Por Pedro do Coutto –
Numa entrevista a Alice Cravo, O Globo, e também a Júlia Chaib, Folha de S. Paulo, em edições deste domingo, o senador Flávio Bolsonaro afirmou que o ex-presidente da República não tem prazo para retornar ao Brasil, deixando no ar que tanto poderá voltar amanhã, daqui a seis meses ou não voltar nunca. Flávio Bolsonaro rebateu as afirmações de Valdemar Costa Neto dizendo que não recebeu nenhum projeto de decreto visando um golpe de Estado conforme o presidente do PL revelou.
As declarações de Flávio Bolsonaro têm nitidamente como objetivo ganhar tempo, pensando que a distância poderá blindar Jair Bolsonaro das inevitáveis perguntas que lhe serão feitas pelo Supremo Tribunal Federal que acolheu representação de Augusto Aras, procurador-geral da República, incluindo o antecessor de Lula da Silva no inquérito sobre o desencadeamento de atos antidemocráticos, tendo como objetivo subverter o resultado das urnas de outubro.
DESTRUIÇÃO – Não será por aí que o ex-presidente Bolsonaro poderá escapar de responder a perguntas que o incomodam, principalmente depois do fracasso da fúria que, como seus próprios vândalos filmaram, destruíram acervos do Palácio do Planalto, do STF e do Congresso. Por uma dessas coincidências, separando encontros de desencontros, na Folha de S. Paulo de ontem está publicada em página inteira uma entrevista do senador Rodrigo Pacheco, presidente do Congresso, a Renato Machado e Thaís Oliveira, na qual afirmou que “Bolsonaro foi incapaz de conter o extremismo de seu movimento político”.
Destacou que o papel do presidente do Congresso não pode ser nem o de base do governo ou do líder da oposição. Sem dúvida, como os fatos comprovam, Pacheco agiu com equilíbrio que colidiu com o estilo e os propósitos do governo que terminou em 31 de dezembro. Tanto assim, que os bolsonaristas no Senado lançaram a candidatura de Rogério Marinho contra a de Pacheco, que tenta a reeleição em 1º de fevereiro. Se agir com cautela contrariou o bolsonarismo é porque logicamente o bolsonarismo não desejava o equilíbrio institucional.
SOLICITAÇÃO – Relativamente à permanência de Bolsonaro nos Estados Unidos, já foi objeto de uma solicitação sua pedindo ao governo Biden a prorrogação de seu visto concedido na qualidade de ex-presidente da República. Dependendo do resultado da solicitação, Bolsonaro pode pedir o visto de turista. Mas a sua permanência na Flórida dependerá de como a situação será interpretada pela Casa Branca.
É possível, inclusive, que o Supremo Tribunal Federal deseje que ele preste depoimento ao ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito, e que atendeu ao requerimento de Augusto Aras. O PGR, embora seja o mesmo do governo passado, tem visões e pensamentos críticos diferentes do próprio personagem que o antecedeu no cargo.
GOLPES – Pâmela Dias e Thaís Codeco, Folha de S. Paulo, publicaram na edição de ontem extensa reportagem sobre os golpes praticados em contratos para a realização de festas de formatura. Eles estão se sucedendo, inclusive através da internet, numa escala que impressiona pela sua repetição. Viram casos policiais, acentua a matéria.
As repórteres relacionam pontos importantes capazes de evitar os roubos sucessivos praticados tanto por pessoas encarregadas pelo pagamento, quanto por falsas empresas que se responsabilizaram pela realização das festas que em seguida sumiram do mapa. Aliás, digo, em matéria de fraudes nunca os fatos foram tão numerosos em sequência.
PEDRO DO COUTTO é jornalista.
Enviado por André Cardoso – Rio de Janeiro (RJ). Envie seu texto para mazola@tribunadaimprensalivre.com ou siro.darlan@tribunadaimprensalivre.com
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