Por Karlos Holanda –
O conceito de beleza vem se alterando ao longo dos anos, e mesmo assim não é um senso comum, pois o que é ser belo para alguém, pode não ser para o outro.
E em busca dessa beleza, algumas pessoas são capazes de fazer qualquer coisa, até mesmo de se automedicarem, sem ter a mínima noção dos riscos que estão correndo.
Hoje falaremos sobre um hormônio que muitos homens procuram para definir seu corpo, a Testosterona. Infelizmente é muito comum, principalmente em academias, encontrarmos pessoas usando esse hormônio sem nenhuma indicação médica, e como se não bastasse, esses mesmos indivíduos, são capazes de “prescrevê-la” para outras pessoas, colocando em risco a vida de quem se propõe a usar.
A testosterona é um dos hormônios sexuais masculinos, também chamados de Andogênios, e é produzida pelas células de Leydig nos testículos. Ela é responsável pelas características que diferenciam o corpo masculino. Sua produção aumenta muito na puberdade, e começa a diminuir por volta dos 30 anos, acelerando ainda mais entre os 50 e 60 anos. É importante ressaltar que pessoas com doenças metabólicas como Diabetes Tipo 2 e Obesidade podem evoluir com baixa precoce dos níveis de Testosterona.
Para que seja indicada a reposição desse hormônio, é necessário que o paciente possua um quadro que chamamos de Hipogonadimo, caracterizado por baixos níveis de Testosterona, associados a alguns sinais e sintomas como aumento da gordura corporal, queda da libido, diminuição da massa muscular, fadiga, entre outros. O diagnóstico só será fechado nos casos em que duas dosagens de Testosterona realizadas em dias diferentes, indiquem níveis abaixo dos considerados normais.
Porém o objetivo desse artigo não é falar sobre as indicações de reposição hormonal no homem, até porque esse assunto gera muita discórdia no meio médico, nosso objetivo será mostrar ao leitor os riscos do uso dela como Anabolizante, algo sem nenhum tipo de comprovação científica.
A busca pelo “corpo perfeito” com músculos proeminentes, associados principalmente a potência sexual atrai muitos homens, que não pensam duas vezes e correm atrás das injeções milagrosas, porém seus riscos são muitos. Todo paciente que tem indicação de reposição hormonal deve passar por uma bateria de exames, capaz de excluir algumas doenças que contraindiquem o uso do hormônio, o que nesses casos é praticamente ignorado pelos que sonham em hipertrofiar.
Um dos riscos do uso indiscriminado da Testosterona é a dependência química, pois como o uso dela inibe a sua produção endógena (pelo corpo), quando o indivíduo para de usar, ele passa a ter deficiência dela, abrindo um quadro de Hipogonadismo, fazendo com que volte a fazer uso para minimizar os efeitos. Abaixo citarei alguns riscos associados ao uso da Testosterona com fins Anabolizantes.
– Insuficiência Cardíaca
– Falência Hepática
– Atrofia dos Testículos
– Ginecomastia (aumento das mamas)
– Infertilidade muitas vezes irreversível
– Aumento da Pressão Arterial
– Acidente Vascular Cerebral
– Infarto Agudo do Miocárdio
Por fim vale ressaltar que o uso da Testosterona como anabolizante, não vale a pena diante dos riscos que ela oferece a saúde de quem usa, além de estar completamente contraindicado pelo meio médicos. Porém existem outras formas de conquistar o seu “corpo ideal” sem prejudicar nosso bem maior que é nossa saúde, uma forma de alcançar isso, passa por uma alimentação adequada associada a prática de exercícios físicos resistidos com acompanhamento de um profissional de educação física.
Lembre-se que sua saúde é mais importante do que beleza e performance.
Dr. KARLOS GUDDE DE HOLANDA MOURA – Médico, titular desta “Tribuna da Saúde”, colunista do jornal Tribuna da Imprensa Livre; Residência Médica em Anestesiologia pelo Hospital Beneficência Portuguesa da São Paulo; Pós-graduado em Laser, Cosmiatria e Procedimentos pela FATESA de Ribeirão Preto; Pós-graduando em Nutrologia pela USP de Ribeirão Preto; Professor da Pós-Graduação de Laser, Cosmiatria e Procedimentos na FATESA de Ribeirão Preto. @dr.karlosholanda
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