Por Miranda Sá

“Eu sou do tamanho daquilo que sinto, que vejo e que faço, não do tamanho que os outros me enxergam” (Bob Marley)

“O homem é a medida de todas as coisas”, ensinou Protágoras, o célebre sofista da Grécia Antiga, obrigando-me a invocar a regra que diz que “toda regra tem exceção” para deixar os tolos fanatizados por políticos de fora da medida “das coisas que são, enquanto são e das coisas que não são, enquanto não são”….

Sem ligar para que os tolos pensam e dizem, foi sofrendo a interferência da memória dos meus pais, da minha mãe espírita kardecista (militante, participando de federações na Paraíba e no Rio de Janeiro) e do meu pai, de formação positivista que se assumia como agnóstico, que escrevi o artigo “Ressureição”.

No texto, abordei pela segunda vez os casos de Bolsonaro a Dilma, ele querendo blindar o general Pazuello e ela querendo salvar Lula, com cargos ministeriais. Estes fatos lembraram-me o episódio em de Dilma pediu que chamassem o Messias e por ela estar gripada, fanha, o pessoal ouviu “Bessias”.

Por ter falecido este personagem que foi badaladíssimo na época do episódio, a citação que fiz dele provocou críticas de uns idiotas que falam em nome da “religião”. Então, para me defender, invoco o pastor Martin Luther King, com a frase: “a religião mal-entendida é uma febre que pode terminar em delírio”.

Então rebato os delirantes afirmando que não invoquei o espírito do Messias, não porque dê importância à Congregação do Santo Ofício que proibiu que se interroguem espíritos e ouçam as suas respostas; nem porque tenho dúvidas sobre a crença espírita de que as almas vagam pelo mundo.

Sei, porém, que isto suscita discussões. É por demais conhecida a obstinação de Lombroso buscando provas sobre a comunicação dos mortos, e foi confrontado pelo incrédulo Gustave Le Bom que escreveu:

– “Sob o domínio da crença no além vida, até um cientista fica inseguro sobre os métodos científicos de análise”.

Tais posições destes importantes personagens, pensamos no que se diz sobre os chamados médiuns, aqueles que possuem o dom de se comunicar com os espíritos. Argumenta-se que se trata de possuidores de um sentido, entre os 21 inexplorados além dos cinco usados normalmente, audição, olfato, paladar, tato e visão.

Conforme os kardecistas, existem poucos médiuns autênticos no mundo, porque a mediunidade é um fenômeno raríssimo. Citam alguns nomes que foram capazes de exercer esta prática, como as santas Joana D’Arc e Tereza D’Ávila e no Brasil, Chico Xavier; os Evangelhos contam que na cruz Jesus comunicou-se com Deus, murmurando “Eloi, Eloi, lamá sabactani? ” – “Deus, ó Deus, porque me abandonastes? ”.

Em verdade, as medidas sobrenaturais não são traçadas com régua e compasso, e muito menos por pessoas que se investem de intermediários da divindade, cobrando módicas quantias para isto num determinado endereço, e até patenteando a “marca” Jesus Cristo….

Quanto à vida real, com ou sem religião, “se você quiser ver a verdadeira medida de um homem, preste atenção em como ele trata seus inferiores, não seus iguais”, aconselha a escritora britânica J. K. Rowling. Lição que deveria chegar a Paulo Guedes para ele não desdenhar filhos e filhas de porteiros…, é uma silhueta recortada do elitismo bolsonarista assumido fraudulentamente como “de direita” e “conservador”.

Vimos também este tratamento com outrem feito por Bolsonaro atacando o principal parceiro comercial do Brasil, a China. Tal cretinice não se trata de Teoria da Conspiração, mas talvez uma manifestação mediúnica do diabinho que incentiva o Presidente na política macabra do negativismo, querendo a suspenção do envio de insumos de vacinas para matar mais brasileiros.

O comportamento psicopático do Presidente, não é “invenção da mídia”, nem ataques comuno-globalistas; está nas declarações dele gravadas em vídeo, com as quais se pode ver que a sua posição negativista causa mais mal ao País do que todos os acusados de infringir a Lei de Segurança Nacional por criticá-lo….


MIRANDA SÁ – Jornalista profissional, blogueiro, colunista e membro do Conselho Editorial do jornal Tribuna da Imprensa Livre; Trabalhou em alguns dos principais veículos de comunicação do país como a Editora Abril, as Organizações Globo e o Jornal Correio da Manhã; Recebeu dezenas de prêmios em função da sua atividade na imprensa, como o Esso e o Profissionais do Ano, da Rede Globo.