Por Miranda Sá –
“Preste atenção, o mundo é um moinho/ Vai triturar teus sonhos, tão mesquinhos/ Vai reduzir as ilusões a pó” (Cartola)
Escrevi em artigo anterior que a Lei de Contravenções Penais, herança da ditadura Vargas, ainda vigora apesar de superada no tempo e no espaço… Nas minhas pesquisas mais recentes, encontrei um artigo da professora Maíra Zapater considerando-a “tão vetusta quanto vigente”. A especialista comprova a minha tese.
Vê-se, pelo menos entre nós, que a legislação mesmo renovada, lapidada, burilada, sobrevive na cabeça de muita gente e, infelizmente no entendimento de alguns juízes, uns demandando e outros julgando e muitas vezes condenando respaldados nela…
Não é, porém, a Lei, o moinho que tritura as pessoas. Aos maus, sim, e infelizmente aos inocentes por acaso envolvidos num delito ou suspeitos pela convizinhança com crimes, sem condições de provar a inocência e sem poder pagar um bom advogado…
O mundo é que é o moinho, como viu o genial Cartola no seu samba clássico. Também citado outro dia, Hermes Trismegisto disse na Tábua de Esmeralda que todos somos, sob certas condições, um minúsculo deus, e complementou: “porque o que está no alto é como o que está embaixo”; fazendo-nos refletir que também somos demônios…
Em verdade, deuses e diabos super-habitam o nosso Brasil, infestando o cotidiano da gente – e dariam um belo filme do cineasta baiano Glauber Rocha. Acho que são eles as tais “forças ocultas” de que falou Jânio Quadros quando renunciou à Presidência da República na década de 1960…
Eleito com a vassoura na mão para fazer uma faxina no País, Jânio recusou aliar-se com os picaretas do Congresso e a nefasta burocracia, ambos cafetizando a Nação, explorando-a como se fora sua escrava sexual.
De lá para cá não sofremos mudanças, pelo contrário, nos criminosos governos lulopetistas assistimos o aparelhamento da velha burocracia e a aliança com os picaretas nas esquinas do meretrício das empreiteiras corruptas e corruptoras.
Atravessando nos dias atuais as borbulhantes inovações da técnica, com a Internet superando as emissões radiofônicas e as pautas televisivas, a coisa está mudando; aos poucos, mas está mudando.
As redes sociais definidas por Diego Beas como “uma ferramenta eficaz que subtrai o poder do Estado e enfrenta de igual os maus governos” não permitem as distorções, as omissões e a seletividade da chamada “grande imprensa” e muito menos os cambalachos governamentais.
A nova técnica de comunicação, accessível à cidadania, aproveita o que a Natureza empresta ao moinho para moer: as energias eólica e hidráulica: o vento da denúncia e a água da faxina…. E faz o movimento de rotação, como a Terra: O moinho moendo o grão e o mundo triturando sonhos mesquinhos.
A palavra Moinho é um substantivo masculino e a flexão do verbo moinhar, ambos de etimologia latina molinum,i, engenho de moer grãos, um mecanismo montado sobre duas pedras duras, circulares, uma fixa e outra movida por um eixo vertical.
As pedras lembram a Sefirá, no plural Sefirot (em hebraico: סְפִירוֹת – səphîrôṯ, as potências pelas quais o Sem-nome que governa o universo, manifestou a Sua vontade quando criou o mundo. Num dos seus salmos, Davi se referiu a estes atributos da Cabala, confessando não ser forte em “Sefirot”, isto é, na razão de ser.
Uma doutrina mística como a da Cabala não é compreendida por qualquer um que se atreva a conhecer o mundo através dos simbolismos que apresenta, principalmente o sistema hierárquico desenhado na Árvore da Vida com seus dez galhos, cada um com o seu fruto diferente do outro.
Vê-se nesta assimetria os fatos e os seus protagonistas, variáveis no tempo e no espaço. Relembro, por exemplo, o discurso de Jair Bolsonaro contra a corrupção, denunciando a picaretagem política e que faria uma faxina na burocracia governamental dissoluta e aparelhada pelo lulopetismo.
Revirando pelo avesso as suas promessas eleitorais por egocentrismo e pouca formação ética, Bolsonaro renunciou ao que prometia, mas tenta assumir o personagem eleitoral que deixou para trás. Volta, na verdade, a ser o deputado medíocre que foi durante 30 anos no baixo clero da Câmara Federal.
Ao acenar com novas promessas, o que se vê é aliar-se com o PT contra a Lava Jato, defender (e depois recuar) uma nova CPMF, agir irresponsavelmente na pandemia do novo coronavírus e aparecer nas páginas policiais recebendo cheques de Fabrício Queiroz.
Sua personalidade compõe o ditado popular: “Águas passadas não movem moinhos”.
MAZOLA
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