Por Miranda Sá

“O tempo é o teu capital; tens de o saber utilizar. Perder tempo é estragar a vida” (Kafka)

Einstein, o genial criador da Teoria da Relatividade, observou que “o tempo é apenas uma persistente ilusão”, pela sua passagem relativa e ligada à velocidade. Será que um dia poderemos retroceder ao passado e avançar no futuro?

Leva-nos ao genial filme hollywoodiano, dirigido por Robert Zemeckis, com script dele próprio e Bob Gale, “Back to the Future” – De Volta ao Futuro -, que de tão relevante e incrivelmente extemporâneo, já deu três versões em série.

Produzido em 1985 com um excelente elenco que conta com Michael J. Fox, Christopher Lloyd, Lea Thompson, Crispin Glover e Thomas F. Wilson, se mantém atual por trazer a visão de que as coisas se interpõem o passado e o tempo….

Da ficção para a realidade, chama a atenção o fato de não ser possível esconder para nós, a medida do tempo, escalonado na sua duração por segundos, minutos, horas, dias, semanas, meses, anos, séculos…

Do cinema nos vem, também, uma curiosa situação de ficar preso ao tempo, com o filme “Feitiço do Tempo”, que tem como enredo a cobertura do Dia da Marmota, que a cada dia 2 de fevereiro, se define, pelo bichinho, se o inverno continua pelo mês. O repórter-do-tempo de uma TV vai à cidadezinha onde ocorre o evento e por não poder retornar à origem por uma nevasca, dorme no local e acorda sempre no mesmo dia…. Vale a pena assistir….

É interessante, porque contamos na vida com épocas, comemorações, ocasiões, períodos e prazos; e na medida em que envelhecemos, alegra-nos ou entristecem-nos os acontecimentos de ocasião.

Então observamos coisas que se passam diante de nós, na Ciência, na Economia e na Política. Que peso no tempo nos trouxe a pandemia do novo coronavírus! Como nos contraria ver no que produziu a estúpida dupla negacionista Trump e Bolsonaro… que entre seus malefícios ocasionaram milhares de mortes.

E uma das piores coisas que fizeram atingiu as populações miseráveis dos países pobres, negando a quebra da patente das vacinas. Eles favoreceram necrofilamente a indústria farmacêutica, sedenta de lucro sem se preocupar em curar alguém….

É inesquecível a colocação do bioquímico e biólogo molecular inglês Sir Richard J. Roberts, prêmio Nobel de Medicina, que disse “para a indústria farmacêutica, a cura é menos rentável que a doença”.

Os doidinhos fanáticos do bolsonarismo (teve um, nas manifestações de 1º de maio que exibiu uma placa “Autorizo o Presidente a me matar! ”) vão dizer que é opinião esquerdista, ou pior, uma “conspiração chinesa”…

Que pensem assim, ou reproduzam o que lhes mandam dizer. Esses chatos auto-assumidos “de direita”, renascidos do passado obscurantista das ditaduras e suas consequentes repressões à liberdade de expressão, leis de “segurança nacional”, prisões e torturas, são poucos e voltarão ao esquecimento, de onde não deveriam ter saído.

Eleitoralistas, querem um retorno à falsa polarização eleitoral, a fraudulenta e insultuosa alternativa entre Bolsonaro e Lula, iguais em quase tudo, incluindo a corrupção, de um, a grosso, vendendo medidas provisórias e do outro, no varejo com as “rachadinhas”….

Se os chatos “de direita” estão se amostrando e revoltando quem assiste a sua estupidez, enquanto os chatos de esquerda, por sua vez, continuam os mesmos, pensando e agindo como os communards ou os bolcheviques de 1917.

Então lembro a história de um esquerdista chato que numa conferência em Frankfurt abordou o patriarca dos Rothschild, fundador da maior oligarquia financeira do mundo no século 19.

O Banqueiro defendia o humanismo; então, o Agitador lhe interrompeu em voz alta: –  “O senhor possui 200 milhões de florins e se assume como humanista, porque não divide a sua fortuna com os deserdados? ”

Rothschild alisou a barba e respondeu:  – “Você tem razão; se devo partilhar o meu dinheiro, raciocinemos: a Europa tem 200 milhões de habitantes, então cabe um florim para cada um”. Meteu a mão no bolso, tirou uma moeda, e arrematou: – “Eis aqui o seu, venha busca-lo”.

… E assim, o tempo se fecha….


MIRANDA SÁ – Jornalista profissional, blogueiro, colunista e membro do Conselho Editorial do jornal Tribuna da Imprensa Livre; Trabalhou em alguns dos principais veículos de comunicação do país como a Editora Abril, as Organizações Globo e o Jornal Correio da Manhã; Recebeu dezenas de prêmios em função da sua atividade na imprensa, como o Esso e o Profissionais do Ano, da Rede Globo.