Por Aurelio Fernandes –
Brizola nunca foi um mero legalista, mas um um patriota e revolucionário.
Em agosto de 1961 Brizola participa da delegação brasileira na Conferência da Organização dos Estados Americanos, em Punta del Leste, Uruguai, onde conhece Ernesto “Che” Guevara.
Durante o evento, Brizola é o único delegado brasileiro e dos poucos da conferencia a aplaudir, de forma entusiasta, a intervenção de Che quando este denuncia o papel do imperialismo estadunidense na América Latina.
Brizola rompe com a delegação brasileira devido ao apoio a resolução contra Cuba, mas não parte de Punta de Leste sem antes conversar com Che.
No retorno ao Brasil se depara com a renúncia do Presidente Jânio Quadros e lidera um movimento de resistência à tentativa golpista de impedir a posse constitucional do Vice-presidente João Goulart, que se encontrava fora do país em visita à Republica Popular da China.
Através da “cadeia da legalidade”, Brizola convoca o povo brasileiro a resistir ao golpe. Em Porto Alegre Brizola distribui armas ao povo e forma milicias inclusive de mulheres. O III Exército, o mais poderoso do país, adere à resistência.
Milhares de pessoas em todo o país se mobilizam para a resistência e em Porto Alegre Brizola distribui armas ao povo. A firmeza de Brizola e o crescente apoio popular e militar à legalidade, retardou a conspiração da direita e garantiu a posse de João Goulart.
Lamentavelmente a emenda parlamentarista foi aceita por João Goulart e abriu caminho aos golpistas de 64. Aqui se inicia a derrota desse momento da revolução brasileira. Os golpistas ganharam tempo de se rearticular e apesar de todos os esforços dos movimentos de luta popular e classista e suas lideranças politicas a contra-revolução empresarial-militar é vitoriosa em 1964.
Em um dos aniversários da campanha da Legalidade – acredito que 40 anos – ouvi de Brizola que se havia uma autocritica que ele se penitenciava e se arrependia em função das consequências para o povo brasileiro foi ter aceitado a decisão de Jango de se submeter a emenda parlamentarista golpista e não ter avançado até Brasilia, fechado o congresso e convocar uma constituinte e eleições gerais.
Brizola nunca foi um mero legalista mas um um patriota e revolucionário.
AURELIO FERNANDES – Professor de História, educador popular e militante dos Círculos pela revolução brasileira.
Envie seu texto para mazola@tribunadaimprensalivre.com
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