Por Miranda Sá –
“Não há nada mais servil, desprezível, covarde e tacanho que um terrorista” (Visconde de Chateaubriand)
Sempre gosto de dizer que as palavras nascem, evoluem, vivem intensamente, adoecem, às vezes se curam e voltam à vida, ou são enterradas mortas…. Vou quase sempre em busca das palavras que gosto na UTI da Gramática.
Ao pensar no substantivo masculino “Terrorismo”, descobre-se que é um galicismo nascido na Revolução Francesa, “Terrorisme” (do latim terror, terroris, “terror, espanto”), empregado em acusação ao líder dos jacobinos, Maximilien de Robespierre, que defendeu a revolução continuada e permanente, implantando o Reino do Terror (1793-1794).
Como verbete dicionarizado, significa uso de violência, física ou psicológica, como meio de repressão; foi empregada pela primeira vez em 1794 como indicativo da doutrina dos partidários do Terror, isto é, dos seguidores de Robespierre.
A palavra foi recolhida mais tarde e usada pelos anarquistas na estratégia conhecida como “Ação Direta” que pregava o atentado a prédios públicos e assassinatos de personalidades do poder.
Condenada pela opinião pública a atividade anarquista da “propaganda pelo fato” foi abandonada, ressurgindo como “Sabotagem” no anarco-sindicalismo usada em operações grevistas levadas ao extremo, com os radicais jogando tamancos (sabot) nas máquinas industriais para quebra-las.
A palavra Sabotagem que está na UTI da Gramática, teve os seus momentos de glória na 2ª Guerra Mundial, praticada pelas organizações da resistência dos povos em países ocupados pelos nazistas. Foram notáveis os atos de destruição de trilhos ferroviários na França e na Iugoslávia, e a destruição de comboios logísticos alemães pelos russos na retaguarda do invasor hitlerista.
O Terrorismo, ressurgiu também na 2ª Grande Guerra com a visão sociológica nascida do estudo das ditaduras nazifascistas, vendo-as como “um sistema governamental que se impõe por meio do terror, sem respeito aos direitos e às regalias dos cidadãos”.
… E nos meados do século passado, o Terrorismo recrudesceu violento, radical e sistemático, adotado por organizações extremistas, como os separatistas bascos na Espanha, curdos na Turquia e no Iraque, mulçumanos na Caxemira e organizações racistas nos EUA.
Criou até escolas no Oriente Médio e na África; e, posteriormente, se espalhou pelo mundo afora, atingindo o pico com Osama Bin Laden e o atentado de 11 de setembro em Nova York. Assim, tornou-se o inimigo nº 1 da humanidade.
Não é de hoje que cito nos meus escritos o cronista e romancista ítalo-argentino, Pittigrilli, que muito contribuiu para a leitura apaixonada da minha juventude, e numa das suas crônicas encontrei a mais emocionante condenação do terrorismo que conheço.
Narra Pittigrilli: – “Numa família proletária, uma mãe chamou um médico para atender o filho muito doente e o doutor diagnosticou: difteria; e se apressa a fazer uma laringotomia para salvar a criança. Quando inicia o procedimento, ocorre uma perda de energia e as luzes se apagam. Passa o tempo e o menino morre. Nisto, entra afobado o pai, militante extremista, e diz à esposa que atirou uma bomba na usina elétrica e deixou a cidade às escuras. – “Sei”, replica a mulher, “mas ao fazer o que os teus chefes mandaram, assassinaste o teu filho”.
A inconsciência na prática de um mal em nome de um partido, de uma ideologia ou em obediência aos líderes, fica retratada nesta historieta. Espero que as pessoas que tomam conhecimento dela, pensem bastante sobre isto.
O crime não é uma enfermidade como ensinava Cesare Lombroso, veementemente criticado pelo respeitado professor Hélio Gomes numa aula de Medicina Legal que assisti.
Mas os terraplanistas, aliados a conhecidos corruptos, pregam uma volta ao passado tenebroso da ignorância e do fanatismo, ressuscitando Lombroso ao defender a imunidade de “doentios” criminosos com a panaceia do “foro privilegiado”.
Diante disto, defendo que lutemos para evitar que o Brasil se transforme num hospital manicomial onde circulem impunes autores de atentados terroristas, sejam materiais ou psicológicos…
MIRANDA SÁ – Jornalista, blogueiro e colunista do jornal Tribuna da Imprensa Livre. Trabalhou em alguns dos principais veículos de comunicação do país como a Editora Abril, as Organizações Globo e o Jornal Correio da Manhã. Recebeu dezenas de prêmios em função da sua atividade na imprensa, como o Esso e o Profissionais do Ano, da Rede Globo.
MAZOLA
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