Carta Aberta do Movimento em Defesa da Economia Nacional (MODECON)

Rio de Janeiro, 21 de Outubro de 2022.

A diretoria da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), eleita este ano e tendo como presidente o senhor Octávio Costa, informou-nos através de seu diretor financeiro, senhor Geraldo Mainenti, que as atividades do Movimento em Defesa da Economia Nacional (MODECON), organismo sem fins lucrativos, vem desenvolvendo desde a sua fundação em setembro de 1989, portanto há 33 anos, teria doravante que pagar o valor de R$ 200,00 / hora para utilizar as dependências da Sala Belizário de Sousa, local de eventos e iniciativas voltados para o interesse público.

Apesar de ter sido mantido um primeiro contato com os senhores Octávio Costa e com o senhor responsável pelas finanças, e que na oportunidade houvesse o entendimento de que em se tratando de uma entidade histórica surgida no âmbito da própria entidade dos jornalistas e por um de seus mais notáveis presidentes, o doutor Barbosa Lima Sobrinho, não haveria mudanças quanto ao funcionamento do MODECON, não obstante as dificuldades que enfrenta a ABI expostas nessa ocasião.

Não bastasse a pandemia a nos obrigar a adoção de distanciamentos sociais e um governo que tem demonstrado absoluto desprezo pelas áreas de cultura, educação, ciência e comunicação, destacadamente a imprensa, vimo-nos diante de uma atitude de insensibilidade por parte de uma diretoria da qual se esperava contar numa hora em que os movimentos sociais mais precisam de suporte. Sobretudo nos espanta que a ABI, sede dos grandes momentos de resistência e de lutas pela democracia e os direitos humanos, venha através de seus dirigentes a criar dificuldades adicionais ao funcionamento de cidadãos comprometidos com os destinos do país em um momento dramático de nossa história. É lamentável.

Lincoln de Abreu Penna
Presidente do MODECON

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NOTA DO EDITOR – Sem estabilidade administrativa e segurança financeira a centenária Associação Brasileira de Imprensa (ABI) – fundada para abrigar e incorporar lutas cidadãs em defesa da liberdade de expressão, da soberania, dos direitos humanos e da democracia – corre o risco de desaparecer. Criada em 7 de abril de 1908, a ‘Casa dos Jornalistas’ é uma associação marcada por posições nacionalistas, visando assegurar à classe jornalística os direitos assistenciais e tornar-se um centro poderoso de ação em defesa do Brasil. Milito na defesa da ABI desde os anos 1990, sempre pautado nas atribuições e no legado histórico dessa respeitada entidade (Artigos I e II do Estatuto). Nos anos da administração do saudoso amigo Maurício Azêdo foram muitas intervenções, articulações e iniciativas ao lado de outros companheiros para manter a ABI nos trilhos da luta, em defesa das demandas populares da sociedade. Hoje o bolsonarismo reedita os tempos de exceção como em 64, de duros embates sobre diferentes opiniões, obrigando a ABI, a redobrar sua atuação nacionalista, debater os rumos do país. Sendo assim, o MODECON de Barbosa Lima Sobrinho e Lincoln de Abreu Penna é ainda mais necessário! Os associados Fichel Davit Chargel e Ivan Cavalcanti Proença já se manifestaram pedindo a revisão da decisão da diretoria sobre o MODECON, mas vale lembrar que atualmente a ABI está vendendo camisas e canecas para conseguir pagar o décimo terceiro dos funcionários. Para que nossa ABI tenha força como nos anos de ouro – quando participou e liderou grandes campanhas como a entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial, ao lado dos Aliados; a campanha “O Petróleo é Nosso”, que gerou a Lei 2.004 e a criação da Petrobrás; a luta pela Anistia Ampla, Geral e Irrestrita; a campanha pelas Diretas Já; a luta pelo impeachment de Collor – é necessário segurança financeira e estabilidade administrativa, que lamentavelmente perdemos em 2013 na vacância por falecimento do presidente Maurício Azêdo. (Daniel Mazola)

LINCOLN DE ABREU PENNA – Doutor em História Social pela Universidade de São Paulo (USP); Conferencista Honorário do Real Gabinete Português de Leitura; Professor Aposentado da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ); Presidente do Movimento em Defesa da Economia Nacional (MODECON);  Vice-presidente do IBEP (Instituto Brasileiro de Estudos Políticos); Colunista e Membro do Conselho Consultivo do jornal Tribuna da Imprensa Livre.

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