Por Luiz Carlos Prestes Filho 

No cenário político de Saquarema atual se destaca a proposta do MANDATO COLETIVO apresentado pelo pré-candidato a vereador, Magno Alves. Para ele o tempo de ações políticas isoladas e individuais passou: “O regime democrático pressupõe a mais ampla participação popular nas atividades políticas. Os legisladores tem a obrigação de disponibilizar a Câmara Municipal, Assembleia Legislativa e o Congresso Nacional para o eleitor”.

Luiz Carlos Prestes Filho: Como você vê a cidade do Saquarema no Estado do Rio de Janeiro?

Magno Alves: Uma das cidades mais conhecidas do Brasil pela beleza natural. Aqui tem mar, serra, lagoa de água salgada e lagoa de água doce. Com potencial turístico, que através da atividade do surf demonstra sua força. Precisamos programar mais eventos para movimentá-la durante todo o ano. Temos que disponibilizar a infraestrutura adequada para poder realizar feiras gastronômicas locais; festivais de música; valorizar as tradições locais, o folclore em particular; e exposições temáticas. Apoiar as empresas que desejam oferecer passeios seguros de jet ski e pedalinho na Lagoa. Porque não realizar o Congresso Nacional do Surf? As ondas movimentam no país 7 milhões de profissionais; 23 milhões de simpatizantes; e R$10 bilhões. Vamos reunir especialistas e transformar nossa cidade no centro mundial do Surf. Importante implementar projetos para o Turismo Rural e para a Agricultura Familiar junto com empresários e empreendedores autônomos.

Pré-candidato a vereador de Saquarema, Magno Alves (Arquivo pessoal)

Prestes Filho: As políticas de Meio Ambiente deveriam orientar as políticas de Turismo, Cultura e Desenvolvimento Econômico?

Magno Alves: Todo saquaremense vive a cultura da preservação do meio ambiente. Entendo um vereador deve saber articular políticas públicas para promover o desenvolvimento econômico sustentável. Inclusive, incentivando a Economia da Cultura para gerar mais trabalho e renda. Não se pode pensar em programas voltados para o Turismo sem a perspectiva da sustentabilidade. Quem estuda as origens de Saquarema, termina se aproximando das lutas dos povos indígenas, dos verdadeiros donos deste chão. Foi aqui o palco da última batalha da Confederação dos Tamoios contra o invasor colonial. A cultura indígena tem relação direta com as nossas lagoas, rios, bosques, florestas e morros. Tem relação com os nossos sambaquis que falam das populações que viveram aqui há mais de 4 mil anos! O “Museu de Conhecimentos Gerais”, criado por Carlos Alexandre Cardoso, tem um acervo riquíssimo conta nossa História para as novas gerações.

Prestes Filho: A ideia é consolidar as vocações de Saquarema?

Magno Alves: A minha luta é por um MANDATO COLETIVO. O regime democrático pressupõe a mais ampla participação popular nas atividades políticas. Os legisladores tem a obrigação de disponibilizar a Câmara Municipal, Assembleia Legislativa e o Congresso Nacional para o eleitor. A pessoas que votam em Magno Alves desejam consolidar as vocações esportivas tradicionais de Saquarema e, também, incentivar

muitas outras, que já nos representavam no Estado do Rio de Janeiro, como o futebol. Precisamos fortalecer a nossas Liga de Futebol Masculino; fazer acontecer a Liga de Futebol Feminino; promover torneios e campeonatos municipais. Criar o Espaço Cultural para as Rodas de Capoeira, que é patrimônio cultural brasileiro. Temos vários mestres atuando aqui. Lutaremos pela maior articulação do poder municipal com a Confederação Brasileira de Voleibol (CBV), para a criação de uma Escolinha Municipal de Vôlei. O MANDATO COLETIVO vai investir pesado no esporte. Podem cobrar!

Prestes Filho: Qual a importância da sua cidade no contexto da Região dos Lagos?

Magno Alves: Saquarema é reconhecida como a porta de entrada da região. Temos que ter uma gestão voltada para parcerias com as cidades co-irmãs da Região dos Lagos. Podemos contribuir com o desenvolvimento turístico, cultural e econômico regional. O MANDATO COLETIVO defende a ideia de que precisamos dialogar; compartilhar ações; e criar consórcios regionais. Um exemplo é a “Casa de Permanência Breve” – uma necessidade regional identificada pelas lideranças do Movimento das Mulheres.

Prestes Filho: As políticas de controle da ocupação do território da cidade estão adequadas e atualizadas?

Magno Alves: Vamos fazer uma grande chamada para os moradores e debater a ocupação do solo de Saquarema. O que estiver correto vamos manter e melhorar. Aquilo que não estiver, buscaremos consertar com a participação de toda sociedade. Agora mesmo está havendo um movimento popular contra um projeto em tramitação na Câmara de Vereadores que pretende transformar algumas áreas rurais em urbanas, claramente favorecendo a especulação imobiliária. Também, está havendo manifestações contra o asfaltamento em estradas tipicamente rurais. Estas questões precisam ser enfrentadas de forma coletiva.

Prestes Filho: Como você vê a política municipal?

Magno Alves: O grupo a que pertenço tem vontade e condições de contribuir para a construção de um lugar melhor para se viver. Saquarema, além de ser uma cidade ultra conservadora ideologicamente, não tem uma esquerda consistente. A prática predominante é a de alianças genéricas. Disso discordamos! Estou pré-candidato, representando um MANDATO COLETIVO, porque acredito. Propomos a criação de uma Coordenadoria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, para desenvolver ações afirmativas de combate ao racismo. Todos que me conhecem sabem que tenho na minha trajetória de vida compromisso e muita luta com a melhoria da vida para todo e qualquer cidadão. Meu compromisso é como ser humano.

Prestes Filho: A Saúde em Saquarema atende a população razoavelmente?

Magno Alves: Tem que melhorar! Através do orçamento participativo desejamos proporcionar qualidade de neste campo para os nossos moradores. O MANDATO COLETIVO vem para humanizar essa área sensível. Ninguém pode ficar atravessando noites em longas filas. Sugerimos uma Farmácia Municipal para atender aqueles que não têm dinheiro. Queremos intensificar os tratamentos odontológicos e garantir o Programa Médicos de Família para fortalecer a saúde preventiva. Enfim, fazer o SUS funcionar.

Prestes Filho: A luta dos professores está na sua agenda?

Magno Alves: Pretendemos intensificar o diálogo com os sindicatos que representam a categoria e contribuir para um plano diretor para educação: (1) lutar por um salário mais justo para os professores e funcionários; (2) salas de aula com número de alunos reduzido, pois favorece um aprendizado maior; (3) garantir a capacitação para nossos educadores. Vamos fazer de tudo para que Saquarema se destaque no cenário nacional como uma cidade vitoriosa na educação. Importante garantir a implantação da Lei 10639/2003 que tornou obrigatório no país o ensino da história e da cultura africana e afro-brasileira. Aplicar nas escolas a Lei 11645/2008 que estabelece as diretrizes e bases da Educação Nacional, que inclui no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-brasileira e Indígena.” As crianças de Saquarema tem que conhecer a vida e a luta do primeiro herói brasileiro, Aimberê, aquele tamoio que reuniu tribos de todo Brasil para lutar contra o invasor colonial português. O Aimberê, que lutou contra escravocratas esteve aqui, a ele devemos um monumento, uma rua, uma praça.

Prestes Filho: Quais suas propostas para Melhor Idade?

Magno Alves: Esse tema me emociona. Temos a obrigação de dar dignidade, alegria e respeito aqueles que nos antecederam. Podem cobrar o empenho do MANDATO COLETIVO na busca de uma melhor qualidade de vida para os nossos idosos. Temos a proposta de criar áreas de lazer em todos os bairros, com atividades e profissionais comprometidos com a saúde e qualidade de vida do Idoso. Também, garantir a continuidade e melhorar a qualidade das políticas já existentes: no Centro de Convivência do Idoso; na Praça do Bem Estar, com ginástica e hidroginástica; no Abrigo.

Prestes Filho: O esporte tem tudo a ver com a cidade?

Magno Alves: Como já destaquei acima, vamos aproveitar as nossas vocações esportivas, também criar eventos que, além de mover o esporte, também mova a economia. O MANDATO COLETIVO lutará para criar condições para o surgimento de equipes de vôlei, de futebol, masculinas e femininas em cada escola. Vamos incentivar as olimpíadas estudantis; olimpíadas de jogos indígenas; incentivar e patrocinar as ligas amadoras; e incentivar o futebol feminino, englobando a liga amadora. Desejamos garantir mais apoio à Associação de Surf, tanto nas ações das Escolinhas, quanto na estruturação da própria associação. Porque não criar campeonatos municipais e regionais de surf e de futebol? Incentivar a cultura da capoeira, com apoio de entidades como o Grupo de Estudos e Trabalhos de Conscientização do Homem e da Mulher Negra (GETHOMN) de Saquarema, está nos nossos planos. Propomos uma parceria com a Confederação Brasileira de Voleibol (CBV), para que abram as portas das suas instalações para os jovens moradores. Vamos estimular Trilhas rurais e Voo Livre.

Foto: Smorigo/WSL Divulgação

Prestes Filho: Quais suas propostas para Meio Ambiente?

Magno Alves: Saneamento básico com diferentes projetos, inclusive, a instalação de biodigestores em comunidades rurais; intervenção na obra da Barra Franca, para beneficiar o pescado na Lagoa de Saquarema, fonte de trabalho e renda de grande parte da população – nossos pescadores; implementação de novas fontes de energia; intervenção na nascente e curso do Rio Roncador e no Canal Salgado. Existe muita demanda nessa área.

Prestes Filho: Acima você lembrou do Movimento das Mulheres, quais suas propostas para a mulher?

Magno Alves: Saquarema é um dos poucos municípios no Estado que têm uma Secretaria de Mulher; um Centro de Referência à mulher Vítima de Violência; e um Conselho Municipal de Direitos da Mulher. Lutamos ainda por uma “Casa de Permanência Breve” para acolher mulheres vítimas de violência, uma necessidade regional. Nosso MANDATO COLETIVO buscará promover a articulação para fortalecer as políticas públicas voltadas para as mulheres. Principalmente, nas áreas de saúde e educação, cultura e trabalho, assistência e segurança. As mulheres tem uma luta histórica pela igualdade, seus direitos foram conquistados a duras penas nesta sociedade patriarcal.

Prestes Filho: Sua família tem tradição na política de Saquarema?

Magno Alves: Não, minha família nunca gostou de política e até hoje não gosta. Apenas um sobrinho concorreu para vereador, foi bem votado mas não ganhou. Meu pai é natural de Saquarema, tinha vários irmãos que faleceram antes de completarem 20 anos, devido às dificuldades da época. Meu pai tinha pouca escolaridade, mas era inteligente e conseguiu vencer na vida plantando e vendendo limões. Conseguiu comprar terras e estabelecer alguns pontos comerciais. Mas, devido à separação matrimonial, abriu mão de tudo que conquistou e recomeçou do zero. Conheceu e se casou com minha mãe, que vinha de uma vida dura de empregada doméstica no Rio. Minha mãe é natural de Araruama, do bairro de São Vicente. Meu pai era muito enérgico e ensinou, a mim e a meus irmãos a sermos honestos e justos. Sabemos hoje em dia que nos educou com severidade, da maneira como aprendeu, e agradecemos o caráter que nos deu.

Prestes Filho: Como foram seus primeiros passos na política?

Magno Alves: Comecei na extrema direita, mas sem saber o que era direita e o que era esquerda. Foi através de um ex-cunhado, cujo pai era vereador no Rio e o tio já estava no quinto mandato de deputado estadual. Eram de família tradicional na política e se diziam lords. Mas, de cara, vi que não era minha praia. Eles se referiam aos pobres com desprezo. Foi neste convívio que descobri que eu era o oposto. Então me filiei ao Partido Comunista Brasileiro (PCB) e fiz a campanha política a favor de candidatos do Partido Democrático Trabalhista (PDT). Mas, quando em 1986, sofri um grave acidente, que resultou em várias cirurgias, me afastei da política. O tempo passou, veio o Lula, melhorou muito a condição de vida do povo, mas, para mim, era pouco. Colaborei com algumas eleições municipais, sempre obtendo resultados positivos, mas não participei de nenhum governo. Percebo que dentro do poder é muito difícil continuar como uma cabeça pensante, independente e com boas intenções. Queria ver mesmo é revoluções municipais! Após presenciar tantas picaretagens aqui, resolvi desistir. Mas, ao assistir a revolução que aconteceu em Maricá dos últimos anos, ganhei ânimo. As últimas gestões progressistas me fizeram acreditar ser possível mudar para melhor. Obter avanços positivos. Assim, voltei à luta! Hoje estou junto com um grupo de pessoas maravilhosas e bem-intencionadas que estruturaram as propostas do MANDATO COLETIVO.

Igreja Nossa Senhora de Nazareth (imagem: reprodução/arquivo Google)

Prestes Filho: Você acredita que o instituto constitucional das eleições é a base da democracia?

Magno Alves: O MANDATO COLETIVO somente é possível numa democracia. Serei vereador de um grupo de pessoas politizadas e criativas. Estas serão co-vereadores. Acreditamos na justiça social; no fortalecendo do instituto democrático; no respeito à Constituição Brasileira de 1988. Desta forma, acredito que estamos construindo um processo diferenciado, onde o coletivo terá voz. Essa é a melhor forma de governar.

Observação: Participam do MANDATO COLETIVO professores; sindicalistas; lideranças do Movimento das Mulheres; lideranças indígenas; lideranças estudantis; representantes de associações esportivas; representantes de associações comunitárias; trabalhadores rurais; donas de casa; representantes da Terceira Idade; especialistas em Meio Ambiente; lideranças do Movimento Negro; e da Juventude.


LUIZ CARLOS PRESTES FILHO – Cineasta, formado na antiga União Soviética. Especialista em Economia da Cultura e Desenvolvimento Econômico Local, colunista do jornal Tribuna da Imprensa Livre. Coordenou estudos sobre a contribuição da Cultura para o PIB do Estado do Rio de Janeiro (2002) e sobre as cadeias produtivas da Economia da Música (2005) e do Carnaval (2009). É autor do livro “O Maior Espetáculo da Terra – 30 anos do Sambódromo” (2015).