Redação –
Depois de dizer que o título da Libertadores é o mais importante de sua carreira, Jorge Jesus voltou a exaltar a conquista ao compará-la com a Champions League. Em entrevista após a partida no Estádio Monumental de Lima, no Peru, o técnico português afirmou que a final entre Flamengo e River Plate, vencida pelo Rubro-Negro por 2 a 1, foi melhor do que a última decisão da Europa, entre os ingleses Tottenham e Liverpool, ganhada pelos Reds por 2 a 0.
“Esta final foi vista por 186 países no mundo, por milhões e milhões, e quem a viu vai perceber o nível que teve. Nível de Champions. A última final entre Liverpool e Tottenham. Mas esta (em Lima) teve mais conteúdo técnico, tático, e um colorido muito mais bonito do que essa final em Madrid, onde eu vi ao vivo”.
VALORIZAÇÃO – “Isso mostra a qualidade do futebol fora da Europa. As duas equipes de Brasil e Argentina, dois países que fabricam jogadores dos melhores do mundo todos os dias. Tem que ser mais valorizada. A Conmebol tem muita responsabilidade de valorizar esse troféu. Para a Europa, para fora deste continente. Vocês têm produto para justificar essa qualidade”.
O Mister também falou sobre o possível duelo com o Liverpool no Mundial de Clubes em dezembro, em Doha, no Catar. Antes, porém, as duas equipes precisarão passar pelas semifinais. O Flamengo enfrenta o campeão da Ásia ou o Espérance, da Tunísia, no dia 17, enquanto os ingleses esperam pelo vencedor de Monterrey, do México, e quem passar de Al Sadd, do Catar, e Hienghène, da Nova Caledônia.
“Nós vamos estar no Catar para jogar contra o Liverpool se ele for finalista. E nós ainda temos que fazer dois jogos. Não sei se eles entram diretamente na final, me parece que não. Mas temos equipe para conquistar mais esse troféu”.
TÁTICA DO RIVER – “A primeira meia hora foi do River com todo mérito, nos tirou do jogo, não deixou que jogássemos futebol com a bola, muita qualidade, criatividade tecnicamente e taticamente. Isso é fruto da sua agressividade em cima do portador da bola, sempre coberta por um jogador do River. Nos 15 minutos finais já começamos a se libertar mais da marcação, e na segunda parte mudamos nossa forma de jogar”.
“Não taticamente, mas é uma equipe com jogadores experientes que dou liberdade de poderem interferir. Tivemos todos uma conversa de muita responsabilidade e também de corrigirmos algumas situações, principalmente táticas, e a forma como estávamos a competir com o River. Tudo isso modificou nossa forma de jogar, sabia que o River não poderia ficar 90 minutos a pressionar. E em um momento crucial fomos felizes, fizemos tudo para sermos felizes e ter feito os dois gols”.
LUSO-BRASILEIRO – “Sei que Portugal inteiro hoje foi do Flamengo. Não foi só uma vitória do Flamengo, dos jogadores, da torcida, foi também do povo brasileiro e do povo português. Porque sei o empenho, o entusiasmo que puseram nessa final. Àquilo que me compete, eu e minha equipe técnica, quero dividir com o povo português. Tenho muito orgulho de ser português. Sei que quando foi o segundo gol do Flamengo, quem narrou nas TVs e rádios choraram de alegria”.
“Não sei se podemos referenciar tudo da mesma maneira. Na Europa é normal um treinador ou jogador trabalhar em qualquer ponto porque a globalização chegou há muitos anos. Não ponho muito essa bandeira, essa maneira de olhar para treinadores que chegaram a um continente diferente e foram vencedores, portanto tem que trazer mais estrangeiros. Não é assim, nem todos têm a mesma capacidade!”.
GLOBALIZAÇÃO – “Mas é verdade que o mundo hoje, em todas as profissões, é globalizado. Não é uma forma de valorizar ou desvalorizar outros treinadores do Brasil, ou onde meu colega espanhol (Miguel Ángel Ramírez, técnico campeão da Copa Sul-Americana com o Independiente Del Valle, do Equador) foi vencedor do outro troféu. Eu olho para aquilo que neste momento é o mundo”.
“Nós todos sonhávamos poder conquistar esse troféu. A nação flamenguista há 40 anos sonha com isso, uma geração que vai ficar marcada como ficou em 81 a equipe do Zico. Este troféu também vai ser marcado para o futuro, mas não só para o Flamengo, mas para o futebol brasileiro”.
“Neste momento, o que é importante sou eu, meus jogadores, a torcida, poder festejar esse troféu, que não está ao alcance de todos os treinadores e jogadores, como a Champions, em um continente diferente. Dá a possibilidade de estar em um campeonato do mundo de clubes, e ainda temos mais um troféu para conquistar (Campeonato Brasileiro), que ainda não conquistamos e é tão importante”.
AGITAÇÃO NO FINAL – No meu caso e do Rafinha (o lateral estava ao seu lado na coletiva), temos muitos anos de futebol, passamos por muitas situações. O fato de eu estar em relação ao meu assistente, o João (de Deus), um pouco exaltado, é porque já perdi títulos a 10 segundos do fim. O futebol é cruel, só acaba quando o árbitro apita. Não queria que ninguém festejasse enquanto não estivesse acabado. Foi esse o motivo.
“É isso que tenho dito e vou hoje pela última vez referenciar este conceito que tenho. Não tenho dúvida do que disse e volto a frisar; o Flamengo é o maior clube do mundo em termos de torcedores. Mas o maior do mundo é quem ganha títulos, e à frente do Flamengo tem muitas equipes porque expressam sua grandiosidade em títulos”.
“O Flamengo no dia em que começar a ganhar Brasileiro, Libertadores e outros campeonatos fora poderá dizer que é o maior. A maior torcida do mundo ele tem, que ninguém duvide. Hoje foi mais uma demonstração, assim como os hinchas do River que estiveram aqui em grande número, mostrando a grandiosidade do clube, não tanto quanto do Flamengo. Títulos é que fazem a diferença, isso que manda”.
Fonte: Globo Esporte
MAZOLA
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