Por Pedro do Coutto –
O fracassado recurso do PL apresentado ao Tribunal Superior Eleitoral pelo presidente da legenda, Valdemar da Costa Neto, é um completo absurdo sem qualquer base na realidade dos fatos e sinaliza que a corrente golpista voltada para violar a Constituição do país pretende, a exemplo do que ocorreu nos Estados Unidos no episódio da invasão do Capitólio, tumultuar a diplomação de Lula da Silva marcada para 19 de dezembro, doze dias antes de sua posse na Presidência da República.
É a única explicação política possível diante de tão gigantesca acusação fantasiosa. O objetivo declarado é suspender a contagem dos votos em milhares de urnas do país. Reportagens excelentes de Marcelo Rocha e Renata Galf, Folha de S. Paulo, e de Mariana Muniz, Jussara Soares e Daniel Gullino, no O Globo, edições desta quarta-feira, destacam de forma ampla a subversão que se oculta, mas também se apresenta, junto com a iniciativa de ataques às instituições brasileiras e à própria Constituição do país.
OBJETIVOS – A iniciativa do presidente do PL só tem dois objetivos: o de atender ao presidente Jair Bolsonaro e inventar uma base, embora falsa, para alimentar o movimento de setores radicais da direita que atacando a sociedade brasileira vão para as portas de quartéis pedir um golpe militar contra o regime democrático. Querem assim se apoiar nas Forças Armadas para manterem-se no poder. Alguns empresários sustentam os movimentos, financiando-os, e com isso praticando um crime contra a lei eleitoral.
Como a diplomação antecede a posse no Planalto, e a exemplo do que aconteceu em Washington em janeiro de 2021, o propósito é tentar tumultuar o ato. Em Washington, as correntes do ex-presidente Donald Trump não tiveram êxito, mas causaram a morte de cinco pessoas. As autoridades brasileiras, incluindo as Forças Armadas, devem condenar previamente qualquer tentativa de subversão.
PEC DO ORÇAMENTO – Há articulações que o PT está desenvolvendo no Senado para viabilizar a emenda constitucional do orçamento – reportagem de Thiago Resende, Taísa Oliveira, Daniel Brand e Cátia Seabra, Folha de S. Paulo, focaliza nitidamente o assunto que, no fundo, pode causar um reflexo de distensão que não interessa aos extremistas da direita.
Isso porque os partidos que formam o Centrão não se declaram de oposição ao governo que ainda não começou. O fechamento do sistema democrático e o retorno ao Ato Institucional de dezembro de 1968, é claro, não podem interessar à classe política.
PEDRO DO COUTTO é jornalista.
Enviado por André Cardoso – Rio de Janeiro (RJ). Envie seu texto para mazola@tribunadaimprensalivre.com ou siro.darlan@tribunadaimprensalivre.com
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