Por Eduardo Soares de Lara e Luiza Bezerra

Experimentamos um 1º de maio peculiar em sua forma, uma vez que as históricas manifestações de rua foram substituídas pela interação nas redes sociais. Ao invés da enérgica agitação de bandeiras e faixas, uma intensa mobilização virtual que visa nos aproximarmos mesmo distantes fisicamente. Ao mesmo tempo, o momento é propício para uma profunda reflexão sobre o futuro do país e do mundo perante essa grave crise.

É importante destacar que o movimento sindical, declarado morto, atacado e criminalizado pela guinada conservadora que tomou conta do país, se mostra revigorado, sobretudo nesse período difícil, colocando-se mais do que nunca como instrumento de resistência e luta da classe trabalhadora.

A pandemia de COVID-19 revelou sem pudor a perversa dinâmica do sistema econômico que favorece o lucro do capital em detrimento da vida. Não foram poucos os atores da classe empresarial que desdenharam da grave situação de adoecimento do povo. Perversamente promoveram seu terrorismo econômico, obrigando o povo escolher entre a subsistência e a vida. Parte da elite brasileira segue pactuada com um governo autoritário e que põe em risco as instituições democráticas. Mais do que isso, encontraram no radicalismo ideológico do governo de Bolsonaro e nas diretrizes ultraliberais de Paulo Guedes seus aliados de primeira ordem, pressionando por reformas e medidas que aceleram o derretimento do emprego formal e as condições mínimas de seguridade social. O povo, nessa visão, é deixado à própria sorte.

Enquanto a Organização Internacional do Trabalho adverte o mundo para a possibilidade de que 1,6 bilhão de pessoas ficarão sem meios de subsistência durante a pandemia, o Brasil ainda não foi capaz de apresentar um plano nacional coordenado de salvação da vida e do emprego. Nesse momento fica evidente que as políticas de diminuição do Estado brasileiro tiveram como consequência a perda da sua capacidade de diagnóstico e ação.

O emprego e a renda são elementos estruturantes da nossa vida. E nesse momento, somente um Estado forte e atuante será capaz de garantir dignidade para a classe trabalhadora brasileira. O momento é propício para uma poderosa unidade sindical e a construção de uma frente ampla em defesa da vida, do trabalho e da democracia.


Eduardo Soares de Lara – Cientista Social.

Luiza Bezerra – Bancária, socióloga e secretária de Juventude da CTB

Fonte: Portal CTB