Por Miranda Sá –
“Existe uma certa superstição em evitar a superstição” (Francis Bacon)
A pouco, quando estivemos eu e minha mulher na Argentina levamos o nosso neto Heitor para visitar a Republica de Los Niños em La Plata; ao regressar para Buenos Aires pensamos em fazer a travessia do Rio da Prata até a Colônia de Sacramento, no Uruguai.
No dia aprazado, desci para o desjejum e pensei no elevador que não devíamos fazer o passeio. Enfrentei resistências dos meus, mas insisti em adiar nossa ida para o dia seguinte. Não deu outra; houve problemas com uma das lanchas, que ficou à deriva algumas horas.
Como eu, muita gente vê sinais em sonhos e pensamentos, mas há também quem não creia em superstições…, entretanto, ao longo da vida encontrei gente que beijava um naco de pão antes de se desfazer dele, quem jamais acenderia três velas num altar com o mesmo fósforo, e tive uma prima que só aceitou casar-se se fosse no mês de maio…
Conta-se o caso de um deão da Igreja anglicana que protestou quando Winston Churchill adotou aquele gesto do “V” da vitória com os dois dedos da mão, declarando que o Ministro estava figurando os chifres do diabo…, no entanto, a mímica ganhou o mundo principalmente como aceno político.
A numerologia cabalística considerada por alguns até como uma ciência, é usada para prever a vida pela data do nascimento, para avaliar número de letras do nome, para prever negócios e até para ter indícios de uma posição política. Entre os métodos adivinhatórios este é o maior nascedouro de superstições.
Acho que não se deve banalizar a superstição, mas não esquecer o genial Shakespeare que se expressou pela boca de Hamlet falando a Horácio: – “Há mais coisas entre o céu e a terra do que pode imaginar nossa vã filosofia…”.
Temos conhecimento de inúmeros casos onde a superstição é surpreendida pelo acaso. Meu pai contava a história de um seu colega que pegou um avião do Rio para Recife, naquele pinga-pinga que parava até em Canavieiras. Antes de aterrissar em Vitória foi tomado de pânico, e da capital capixaba foi ao Correio passando um telegrama para a esposa dizendo que não estaria no voo tal. Mas ao sair do prédio, foi atropelado e morto em via pública.
A minha avó Quininha não permitia que ninguém deixasse um chinelo com o lado de calçar para baixo, dizendo que dava azar. Quando crianças com medo do que poderia acontecer obedecíamos. Mais tarde, já rapazote, perguntei a vovó de onde ela tirou a história dos chinelos, e ela me disse que era para nos ensinar a nos precaver de um escorpião que poderia adentrar no calçado…
Não é para sacanear não, mas ouvi um tio velho dizer que não acreditava num partido de número “13” portador de coisas más. – “No mínimo”, dizia, “vai trazer de volta um regime como o de Hitler ou de Stálin”. Seria uma profecia se tivesse acrescentado que além do totalitarismo traria também a corrupção…
Cristãos ortodoxos encontram na Bíblia o capítulo 13 do livro do Apocalipse que faz explícita referência ao anticristo e à besta.
Nada mais romântico do que a superstição contida num provérbio turco com a história de um poeta debruçado sobre um poço, que viu a Lua refletida na água; supersticioso, preparou uma corda com gancho para pescá-la. Na tentativa, o gancho ficou preso numa pedra, obrigando-o a um grande esforço para puxá-la e ela se rompeu; e ele caiu de costas com a cara para o céu, onde viu a lua.
Com a imaginação inspirada de sonhador disse: – “Que Alá seja louvado! Pus a Lua de novo entre os astros do firmamento! …
MAZOLA
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