Por Bolivar Meirelles –
Militar só reformado é como civil em explícito direito de externar opção política. Reforma é como arquivo morto. Só para pesquisadores. Vivo para a Sociedade. Pode quebrar a hierarquia como quiser até porque a ela não está subordinado. De cá para lá, de lá para cá. Militar na reserva ainda pode ser convocado. Relativamente permanece submisso aos limites hierárquicos. Forças Armadas, simplesmente, cumprem ordens do Poder Civil. Angústia de não ser não podem criar caminhos para ser. O mais disciplinado dos militares tem, por natureza de ofício, de ser o Comandante da Força. Exército, Marinha, Aeronáutica. Sim, sim senhor, vou fazer. No entanto, os Poderes Civis, observando o perigo que correm… não podem fazer latidos nas portas dos quartéis e, muito menos, dentro deles. Respeito total aos ditames regulamentares. De certa forma, os juízes também, não devem ser tão loquazes quanto os políticos eleitos, estes borbulhantes em refletir o alarido popular.
Nunca deu certo a quebra da disciplina e da hierarquia no âmbito militar.
Presidente da República conspirar com subalternos contra comandantes sempre deu em “água de barrela”, o contrário deu em Golpe de Estado. Nada bom. Queda de governo. Golpe de Estado. Militar foi estruturado para dizer “Sim, sim senhor, vou fazer; pronto, missão cumprida, já fiz”. Ordem errada não se cumpre. Lembre-se General Pazuello, “ordem errada não se cumpre”. Tudo tem e terá seu exemplo. Os militares legalistas em abril de 1964 não cumpriram as ordens golpistas de 1964. Ordens erradas… Pagaram o preço da “rebeldia”, se salvaram perante a História. “Cada um no seu cada um”. Nunca me arrependi, desobedeci aos golpistas. Tudo perfeito. Agora, “militar foi estruturado para cumprir ordens do Poder Civil”. A Sociedade é a origem do Poder Civil. Este não veio do etéreo, veio da Realidade Concreta, da Sociedade conflitiva. No dia em que a Sociedade não for mais conflitiva ela dispensa o Estado, suas armas e o Judiciário haverá muito de ser repensado (talvez Juiz de Paz na roça). Juiz também não é para ser falastrão. Pode falar sim. Todo mundo pode. Agora, militares e juízes, até mais militares que juízes, ambos ativos… não podem, não devem ser parte da borbulha verbal da Sociedade. Militares e Juízes, ativos naturalmente, não são para optar, em verbo explícito, pelo Sistema Político e Econômico desejado. Podem “calados” defender o Capitalismo ou o Socialismo. Tal e qual governo. Não podem opinar ostensivamente.
Um Militar, por obrigação de ofício, tem o dever de defender a sua Pátria, seu Povo, patrimônio nacional. Cumprir, como qualquer cidadão, as leis e, especificamente os regulamentos militares.
A Sociedade Civil, esta é “um livro aberto”. Um livro se auto escrevendo. A Sociedade em seu processo de “vir a ser” está, sempre, em mutação. Militar não tem de opinar quanto as mutações da Sociedade. A Revolução Francesa se deu. A Guerra de Secessão…, tão difícil foi, em paz os EUA resolverem seus conflitos internos, a Revolução Soviética, a Revolução Cubana. Forças Armadas tem de se enquadrar a Ordem Social. As mutações se dão, fundamentalmente, na Sociedade. Militares e Juízes. Tenham suas predileções mas, Democracia só existe com vontade popular. As sociedades são dinâmicas e, por isso mutáveis. Estejamos preparados para a “nova ordem mundial” é… Caetano Veloso… por isso o Marechal Henrique Duffles Teixeira Lott entrará para a História do Brasil por uma porta e o Marechal Castelo Branco…por outra. Militares escolham a defesa da legalidade ou a participação em golpes de Estado. Agora, a Sociedade de Classes é dinâmica, o que é… não será.
BOLIVAR MARINHO SOARES DE MEIRELLES – General de Brigada Reformado, Cientista Social, Colunista do jornal Tribuna da Imprensa Livre, Mestre em Administração Pública, Doutor em Ciências em Engenharia de Produção, Pós Doutor em História Política, Presidente da Casa da América Latina e Colunista do Caminhando Jornal TV (TVC-Rio).
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