Por Pedro do Coutto –
Lessa disse que policiais civis faziam inquéritos “sumir”.
As declarações de Ronnie Lessa, assassino confesso da vereadora carioca Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes em 2018, apontam que policiais civis do Rio de Janeiro faziam inquéritos “sumir” caso alguém lhes pagasse R$ 50 mil.
O caso assumiu um caráter terrivelmente impressionante, a partir do que ele acrescentou, deixando em péssima situação péssima a justiça do Rio, demonstrando os fortes indícios de corrupção. Lessa foi adido da Polícia Civil, ou seja, emprestado pela PM às delegacias.
CONTAMINAÇÃO – Durante o depoimento, o réu colaborador afirmou que as polícias do Rio “estão contaminadas há décadas”. “Talvez hoje, se tivesse uma intervenção, uma coisa séria, e aparecesse um cara para denunciar, provando que deu dinheiro a tantos delegados, ia ter que abrir concurso. Não ia ter espaço. Meia dúzia que iria se salvar. Essa é a realidade da Polícia Civil. E não é diferente da PM, não. É a mesma coisa”, apontou o ex-policial.
De acordo com Lessa, muitos inquéritos físicos foram incinerados. Nos últimos anos, os procedimentos foram digitalizados, mas isso não impedia os policiais de “tentar manipular o processo” e desviar o foco das investigações.
INFLUÊNCIA – Outro ponto levantado pelo colaborador foi a influência de políticos — como os irmãos Chiquinho (deputado federal) e Domingos Brazão (conselheiro do Tribunal de Contas estadual), acusados de serem mandantes do assassinato de Marielle e Anderson — para indicar ou retirar policiais de determinados postos e, assim, ajudar a encobrir seus crimes. No depoimento, Lessa também reiterou que os irmãos Brazão ordenaram a execução da vereadora.
Os pagamentos eram feitos em espécie de acordo com os pedidos que definiam os montantes. No caso do crime em questão, o mercado de forma surpreendente é que balizava os valores. Quase inacreditável. Pior ainda era a aceitação de tais fatos que extrapolavam todos os limites da ética.
É preciso que sejam tomadas as providências imediatas. Mas foi feita a confissão e agora é aguardar os novos rumos deste caso lamentável.
PEDRO DO COUTTO é jornalista.
Enviado por André Cardoso – Rio de Janeiro (RJ). Envie seu texto para mazola@tribunadaimprensalivre.com ou siro.darlan@tribunadaimprensalivre.com
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