Por Miranda Sá

“O pior pecado contra nosso semelhante não é o de odiá-los, mas de ser indiferentes para com eles ” (Bernard Shaw)

No noticiário televisivo da Record, assistimos um casal sendo assaltado por bandidos e pessoas passando indiferentemente do outro lado da calçada; também não faz muito tempo que lemos uma matéria sobre automobilistas que corriam na pista sem se perturbar com um cadáver estirado no chão.

Parece vivermos nestes começos do século 21 um doentio desvio moral dos homens, em todos os níveis da vida cotidiana, principalmente nos círculos religiosos. Entre nós, os auto-assumidos cristãos, com bíblias de bolso condensadas, escapulários, cruzes, imagens e medalhinhas, trocam a crença em Deus pela adoração a políticos e o discurso de ódio contra os que não seguem a sua crença….

Esquecem da onisciência divina que Jesus Cristo pregou. Não distinguem que o Deus dos cristãos é a bondade personificada enquanto o Deus dos judeus é vingativo: basta lembrar das sete pragas do Egito, em que Jeová com suas pragas não poupou sequer as crianças, condenando-as à morte.

Mais odiento ainda é Zeus, deus supremo da mitologia grega, que mandou um abutre dilacerar o fígado de Prometeu para puni-lo por sua bondade com a humanidade dando-lhe o fogo roubado do Olimpo.

O amor e a bondade pregados pelo Cristo diferem das ações dos deuses mitológicos, e talvez por isto sofram o alheamento das seitas fraudulentas que lutam pelo poder político. Que coisa triste! Como pode uma pessoa que se diz seguidora dos Mandamentos, desconhecer o Sermão das Beatitudes?

Porque não gritam “Excelsior! ”, ou façam como Napoleão, que no exílio de Santa Helena releu o Sermão e comentou com seu ajudante-de-ordens: – “Acredite-me; eu conheço os homens e vejo que este discurso não pode ser de nenhum deles. São palavras de um Deus”.

O falso cristão, ambicioso e sedento de privilégios foi capaz de trocar a crença no Eterno por um transitório governante. Sua consciência conservará a memória do próprio fanatismo político desdenhando da pandemia que matou mais de 700 mil vidas. Jamais esquecerá que naquele momento doloroso, ajoelhou-se para personalidades e não para o seu deus.

Recordando este “crente”, não é difícil afirmar que o “cristão negacionista” não é uma pessoa de fé. Não segue o Cristo, que disse: – “Eu sou o caminho, a Verdade e a Vida”, e que pelo Messias o caminho é o comportamento social que valoriza a humanidade; a verdade será a honra individual que repugna a falsidade; e a Vida é a generosidade divina, que deverá ser preservada em qualquer circunstância.

Diante das repetidas fraudes religiosas, achamos que as chamadas ciências ocultas valem mais do que uma bíblia impressa com a fotografia de um ministro e de pastores corruptos que muitos seguem por ignorância ou indiferença.

Na famosa Tábua da Esmeralda, Hermes Trismegisto – Três Vezes Grande -, definiu Deus dizendo que “é uma esfera, cujo centro se acha em toda parte e a circunferência em nenhum lugar”.

Hermes Trismegisto - Jung na Prática

O Deus de Trismegisto não tem o rosto que muitos querem dar-Lhe, criando-O à imagem e semelhança do homem por elementar egoísmo…. Com a cara de um político, é o deus adotado pelos mercadores do templo, obscurantistas, negativistas e agora provando serem fascistas, desrespeitando o resultado da eleição e a Constituição.

Da minha parte não tenho o menor respeito por um deus modelado na imagem de homem; e combato, como os cristãos primitivos, a idolatria. Faço-o diante do Arquiteto da harmonia universal, que não me é indiferente. Receberá sempre a minha reverência e o meu agradecimento pela vida! …

MIRANDA SÁ – Jornalista profissional, blogueiro, colunista e diretor executivo do jornal Tribuna da Imprensa Livre; Trabalhou em alguns dos principais veículos de comunicação do país como a Editora Abril, as Organizações Globo e o Jornal Correio da Manhã; Recebeu dezenas de prêmios em função da sua atividade na imprensa, como o Esso e o Profissionais do Ano, da Rede Globo. mirandasa@uol.com.br

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