Redação

O aiatolá Ali Khamenei, líder supremo do Irã, disse neste sábado (28.nov.2020) que o país retaliará Israel pela morte do cientista nuclear Mohsen Fakhrizadeh, apontado como chefe da guinada iraniana rumo à produção de armas atômicas.

Teerã responsabilizou Israel pelo atentado na capital. Segundo o aitolá, o país vai “perseguir e punir os autores deste crime e aqueles que o comandaram”. Declarou ainda que o Irã nunca buscou produzir armamento nuclear.

Na mesma linha do líder supremo, o presidente iraniano, Hassan Rouhani, disse que a resposta virá “na hora certa”“De novo, as mãos malvadas da arrogância global e dos mercenários sionistas estão manchadas com o sangue de 1 filho iraniano”, afirmou Rouhani em reunião ministerial transmitida na televisão estatal.

As suspeitas de que Israel teria sido o mandante do assassinato de Fakhrizadeh ganharam mais força depois que o jornal New York Times divulgou que o cientista era o número 1 na lista de procurados do Mossad, o serviço secreto israelense.O órgão nunca foi convencido pela versão de Teerã de que Fakhrizadeh era 1 mero acadêmico da Universidade Imam Hussein.

O governo de Rouhani sempre o blindou dos pedidos de questionamentos feitos pela Agência Internacional de Energia Atômica, agência de monitoramento nuclear das ONU (Organização das Nações Unidas).

O Mossad é ligado a pelo menos 4 assassinatos de cientistas iranianos, alguns deles da equipe de Fakhrizadeh.

Segundo documentos da CIA (Agência Central de Inteligência), equivalente norte-americana do Mossad, o cientista teria envolvimento do “Projeto Amad”, uma iniciativa do programa nuclear iraniano que foi oficialmente encerrado em 2003. A inteligência israelense acredita que o programa nunca foi interrompido e que Fakhrizadeh era 1 dos principais arquitetos dele.

Uma autoridade iraniana disse à Reuters que a resposta do país será dada em pouco tempo. “O Irã retaliará. Quando e como depende de nosso interesse nacional. Isso pode ocorrer nos próximos dias ou semanas, mas ocorrerá”, disse o oficial, que não teve a identidade ou cargo revelado.

Depois da ameaça, a mídia israelense noticiou que embaixadas israelenses pelo mundo foram postas sob alerta máximo.

CONFLITO IDEOLÓGICO DURA DÉCADAS

Irã e Israel não se bicam há muitos anos, e as discordâncias ganharam força na última década. Os iranianos apoiam o partido libanês Hezbollah, que disputa territórios dominados por israelenses.

Além disso, Teerã dá suporte ao governo sírio do ditador Bashar al-Assad. Em meio à guerra civil no país, Israel se colocou junto aos Estados Unidos, ao lado dos rebeldes que tentam derrubar o regime.

A relação do governo de Benjamin Netanyahu com o norte-americano de Donald Trump também é 1 entrave. Com a troca de comando em janeiro, o democrata Joe Biden terá dificuldades para negociar a retomada do acordo nucelar EUA-Irã, abandonado pelos iranianos no início de 2020.

O governo Trump ainda teve papel vital na aproximação histórica entre Israel e países árabes que se opõem ao Irã, como Arábia Saudita, Emirados Árabes e Bahrein.

ENTENDA: ASSASSINATO DE FAKHRIZADEH

O cientista Mohsen Fakhrizadeh foi morto na 6ª feira (27.nov) em Damavand, província de Teerã. De acordo com o Ministério da Defesa do país, ele estava em 1 carro quando foi alvo de tiros. Baleado, ele chegou a ser levado ao hospital, mas não resistiu.

Testemunhas afirmam ter ouvido o barulho que pareceu de uma explosão e em seguida o som de rajadas de metralhadoras.

O ministro Javad Zarif, das Relações Exteriores do Irã, postou uma mensagem no Twitter na qual disse que o assassinato foi “uma covardia” e um ato terrorista, e diz que há “sérias indicações do papel israelense”.


Fonte: Poder360