Por Miranda Sá

Um comentário que correu em Londres no após-guerra discorreu sobre a passagem de Churchill, à noite, por uma farmácia toda iluminada e disse: – “Eis o motivo de todas as doenças…”.

Não sei se é verdade ou simplesmente uma piada, mas foi notícia de jornal. Lembrando disto, matutei sobre a interpretação um tanto maldosa do herói inglês; vejo que por um lado, é uma afronta à indústria farmacêutica, e, do outro lado, expõe uma contradição: as farmácias produzem as enfermidades ou são consequência delas?

Constatamos que no Brasil esses estabelecimentos aderiram (por lei) à moda dos EUA, isto é, além de medicamentos e artigos de higiene, vendem também mercadorias de conveniência. Talvez, por isto, a multiplicação das drogarias debaixo da Linha do Equador é impressionante.

Não dá para explicar como isto ocorre nos países de livre concorrência. Nas grandes cidades do Brasil, por exemplo, elas são incontáveis. A Rua do Catete, no Rio de Janeiro, tem pouco mais de cinco quilômetros, e nela tem 42 farmácias, muitas delas vizinhas à outra.

Ando pelos bairros Glória, Catete, Laranjeiras, e não encontrei neles as especializadas em homeopatia e somente um único herbanário; mas competindo pela cura de enfermidades, temos vários templos evangélicos prometendo milagres.

Por este cenário se conclui que o povo está doente. Remédios industrializados monopolizam praticamente a demanda, mas ainda persiste busca de remediar pelos métodos tradicionais caseiros de chás, jejuns e lavagens; e pela religião, a crença na terapia com passes mediúnicos e rezas.

Ressalte-se que essa alternativa pelo miraculoso chama a atenção. Em favor disto lembro de um tio que ajudava os que buscam recuperar a saúde acreditando em milagres. Contava que assistiu na Índia um faquir enterrar uma semente no chão e tremulando as mãos sobre ela, conseguia em poucos minutos sua germinação, crescimento e produção de flores….

Será que os milagres acontecem realmente? Hoje em dia, milagres já não ocorrem como nos tempos bíblicos, como relatou João 18.10. que o apóstolo Pedro sacou da espada e feriu Malco, o servo do sumo sacerdote que acompanhou os soldados para prender Jesus; decepou-lhe a orelha direita e, segundo Lucas (versículo 51), Jesus acudiu, repreendeu Pedro, e tocando na ferida de Malco, estancou o sangramento e recompôs a orelha.

Estas práticas milagrosas condizem com as lições de Hermes Trimegisto (Três Vezes Grande) sobre a vontade enérgica transformadora. Citado por Tomás de Aquino na “Pedra Filosofal”, Trimegisto escreveu que “o poder da cura está nas mãos de qualquer um, desde que empregue as partículas da divindade presente em todos os seres”.

O milagre da cura desperta a curiosidade do intelectual irrequieto e do educador curioso, que procuram abrir as janelas de onde se contempla a Verdade. Então veem diante de si que o sobrenatural envolvido pelo véu da fé e da esperança disputa com as descobertas da ciência médica e com a tecnologia avançada da Inteligência Artificial.

Entre a metapsíquica e a pesquisa científica há espaço suficiente para pensarmos em nós mesmos, na nossa saúde, vigor e intento pela longevidade. Aconselha-se remédios, os melhores, segundo usuários: Um deles vem do noroeste do México indicado por um xamã da tribo yaqui, entrevistado por Carlos Castañeda para o livro “Uma Estranha Realidade”.

“Dom Juan”, como Castañeda o chamou, aparentava uma idade indefinida, talvez 80 anos. Sua fórmula para alcançar uma velhice forte e sadia chegada de tempos remotos, dos avós dos seus avós: um copo d’água quente em jejum, ao acordar pela manhã.

A outra terapia revigorante é do século 19, foi anunciada pelo naturalista François Huber, o prodigioso uso da geleia real das abelhas, cujo poder dá à rainha da colmeia idade 50 vezes superior à atingida pelas abelhas operárias.

Cheguei aos 90 anos e a aproximadamente a uns 20, faço o que Dom Juan indicou; quanto à geleia real, autêntica, é caríssima, não está no meu orçamento… Rsrsrs.

MIRANDA SÁ – Jornalista profissional, blogueiro, colunista e diretor executivo do jornal Tribuna da Imprensa Livre; Trabalhou em alguns dos principais veículos de comunicação do país como a Editora Abril, as Organizações Globo e o Jornal Correio da Manhã; Recebeu dezenas de prêmios em função da sua atividade na imprensa, como o Esso e o Profissionais do Ano, da Rede Globo. mirandasa@uol.com.br

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