Por Wladmir Coelho –
1 – O avanço do COVID-19 revelou práticas curiosas dos diferentes governantes amparadas estas em discursos de base ideológica inicialmente negando a existência de um perigo à saúde pública substituído, diante dos fatos, por fantasias conspiratórias sempre apontando o governo chinês como interessado em promover uma crise econômica mundial e desta dominar o planeta.
2 – Nos Estados Unidos, por exemplo, mr. Trump revelou seu descaso ao efetivo controle do COVID-19 nomeando o vice-presidente Mike Pence como coordenador das medidas de combate ao “vírus chinês” e aqui devemos recordar o seguinte: mr. Pence é conhecido por sua indisposição com a ciência a ponto de negar, quando governador de Indiana, o financiamento oficial para campanha de prevenção e apoio aos contaminados por HIV resultando no aumento de casos naquele Estado.
3 – A lógica de nomear um fundamentalista religioso para coordenar o programa de combate e controle do COVID-19 obedece a prática cruel de um capitalismo em crise, ou seja, jogar a responsabilidade da tragédia para um inimigo externo e depois culpar a pequenez da ciência apontando práticas supersticiosas como única forma de cura, para os pobres naturalmente, na tentativa de amenizar as reações – reações estas observadas na Europa e EUA – de desempregados, famintos e doentes diante do descaso com a saúde pública.
4 – Neste ponto torna-se necessário entender as condições econômicas dos trabalhadores estadunidenses somada esta informação a inexistência, naquele país, de uma política de saúde pública vinculada ao princípio da universalidade em oposição ao modelo amparado exclusivamente no atendimento privado.
5 – O quadro estadunidense – com relação ao tipo de emprego predominante nos Estados Unidos – não é dos melhores apresentando atualmente 44% de seus trabalhadores em empregos precários com baixos salários e quando o assunto é saúde 30 milhões de pessoas não possuem nenhuma cobertura existindo ainda 27 milhões atendidos de forma improvisada.
6 – Em recente pesquisa do Harvard Global Health Institute – veja bem uma pesquisa de Harvard a Meca dos projetos neoliberais – apontou a incapacidade da sede do império em atender os projetados 50 milhões de casos de contaminação através do coronavírus – estimativa mais branda – existindo a necessidade de ampliação do número de leitos entre 25% e 50%.
7 – Enquanto isso mr. Trump inicia uma série de ataques contra os chineses transformando um assunto de saúde pública em guerra ignorando solenemente a proliferação dos casos preferindo desprezar as orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS) optando pela apresentação de atos midiáticos como a recente oferta de US$ 1 bilhão a pesquisadores alemães em troca da exclusividade de uma vacina ainda em fase de desenvolvimento criando na população a ilusão de uma cura imediata a caminho sem falar no aprofundamento do isolacionismo no momento de necessária colaboração entre os diferentes países.
8 – Para completar o quadro os Estados Unidos insistem em não oferecer exames a partir do mapeamento dos contatos das pessoas contaminadas – prática recomendada pela OMS considerando as experiências da China e Coréia do Sul – e mesmo a determinação de quarentena guarda restrições a garantia da manutenção das condições básicas de sobrevivência incluindo a alimentação dos trabalhadores.
9 – O alardeado projeto de apoio financeiro através de licença médica, anunciado por mr. Trump, exclui os trabalhadores autônomos e aqueles empregados de pequenas e médias empresas totalizando 60 milhões de pessoas desprotegidas e mesmo aqueles com direito a proteção possuem no máximo uma cobertura por duas semanas.
10 – O governo dos Estados Unidos havia prometido uma cobertura de 10 semanas, diga-se de passagem este foi o tempo aprovado no Congresso, ocorre que um acordo secreto entre republicanos e democratas, com aval da Secretaria do Tesouro, “corrigiu” este prazo revelando o quanto o modelo político estadunidense encontra-se ideologicamente identificado em defesa da maior exploração possível do trabalhador.
11 – A necessidade de conter o COVID -19 encontra no discurso ideológico, como podemos observar, o seu maior entrave verificando-se de forma cristalina a intenção dos governos em proteger os ricos em detrimento dos trabalhadores existindo para comprovação desta afirmativa fartas informações disponíveis nos meios de comunicação e apresentam-se desde a intenção dos governantes ingleses em facilitar a contaminação do maior número possível de súditos de sua majestade, passando pelo abandono dos velhos italianos a própria sorte e mesmo a continuidade do trabalho nas empresas automobilísticas sem a necessária oferta das condições de proteção somadas a campanha de desinformação organizadas e difundidas a partir de governantes irresponsáveis alguns, inclusive, com suspeita de encontrarem-se contaminados e mesmo assim aparecendo em público distribuindo coronavírus aos seus eleitores.
12 – Diante deste quadro a OMS divulgou um relatório com os resultados das ações do governo chinês e deste elaborou uma série de orientações aos diferentes países a partir dos estudos realizados.
13 – O relatório da missão conjunta OMS e governo chinês destaca esforço possivelmente o mais “ambicioso, ágil e agressivo de contenção de doenças verificado na história” desenvolvido a partir de ações coordenadas diretamente pelo chefe de governo.
14 – O relatório detalha a transformação do combate ao COVID-19 em prioridade absoluta do governo chinês possibilitando esta medida oficial a transferência de recursos humanos e financeiros de outras províncias, notadamente para Wuhan, atingidas, naquele momento, pelo surto.
15 – O documento conjunto apresenta ainda o cuidado oferecido ao monitoramento dos produtos exportados revelando a contribuição e preocupação dos chineses em reduzir ao máximo a contaminação em áreas ainda não afetadas.
16 – Elaborado em fevereiro deste ano o relatório conjunto apresentou uma previsão assustadora diante da expansão do COVID-19: “grande parte da comunidade global ainda não está pronta, mental e materialmente, para implementar as medidas que foram empregadas para conter o COVID-19 na China.”
17 – A OMS não informa, mas o despreparo mental e material da humanidade encontra-se na contradição entre a prática do capital em manter seus métodos cruéis em busca do maior lucro possível e a necessidade de sobrevivência de todos nós.
WLADMIR COELHO – Professor do Instituto de Educação de Minas Gerais – IEMG, superintendente de juventude da SEE-MG, editor do blog Política Econômica do Petróleo e colunista do jornal Tribuna da Imprensa Livre.
MAZOLA
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