Redação

Tarcísio Freitas viveu ao longo desta semana seu momento mais tenso no governo. Até então queridinho de bolsonaristas e apontado como pragmático na entrega de resultados até por quem não simpatiza com o presidente, o ministro da Infraestrutura virou alvo das redes ao se ver envolvido em um pepino da seara ideológica, na qual a tecnicidade tem pouca serventia.

De mãos atadas, Tarcísio foi alvejado pelo fogo amigo dos irmãos caminhoneiros bolsonaristas numa crise em que, para integrantes do governo, só era possível “enxugar gelo”. Foi o preço por ter subido no palanque incendiário de Bolsonaro na Av. Paulista.

O CASO DO ÁUDIO – A avaliação no Planalto é de que o clima pesou sobretudo diante do desencontro de versões sobre o áudio de Bolsonaro pedindo o fim da greve.

Enquanto Tarcísio aparecia em vídeo confirmando a autenticidade do áudio, o deputado aliado Otoni de Paula (PSC-RJ) afirmava a caminhoneiros que era falso. O ministro se sentiu contrariado.

Nas redes, bolsonaristas ficaram sem norte por horas: replicar a fala do deputado seria contrariar o presidente e o ministro; endossar o discurso de Bolsonaro seria contrariar os caminhoneiros, que pediam o mesmo que as ruas na terça, 7.

PAUTAS ESTRANHAS – A principal dificuldade foi a difusão de pautas dos caminhoneiros. Muitas delas, aliás, não exatamente relacionadas às questões das estradas, como a “denúncia” da tal “ditadura do STF”. Nada disso aconteceu em 2018.

A falta de materialidade na demanda dos caminhoneiros fez o governo correr para se prevenir em mais frentes enquanto Tarcísio tentava driblar os problemas. O chamado a Temer foi uma delas, mas não só.

O Ministério da Justiça chegou a notificar representantes de distribuidores e revendedores de combustíveis sobre possíveis práticas abusivas e risco de desabastecimento nos postos durante a paralisação. Membros do Sistema Nacional de Defesa do Consumidor receberam documento com orientações sobre como proceder com alta nos preços sem justa causa.

Fonte: Estadão


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