Redação –
A criação do Ministério das Comunicações –a partir do desmembramento do MCTIC (Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações) por meio da Medida Provisória nº 980– tem como pano de fundo o leilão da tecnologia 5G e as privatizações dos Correios, da Telebras e da EBC (Empresa Brasileira de Comunicação).
A pasta recriada pelo governo do presidente Jair Bolsonaro terá de intermediar a disputa entre Estados Unidos e China, ambos de olho no mercado brasileiro. Cerca de 30% da tecnologia de telefonia no Brasil já é da China. Por outro lado, o presidente dos EUA, Donald Trump, é próximo do presidente brasileiro.
A nova estrutura ministerial deve abrigar 3 secretarias. Uma delas destinada à radiodifusão. Outra, às telecomunicações. Uma 3ª, à propaganda/comunicação institucional –função que era exercida pela Secom (Secretaria Especial de Comunicação Social), subordinada à Secretaria de Governo, do ministro Luiz Eduardo Ramos.
O secretário especial de Comunicação, Fabio Wajngarten, será secretário-executivo do novo ministério. Deve ser nomeado outro servidor de sua confiança para comandar a secretaria destinada à propaganda/comunicação governamental. Ou Wajngarten acumulará funções, o que não é provável.
O secretário de Radiodifusão Wilson Wellish foi nomeado em 22 de maio. Ele tem bom trânsito no setor e deve ser mantido. A mudança deixou as pessoas da área surpresas, mas já foi feita visando a recriação da pasta de Comunicações.
RECRIAÇÃO CONSTRUÍDA AOS POUCOS
A recriação do Ministério das Comunicações ainda atende aos interesses do PSD, partido do Centrão –grupo de siglas mais alinhadas por interesses em cargos do que por posicionamentos ideológicos em comum. O ministro será Fábio Faria, que era deputado federal pelo PSD no Rio Grande do Norte. Ele é genro do dono do SBT, Silvio Santos; e também é próximo de Bolsonaro, sendo ainda, portanto, da “cota pessoal” do presidente.
O presidente do PSD, Gilberto Kassab, foi ministro das Comunicações no governo do ex-presidente Michel Temer (MDB). A recriação da pasta é uma volta dentro da própria política. O ministério deixou de existir e, agora, é recriado numa lógica de privatizações e disputa pelo 5G.
Há ainda o interesse em concessões de outorgas para o setor de telecomunicações e radiodifusão. Bolsonaro foi cobrado numa videoconferência com lideranças católicas no dia 21 de maio.
“É preciso 1 agilizar das transferências de outorgas. Particularmente, tem ali na Casa Civil alguns processos. Processo de digitalização que toda radiodifusão está precisando das rádios AM. E nós temos muitas rádios AM”, disse o padre Reginaldo Manzotti, da TV Evangelizar.
Manzotti também pediu “maior acesso ao Ministério de Comunicações e à Anatel”.
O presidente da Rede Vida, João Monteiro de Barros Neto, disse que Bolsonaro é uma “grande esperança” para veículos de comunicação da Igreja Católica, porque eles têm “a missão de fazer uma programação ética, uma programação de verdade, uma programação que valoriza a família”.
“Presidente, 1 dos grandes atos do governo do senhor na nossa área de comunicação foi ter editado, no mês de abril, a possibilidade dos veículos de comunicação de televisão fazerem multiprogramação. Assim como a TV pública pode fazer uso do canal 1, 2 e 3, agora, nós emissoras comerciais, também podemos fazer”, comentou Neto naquela ocasião.
O padre Welinton Silva, da TV Pai Eterno, disse sentir “necessidade” de maior “proximidade” com a Secom (agora extinta para ser alocada num Ministério das Comunicações).
“Presidente, como veículo de comunicação católico, nós sentimos a necessidade de criarmos uma proximidade maior com a Secretaria de Comunicação da Presidência da República para que possamos estar unidos numa pauta mais positiva das ações do governo em atenção às necessidades da Igreja Católica”, afirmou.
Welinton Silva disse que a “realidade” dos veículos de comunicação católicos é “muito difícil e desafiante“. Isso porque, segundo ele, trabalham com “pequenas doações e baixa comercialização“.
“Dentro dessa dificuldade, estamos aí precisando mesmo de 1 apoio maior por parte do governo para que possamos continuar comunicando a boa notícia e também levando ao conhecimento da população –que é a ampla maioria desse país, que é a população católica– aquilo que de bom o governo pode estar realizando e fazendo pelo nosso povo”, disse.
O encontro com as lideranças católicas foi coordenado pelo deputado Major Vitor Hugo (PSL-GO), líder do governo na Câmara, e também teve participação do deputado Francisco Júnior (PSD-GO), do mesmo partido do novo ministro das Comunicações e de Gilberto Kassab.
“Tem 1 bispo goiano que costuma falar assim: que as minorias elas devem sempre ser ouvidas, mas nunca podemos esquecer a maioria. E nós, católicos, somos a maioria. Ele brinca assim: É é a maioria que ganha eleição sempre’”, disse Júnior.
Dentro da lógica de recriação do Ministério das Comunicações ainda estão diversas ameaças do presidente Jair Bolsonaro a não renovar a concessão da TV Globo.
Também houve reunião no dia 2 de junho, no Palácio do Planalto, entre o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), o vice-presidente Hamilton Mourão e o presidente da Anatel. O filho 03 do presidente Jair Bolsonaro, no entanto, disse que a pauta se referia à “conectividade na Amazônia“.
Fonte: Poder360
MAZOLA
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