Redação –
Equipes de reportagem foram censuradas durante a manifestação em apoio ao presidente Jair Bolsonaro da tarde deste domingo (03.mai.2020) na Praça dos Três Poderes, em Brasília. Houve agressões físicas, ameaças e diversos xingamentos.
O repórter fotográfico do jornal O Estado de S. Paulo Dida Sampaio foi derrubado duas vezes de cima de uma escada enquanto fazia fotos. Foi então agredido com chutes e 1 soco no estômago quando já estava em pé. O motorista do Estadão Marcos Pereira também foi insultado.
O repórter do Poder360 Nivaldo Carboni levou 1 chute e foi hostilizado várias vezes. O repórter fotográfico Orlando Brito, do site Os Divergentes, e o repórter Fabio Pupo, do jornal Folha de S.Paulo, foram empurrados ao tentar ajudar Dida Sampaio.
“Fui socorrer o Dida e acabaram me pegando. Me deram uma porrada e meus óculos voaram longe. Pisaram nos óculos. Tentaram tomar uma das minhas câmeras para quebrar. ‘Quebra, quebra!’. Eu falei: ‘Não, meu irmão’. Enfim, aí consegui fugir”, relata Orlando Brito, que tem 70 anos e 54 anos de profissão.
A pressão dos manifestantes fez com que alguns dos profissionais de mídia fossem retirados do local por uma viatura da Polícia Militar do Distrito Federal.
Outros profissionais de imprensa foram insultados. Os manifestantes gritavam também “Globo lixo” enquanto o presidente Jair Bolsonaro fazia uma live no Facebook.
Assista ao momento em que o repórter fotográfico Dida Sampaio é hostilizado e expulso da manifestação.
Ao ser alertado por assessores das agressões, o presidente respondeu em vídeo gravado: “Pessoal da Globo vem aqui falar besteira. Essa TV foi longe demais”. Em momento nenhum repudiou as agressões aos jornalistas.
ATIVIDADE ESSENCIAL
O presidente Bolsonaro definiu como essencial as atividades e os serviços da imprensa como medida de enfrentamento à pandemia da covid-19.
O texto resguarda o funcionamento pleno e o direito em exercer todas as atividades de comunicação: radiodifusão de sons e de imagens, a internet, os jornais e as revistas. E pelo decreto está proibida a restrição à circulação de trabalhadores da imprensa.
ABRAJI REPUDIA
A Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo) publicou nota em que repudia o ataque aos jornalistas.
Em pleno Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, jornalistas foram hostilizados e covardemente agredidos por militantes políticos ao realizarem a cobertura de manifestações em apoio ao presidente Jair Bolsonaro na Praça dos Três Poderes, em Brasília. Tais acontecimentos evidenciam o risco cada vez maior ao qual o discurso belicoso e ultrajante do presidente da República expõe os repórteres brasileiros”, afirma o texto da Abraji. (Fonte: Poder360)
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Ministros do STF e entidades repudiam agressão sofrida por fotógrafo
Ministros do STF e entidades repudiaram hoje (3) agressão sofrida pelo fotógrafo Dida Sampaio, do jornal O Estado de S.Paulo, durante manifestação em Brasília. Os manifestantes levavam faixas com mensagens contra o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal e de apoio ao presidente Jair Bolsonaro.
O profissional do Estado de .Paulo foi agredido com socos e chutes quando tentava registrar fotos do presidente cumprimentando os manifestantes em frente ao Palácio do Planalto. Além de Sampaio, o motorista do jornal, Marcos Pereira, foi derrubado com uma rasteira. Os agredidos deixaram o local escoltados pela Polícia Militar. Jornalistas de outros veículos também foram hostilizados durante o ato.
A ministra Cármen Lúcia lamentou a agressão na data em que é comemorada o Dia da Liberdade de Imprensa.
“É inaceitável, inexplicável, que ainda tenhamos cidadãos que não entenderam que o papel do profissional de imprensa é o que garante a cada um de nós poder ser livre. Estamos, portanto, quando falamos da liberdade de expressão e de imprensa, no campo das liberdades, sem a qual não há respeito à dignidade”, disse.
O ministro Alexandre de Moraes declarou que as agressões contra jornalistas devem ser repudiadas e não podem ser “toleradas pelas instituições e pela sociedade”.
Para Gilmar Mendes, a “agressão a cada jornalista é agressão à liberdade de expressão e agressão à própria democracia”.
Para o ministro Luís Roberto Barroso é preciso valorizar o papel do jornalista.
“Dia da Liberdade de Imprensa. Mais que nunca precisamos de jornalismo profissional de qualidade, com informações devidamente checadas, em busca da verdade possível, ainda que plural. Assim se combate o ódio, a mentira e a intolerância”, disse.
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, manifestou solidariedade aos jornalistas e disse que”cabe às instituições democráticas impor a ordem legal a esse grupo que confunde fazer política com tocar o terror.”
Sociedade Civil
A Associação Nacional dos Jornais (ANJ) disse que espera que os agressores sejam identificados e punidos de acordo com a lei. (fonte: Agência Brasil)
“Além de atentarem de maneira covarde contra a integridade física daqueles que exerciam sua atividade profissional, os agressores atacaram frontalmente a própria liberdade de imprensa. Atentar contra o livre exercício da atividade jornalística é ferir também o direito dos cidadãos de serem livremente informados”, declarou a entidade.
MAZOLA
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