Por Miranda Sá –
“De onde alguém tirou essa ideia imbecil de chamar a pessoa de melancia ou de maçã? (José Wilker)
Pelo comportamento e intervenções discursivas vê-se logo que o mais ferrenho anticomunista foi um membro da organização marxista que não alcançou os cargos de mando na hierarquia do partido…
Exceção à regra foi o jornalista Carlos Lacerda que presidente da Juventude Comunista, abandonou o PCdB. Possuía uma invejável cultura, foi brilhante orador e extraordinário redator, pelo estilo e clareza do texto. Tive a oportunidade de vê-lo na Tribuna da Imprensa ditar dois artigos ao mesmo tempo para duas datilógrafas em mesas à distância uma da outra….
Outros referidos ficam por baixo na comunicação social; excetua-se o radialista e astrólogo Olavo de Carvalho, guru dos Bolsonaro e influente no governo federal, com duas ou três indicações para o Ministério…. Este se tornou, como influenciador digital, uma peça importante na política atual.
O anticomunismo de Olavão (como é conhecido pelos seus discípulos) bate com a formação do presidente Jair Bolsonaro. Ambos vivem o passado da chamada “guerra fria”, o conflito ideológico entre os Estados Unidos e a finada União Soviética, melhor dito, entre o capitalismo e o comunismo.
Antes de Bolsonaro ser afastado do Exército, o Pentágono – centro nevrálgico das Forças Armadas norte-americanas -, ainda planejava estratégias militares e a geopolítica da guerra fria, repassando-as aos seus aliados (como o Brasil). Então, o perigo vermelho era o espectro ameaçador para o Mundo Livre.
Hoje, essas configurações ficaram para trás, o Departamento de Estado e os militares norte-americanos subestimam os paisécos que se assumem como comunistas; voltam-se para enfrentar o terrorismo nascido no Oriente Médio, fazendo-lhe uma guerra sem trégua. Vê-se agora, o novo presidente norte-americano deletar a política externa de Donald Trump, mas manter as ações punitivas contra o Estado Islâmico e o que resta dos Talibãs.
Qualquer pessoa bem informada enxerga isto com clareza, por que não é difícil saber que a URSS se acabou, a China adaptou-se ao capitalismo e a Internacional Comunista ficou soterrada sob os escombros do Muro de Berlim…
Entre os países mais avançados, seja talvez o Brasil o único que olha pelo retrovisor da História, pela ignorância dos charlatães que ocupam o poder em nome de uma “direita conservadora” – que não é, evidentemente, o conservadorismo que Ângela Merkel faz na Alemanha, nem o do recém falecido George Shultz, ex-secretário de Estado dos EUA que ajudou a acabar com a Guerra Fria.
Por causa dos que ficaram presos ao passado, vemos ressurgir no Brasil o termo “melancia”, como sinonímia comparativa inventada pelos antigos arapongas da Abin para dedurar os oficiais das FFAA, classificando-os como melancias, “verdes por fora, vermelhos por dentro”….
A palavra Melancia, com este sentido aproximado não consta dos dicionários. Aparece como um substantivo feminino usado na Botânica para designar uma planta cucurbitácea que foi cultivada antigamente nos países mediterrâneos e hoje se espalha em todo mundo. O verbete tem origem latina “maca mattiana”, “maçã da cidade de Mattium“, que deu no asturiano “mellón” e no gaélico antigo, “mael”; hoje, nos países hispânicos fala-se sandía.
No Verão que atravessamos, o suco da melancia é um refrescante notável; mas no Inverno da politicagem mas a fruta continua usada na expressão dos arapongas. Vemos nas redes sociais esta referência para os generais patriotas que não se penduraram nos cabides de empregos governamentais.
No Twitter, os retardados cultuadores de Bolsonaro chamarem o vice-presidente Hamilton Mourão e os generais Villas Boas e Santos Cruz de melancias… Estes estúpidos, que se assumem como anticomunistas, imitam Stálin, querendo apagar as fotografias dos antigos defensores de Bolsonaro, dissidentes revoltados, como eu, pelas traições dele ao discurso eleitoral.
“Ma como sonno cretini! ”, disse um senador italiano (que m’esqueço o nome) quando os fascistas foram contra o Tratado de Latrão, que deu autonomia ao Estado do Vaticano. Um dos “cretini” brasileiros, xerocador das fake news do andar “de cima”, acusou o general Olímpio Mourão Filho de comunista, pela citação do livro dele, “A Verdade de um Revolucionário”.
Ignorante, desconhece que Mourão Filho foi o principal ator do movimento militar de 1964 e fazem 50 anos que faleceu, em 1972. Vá ser cretino assim no Inferno!
MIRANDA SÁ – Jornalista profissional, blogueiro, colunista e membro do Conselho Editorial do jornal Tribuna da Imprensa Livre; Trabalhou em alguns dos principais veículos de comunicação do país como a Editora Abril, as Organizações Globo e o Jornal Correio da Manhã; Recebeu dezenas de prêmios em função da sua atividade na imprensa, como o Esso e o Profissionais do Ano, da Rede Globo.
MAZOLA
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