Redação –
Marcelo Rebelo de Sousa foi reeleito presidente de Portugal. O político venceu a eleição deste domingo (24.jan.2021) com 61,3% dos votos válidos, eliminando a necessidade de um 2º turno. A última contagem mostrava 98,8% dos votos apurados.
O pleito deste ano teve o maior número de eleitores que optaram pelo voto antecipado. Mais de 197 mil eleitores votaram em 17 de janeiro. Ainda assim, a eleição teve alto índice de abstenção: 61,6%.
A taxa já era esperada devido à pandemia da covid-19. Portugal está em confinamento geral desde 15 de janeiro para tentar diminuir o alto número de novas contaminações pelo coronavírus.
Sousa é licenciado em direito e tem doutorado em Ciências Jurídico-Políticas. Já foi secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros, ministro dos Assuntos Parlamentares e membro do Conselho de Estado.
Foi um dos fundadores PSD (Partido Social Democrata), partido ao qual é filiado até hoje.
O 1º mandato de Sousa, iniciado em 2016, foi marcado pela proximidade com o governo do primeiro-ministro António Costa, do PS (Partido Socialista). Essa aproximação fez com que setores da direita o criticassem e eleitores de esquerda o escolhessem em 2021.
O social-democrata foi beneficiado pelo bom momento da economia portuguesa. De 2015 a 2019, o PIB (Produto Interno Bruto) em Portugal cresceu aproximadamente 3% acima do da zona do euro –algo inédito. Nesses 4 anos, Portugal cresceu 10,7% em termos reais e 18,1% em termos nominais.
Sousa enfrentou alguns momentos de tensão, como o incêndio em Pedrógão Grande, região central do país, em 2017. O incidente deixou mais de 60 mortos e destruiu centenas de casas.
Mesmo a crise econômica causada pela pandemia da covid-19 –e a 3ª onda da doença que coincidiu com a eleição– não foi capaz de abalar a vantagem de Sousa perante os adversários.
Popular entre os portugueses, o presidente português já aparecia em 1º lugar nas pesquisas eleitorais, com mais de 40% de vantagem para o 2º colocado, antes mesmo de anunciar a recandidatura.
Uma sondagem encomendada pelo jornal Público e o canal televisivo RTP, divulgada na última 6ª feira (22.jan) mostrava que Sousa tinha 63% das intenções de voto contra 14% da socialista Ana Gomes.
Justificando que ainda atuava como presidente da república e tinha passado os últimos 5 anos em constante contato com os eleitores, Sousa decidiu não fazer campanha. Escolheu não usar o tempo destinado a ele na propaganda eleitoral nos meios de comunicação e não espalhou cartazes pelas cidades.
Com exceção de algumas visitas surpresas, só participou de debates com os demais candidatos. E, mesmo nessas ocasiões, disse que não iria deixar de vestir o “terno de presidente”.
ELEIÇÃO DENTRO DA ELEIÇÃO (VENTURA EM 3º)
Com todas as pesquisas eleitorais apontando para a larga vantagem de Marcelo Rebelo de Sousa, as atenções se voltaram para o 2º lugar. Isso porque estavam tecnicamente empatados Ana Gomes, filiada ao PS mas que concorreu como independente, e André Ventura, do Chega!.
Ana Gomes teve 12,8% dos votos. Ventura, 11,9%. João Ferreira (PCP) conseguiu 4,2%. Marisa Matias (Bloco de Esquerda), 3,9%.
A disputa do 2º lugar foi importante para analisar o poder do Chega! junto ao eleitorado português. Criado em abril de 2019, a legenda conseguiu chegar ao Parlamento nesse mesmo ano, com eleição de Ventura, seu principal representante.
O deputado tem um discurso considerado racista e xenófobo, fazendo com que ele e o Chega! sejam classificados como os representantes da extrema-direita em Portugal. Ventura, entretanto, rejeita o rótulo.
O deputado afirmou que tinha 2 objetivos principais nessa eleição: forçar um 2º turno e ficar à frente da Ana Gomes –chegou a dizer que renunciaria ao cargo no Parlamento se perdesse da socialista. Falhou em ambos.
Mesmo assim, o Chega! ganha expressão e chegará mais forte às eleições municipais deste ano.
A esquerda, por outro lado, sai fragmentada –tanto pela recusa do PS em apoiar a candidatura de Ana Gomes quanto pela desunião dos partidos.
Em Portugal, não é preciso ter formalmente o apoio de nenhum partido para concorrer nas eleições presidenciais. O PS decidiu se manter neutro e não indicar preferência por nenhum candidato.
Porém, muitas das declarações do primeiro-ministro, António Costa, deram a entender que ele estava ao lado de Sousa. Em maio de 2020, por exemplo, referiu, em visita a uma montadora, que a próxima vez que ali estaria seria no “2º mandado do senhor presidente”.
PS, PCP (Partido Comunista Português) e Bloco de Esquerda formaram em 2015 uma união que permitiu a Costa assumir o cargo de primeiro-ministro. Chamado de “Geringonça”, o grupo se manteve unido até 2019.
No 2º mandato de Costa, no entanto, a “Geringonça” se desfez. O último Orçamento de Estado correu o risco de não ser aprovado, o que colocaria em causa o governo socialista. Mesmo com o Orçamento aprovado, o voto contra do Bloco de Esquerda foi significativo por selar o afastamento das esquerdas.
Fonte: Poder360
MAZOLA
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