Redação

O suplemento Fim de Semana, do jornal Valor Econômico, publica reportagem de oito páginas sobre os impactos da pandemia no novo coronavírus no mundo do trabalho e nas condições do emprego. Assinada por Amália Sfatle, a reportagem se apoia em dados da OIT, Banco Mundial, FMI, Dieese e também em avaliações de analistas.

O que a matéria mostra, e não deixa de ser chocante, é a dimensão do estrago. A Organização Internacional do Trabalho alerta que o impacto da pandemia no mundo do trabalho afeta 2,7 bilhões de trabalhadores ou 81% da força de trabalho mundial. “Desse total, 1,25 bilhão de pessoas pertencem a  setores que enfrentam declínio severo na produção e alto risco de desligamento”.

Brasil – O Dieese, no cenário mais pessimista, estima que o número de desocupados  pode subir em 4,4 milhões. Na melhor das hipóteses traçadas, restarão 1,1 milhão de desempregados. Já a Fundação Getúlio Vargas projeta desemprego de 17,8% ainda este ano.

As perspectivas, sob todos os ângulos, são dramáticas. Estudo do Banco Mundial alerta que “as relações entre empregador e empregado podem ser dissolvidas permanentemente devido ao choque. O capital humano do trabalho pode ser perdido”.

O estrago da recessão prolongada, duramente agravado pela pandemia, pode ser medida pelos pedidos de seguro-desemprego nos Estados Unidos. Em 21 de março, esses pedidos foram de 3,3 milhões, enquanto no auge da crise de 2009 eles ficaram em 665 mil. Os EUA contam hoje 26 milhões de novos desempregados.

Mágica – Os analistas mais atentos apontam aumento do trabalho à distância, das tarefas intermitentes e do home office. Mas o trabalho remoto não se aplica a diversas funções e fica mais restrito às chamadas funções cognitivas. Não há mágica, portanto. A desorganização tende a ser brutal.

Crise, desemprego, pandemia, tudo isso exige ações rápidas. Klaus Zimmermann, que preside a Global Labor Organization-GLO, receita socorro urgente. Ele diz: “O foco, neste momento, deve ser a compensação de perdas. Ou seja, entregar o que quer que seja necessário para todo mundo, além da estabilização do emprego”.

A recomendação de Zimmermann, vale observar, bate de frente com a resistência do governo brasileiro, que tentou empurrar um abono emergencial de apenas R$ 150,00 aos milhões de informais. Teve que engolir os R$ 600,00 aprovados pelo Congresso Nacional.

Economistas antes neoliberais e alinhados ao deus-mercado, agora, defendem gastos estatais e a impressão de moeda. Professor emérito da Federal do Rio de Janeiro, João Saboia afirma: “Dívida pública não se paga, se financia, desde que o setor privado esteja disposto a refinanciá-la”.

Nobel – O economista Christhoper Pissarides, Prêmio Nobel, dirige o Instituto do Futuro do Trabalho, critica o padrão neoliberal imposto. E recomenda: “A saúde e o bem-estar devem ser reconhecidos como o primeiro objetivo da economia. A Covid-19 revelou a verdade de que as medidas de saúde e bem-estar, e não o PIB, são os indicadores do sucesso”.

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Fonte: Agência Sindical