Por Jeferson Miola

O regime sionista de apartheid isolou por completo a Faixa de Gaza.

Cortou comida, água, remédios, socorro e comunicações, e deixou o território na escuridão na ilusão de conseguir esconder o Holocausto do povo palestino.

Israel isolou do mundo inteiro o minúsculo território de 365 km2 da Faixa de Gaza onde aprisiona, confina e asfixia 2,3 milhões de prisioneiros num verdadeiro Auschwitz.

Nem mesmo a ONU consegue acesso ou comunicação com os moradores de Gaza. Israel bloqueou inclusive o sinal de satélite do território.

Funcionários das Nações Unidas, da Unicef, da OMS, de outras agências internacionais, assim como voluntários de organizações humanitárias, estão incomunicáveis devido ao bloqueio total – além de por terra, mar, ar, também pela comunicação cibernética. Sequer é possível saber, nessas condições, se estão vivos, mortos ou feridos.

Na escuridão covarde, e alimentando a ilusão de que o mundo inteiro não ficará sabendo do Holocausto, Israel vai realizando bombardeios e ataques arrasadores.

Milhares de edifícios e residências foram explodidas. Viraram escombros debaixo dos quais jazem milhares de palestinos assassinados covardemente.

A maioria das vítimas foram crianças, mulheres e idosos – 7 a cada 10 palestinos mortos. As demais vítimas, na quase totalidade, são adultos desarmados.

Nos ataques assassinos, Israel não tem poupado nem mesmo escolas e hospitais. Mata, além de funcionários internacionais, jornalistas, médicos, enfermeiros, socorristas.

Gaza arde e derrete nas brasas do fogo infernal das bombas israelenses.

Guernica será considerada uma caricatura, se comparada com o genocídio e a completa devastação de Gaza pelo apartheid de Israel.

No registro das mais atrozes e monstruosas experiências vividas pela [des]humanidade, Auschwitz passará a rivalizar a liderança com Gaza. A vantagem relativa será apenas a quantidade; a escala.

Mas a proporção de vítimas, a essas alturas, é de relevância secundária, porque a equiparação de tratamento desumano e cruel tanto em Auschwitz quanto em Gaza é total.

Os nazistas tratavam os judeus como “ratos que precisam ser exterminados”, ao passo que os sionistas tratam os palestinos como “animais selvagens que merecem o tratamento correspondente”. Tudo em nome da limpeza étnica; da “purificação” da sociedade supremacista.

O Holocausto de Hitler e o Holocausto em Gaza são idênticos nos métodos abomináveis, no racismo, na desumanização e no nazismo.

Nos estertores do seu império que esperneia antes de morrer, os EUA dobram todas as apostas na barbárie. O complexo bélico-militar estadunidense, com seu capitalismo movido a guerra e destruição, se alimenta desta que será a maior tragédia da humanidade.

Só um levante da consciência humanista mundial será capaz de deter a consumação deste ato que coloca em dúvida definitiva a viabilidade ou não de um ideal humano ético e decente.

Isso se ainda estiver ao alcance alguma possibilidade de deter o desfecho catastrófico, porque tudo já foi muito longe.

É um mundo sem sentido. É um mundo de guerra, dor, morte, fascismo e nazismo. É um mundo capitalista.

JEFERSON MIOLA – Jornalista e colunista desta Tribuna da Imprensa Livre. Integrante do Instituto de Debates, Estudos e Alternativas de Porto Alegre (Idea), foi coordenador-executivo do 5º Fórum Social Mundial.

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