Por Pedro do Coutto –

Sem dúvida alguma,o ex-presidente Lula da Silva saiu-se bem e deve ter somado votos em sua entrevista a William Bonner e Renata Vasconcellos, no Jornal Nacional de quinta-feira.

Esquivou-se de pontos críticos de seu governo, conseguiu passar uma mensagem de otimismo e esperança à população, atacou o orçamento secreto, efetivamente um absurdo, e destacou o papel de Geraldo Alckmin em seu governo, caso vença as eleições, deixando no ar a impressão  de que o ex-governador de São Paulo desenvolverá uma atuação no Executivo muito além das funções de vice-presidente.

NOVAS PESQUISAS – Aguardemos as pesquisas do Datafolha e do IPec sobre os reflexos no eleitorado das atuações de Jair Bolsonaro, na segunda-feira, e de Lula da Silva, anteontem, quinta-feira. Fundamental saber desse reflexo porque dependendo dos percentuais, os próprios candidatos poderão acentuar ou avaliar seus desempenhos de acordo com a produção de votos que causaram.

Conforme se constata, numa disputa eleitoral o voto é de importância excepcional. Sem ele não se chega ao poder. Só há dois caminhos para o poder, as urnas ou as armas. Vamos sempre pelas urnas, pois a experiência da ditadura de 1964 a 1985 foi trágica para todos nós.

BOLSONARO CRITICA MORAES –  Reportagem de Alice Cravo, Daniel Gullino e Marianna Muniz, O Globo desta sexta-feira, revela que o presidente Jair Bolsonaro criticou fortemente a decisão do ministro Alexandre de Moraes de indiciar os empresários que discutiram em um grupo de WhatsApp sobre a possibilidade de um golpe militar no caso de derrota nas urnas do atual presidente da República.

“Espero que o digníssimo Alexandre de Moraes apresente a fundamentação do que determinou em relação aos empresários que se manifestaram através de redes sociais”, afirmou. Bolsonaro baseou sua manifestação no princípio constitucional que assegura a liberdade de expressão e acentuou que a agressão à ela é típica daqueles que se dizem estadistas, mas figuram ao lado de ditadores.

O presidente Bolsonaro não fez menção diretamente aos argumentos de Alexandre de Moraes. Mas o deputado Eduardo Bolsonaro classificou a iniciativa de uma censura direta. Os advogados dos empresários, cujos nomes estão publicados na matéria, alegam também, até agora, a falta de acesso aos autos. E, por isso, consideram prejudicada a apresentação da defesa que têm direito.

HORÁRIO ELEITORAL – Começou ontem e se estenderá até o dia  26 de setembro, o horário de propaganda eleitoral nas emissoras de televisão e rádio. É importante e até mesmo fundamental para a democracia esse horário que, sem dúvida, reduziu desde a sua criação em 1960, a influência do poder econômico nas eleições.

Agora, além desse aspecto, existe também o que se refere ao combate às fake news, pois fica claro que com as informações falsas os candidatos ou os seus apoiadores que atacam através das redes sociais propagam, as mesas teriam que ser repetidas nos horários de propaganda eleitoral. Basta comparar as mensagens.  Como se verifica, a importância do horário eleitoral cresce e reduz ao mínimo a produção de desinformação que tanto compromete a vida pública brasileira.

COTAS RACIAIS  – Muito bom o artigo de Flávia Oliveira, O Globo de ontem, sobre as cotas raciais para acesso às universidades brasileiras. Trata-se, conforme ela acentuou, de uma via de mão dupla, pois os cotistas na medida em que recebem a oportunidade de chegar ao ensino superior, retornam para a sociedade os conhecimentos que absorvem.

Os estudos têm confirmado resultados positivos acima do esperado. Flávia Oliveira cita algumas importantes mudanças nas unidades de ensino com o sistema de cotas: a composição das salas de aulas mudou, a ampliação da diversidade dos professores, novos territórios, agentes e saberes foram incorporados às pesquisas acadêmicas, variáveis de raça, gênero, desigualdades sociais foram incluídas nas áreas do Direito à economia, da ciência política à administração, intelectuais pretos, indígenas, mulheres saíram da invisibilidade.

ESTELIONATO –  Os casos de estelionato digital em nosso país têm ocorrido numa escala avassaladora. Giampaolo Morgado Braga e Selma Schmidt, O Globo de quinta-feira, destacam que só no Estado do Rio de Janeiro, há 14 casos de estelionato por hora. Propostas inexistentes, tentativas de clonagem de cartões, tentativa de obter senhas e números de cartões de crédito, ofertas de rentabilidade fora da realidade, são alguns dos exemplos.

De janeiro a julho, foram 72.457 registros de estelionato no estado — o dobro do mesmo período de 2021 e mais do que os 71.145 do ano passado inteiro. Isso dá mais de 14 casos por hora. De toda a série histórica, em 2022 foi constatada a maior quantidade de ocorrências desse crime no primeiro semestre desde 2003.

Contra esses ladrões só existe um meio de precaução, campanhas em massa de conscientização através das emissoras de televisão e de rádio, alertando contra os que atuam na sombra do anonimato e da falsificação.

Pedro do Coutto é jornalista.

Enviado por André Cardoso – Rio de Janeiro (RJ). Envie seu texto para mazola@tribunadaimprensalivre.com ou siro.darlan@tribunadaimprensalivre.com


PATROCÍNIO


Tribuna recomenda!