plenitude.

Prestes Filho: A parceria com a iniciativa privada é prioridade?

Toninho Albuquerque: Capital e trabalho devem andar unidos. Assim, efetiva-se o progresso consistente de uma cidade, de um Estado e de uma nação. As parcerias são importantes, porém o que devem ser combatido são os interesses muito pouco republicanos. Comigo, a prioridade é o interesse do povo. A consequência disso será observada naturalmente no desenvolvimento econômico.

Toninho Albuquerque durante as obras do Museu do Amanhã (Divulgação)

Prestes Filho: Como vê o tratamento dado pela atual gestão municipal para a imprensa. Inclusive, negar o acesso a empresas como a TV Globo a próprios públicos e a informações.

Toninho Albuquerque: Os “guardiões do Crivella” traduzem a lastimável situação de uma gestão inescrupulosa. A comunicação deve ser tratada como ferramenta de transparência e relacionamento com o cidadão. Informações devem ser prestadas, pois é dever do servidor público. Com a total falta de respeito e profissionalismo, surgiu uma guerra com a imprensa, onde a imagem da cidade acaba sendo cada vez mais arranhada. Vamos restabelecer os princípios da gestão eficiente e correta, como exige o cidadão, para recolocar o Rio no rumo certo.

Prestes Filho: Sua família sempre teve tradição na política? Conte sobre seu pai e sua mãe, sobre sua família.

Toninho Albuquerque: Nasci em Manhumirim, no interior de Minas Gerais, e estou há mais de 50 anos no Rio, cidade que me acolheu e formei minha família. Com nove irmãos, aprendi com meu pai a ser um empreendedor. Batalhamos do zero para construir um legado honesto é compatível para atender aos filhos e netos. Assim, evoluímos sem deixar de ajudar a causa pública. Como princípio, a responsabilidade social sempre foi uma forma de contribuir com o próximo. São valores que aprendi com meus pais e fico satisfeito de sendo replicados nos meus filhos e netos.

Prestes Filho: Como você iniciou na política? Como você vê o seu futuro?

Toninho Albuquerque: Iniciei, na década de 80, como forma de contribuição. Ao lado de Leonel Brizola, sempre busquei oferecer a experiência empreendedora como incentivo para o progresso democrático da nossa cidade. Como ex-superintendente do Ministério do Trabalho, sinto orgulho de ter contribuído com a efetivação do pleno emprego. E sei que será possível retomar esses índices com um mandato atuante na Câmara do Rio.

Martha Rocha e Toninho Albuquerque

Prestes Filho: Você entende que o instituto constitucional das eleições é a base da democracia?

Toninho Albuquerque: O princípio democrático é a base para um país mais justo e igual. E a política, a partir dos partidos, representa o caminho para construção e implementação desses ideias. Por isso, a política deve ser fortalecida a partir do voto consciente. O Rio precisa ser renovado para colocar nas cadeiras do legislativo e executivo representantes comprometidos com a causa pública, não com interesses pessoais.


LUIZ CARLOS PRESTES FILHO – Cineasta, formado na antiga União Soviética. Especialista em Economia da Cultura e Desenvolvimento Econômico Local, diretor executivo do jornal Tribuna da Imprensa Livre. Coordenou estudos sobre a contribuição da Cultura para o PIB do Estado do Rio de Janeiro (2002) e sobre as cadeias produtivas da Economia da Música (2005) e do Carnaval (2009). É autor do livro “O Maior Espetáculo da Terra – 30 anos do Sambódromo” (2015).