Redação

A extensão da crise causada pela pandemia do novo coronavírus levou um número maior de empreendedores a buscar empréstimo para manter o negócio. Pesquisa do Sebrae com a Fundação Getúlio Vargas mostra que cresceu em 8% o número de empresários que buscaram crédito entre 7 de abril e 5 de maio. Apesar da maior procura, só 14% das pequenas empresas que solicitaram crédito tiveram sucesso. 58% dos negócios tiveram o pedido negado pelas instituições financeiras e 28% ainda aguardam uma resposta. A pesquisa foi realizada entre 30 de abril e 5 de maio e ouviu 10.384 micro e pequenas empresas e microempreendedores individuais (MEI) de todo o país.

O levantamento do Sebrae indica uma tendência de que os pequenos negócios evitam buscar crédito no mercado. Mesmo com quase 90% das empresas do segmento terem tido uma queda no faturamento, a maioria dos empresários (62%) não solicitou um empréstimo desde que a crise começou em março.

Carlos Melles, presidente do Sebrae, atribui esse comportamento de evitar tomar empréstimos às taxas de juros altas praticadas pelos bancos, ao excesso de burocracia no processo de análise de crédito e à falta de garantias reais por parte das pequenas empresas. Para tentar ajudar o setor, o Sebrae tenta ampliar o volume de instituições parceiras no crédito concedido com garantias do Fundo de Aval às Micro e Pequenas Empresas (Fampe) da instituição.

Hoje, 12 organizações podem operar a linha em parceria com o fundo. Só com a Caixa Econômica Federal, em pouco mais de 15 dias de operação, foram concedidos 291 milhões de reais em crédito para pequenos negócios em mais 3.376 operações.

Entre as pequenas empresas que buscaram crédito, 88% procuraram uma instituição bancária. Os mais demandados, desde que a crise do coronavírus começou, foram os bancos públicos (63%), seguidos dos bancos privados (57%) e das cooperativas de crédito (10%). Analisando a taxa de sucesso dos pedidos, as proporções se invertem. As cooperativas lideram na concessão de empréstimos (31%), depois aparecem os bancos privados (12%) e os bancos públicos (9%).

Impactos da crise nas pequenas empresas

A pesquisa do Sebrae mostra quase todos os pequenos negócios foram afetados pela pandemia. Com o isolamento recomendado, 44% dessas empresas interromperam a operação, pois dependem do fluxo de pessoas. Outros 32% seguem operando com ferramentas digitais e 12% continuam trabalhando mesmo sem acesso a uma infraestrutura tecnológica. Apenas 11% conseguiram manter a operação sem alterações.

A maioria das pequenas empresas, quase 90%, apontou uma queda no faturamento mensal. Na média, a receita foi 60% menor do que no período pré-crise. O resultado, ainda que negativo, é melhor que o identificado nas pesquisas de março e abril, quando a queda havia sido de, respectivamente, 64% e 69%.

Os setores mais afetados foram Economia Criativa, com queda média de 77%, Turismo (-75%) e Academias de Ginástica (-72%). Os que tiveram menor diminuição no faturamento foram Pet Shops e Serviços Veterinárias (-35%), Agronegócio (-43%) e Oficinas e Peças Automotivas (-48%).

Ao todo, 12% dos pequenos negócios ouvidos pela pesquisa relataram terem demitido funcionários nos últimos 30 dias por causa da crise. 29% das empresas optaram por suspender o contrato dos empregados, enquanto outros 23% deram férias coletivas, 18% reduziram a jornada de trabalho com redução de salários e 8% reduziram os salários com complemento do seguro-desemprego.

Para tentar sobreviver ao período, 29% das pequenas empresas começaram a fazer vendas online, principalmente por meio das redes sociais. 12% dos entrevistados disseram que começaram a gerenciar as contas do negócio por meios de aplicativos e 8% informaram que estão usando serviços de entrega por aplicativo para realizar vendas online.


Fonte: Exame.com