Por Indianarae Siqueira

É Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+, uma comunidade que luta pela sua existência, pelo direito a vida onde você se torna sem querer ativista.

A tua vitória é uma vitória pra toda a comunidade.

A vitória da comunidade é pra cada individuo lgbtia+ um alívio e a certeza que dias melhores virão.

Mas por que tanto ódio contra essa comunidade?

Porque os cisheterossexuais  fundamentalistas  “tradicionais” odeiam tanto a nós LGBTIA+?

Afinal não fomos nós que escravizamos pessoas.

Não arrastamos o povo preto em navios insalubres onde muitos morriam doentes e de fome pra escraviza-los pra construir suas cidades onde hoje os negam o acesso condenando seus descendentes inclusive crianças a morrerem afogados nos mares europeus que duvidem pobres e ricos determinando quem tem direito a vida.

Não fomos nós quem provocamos guerras pra invadir territórios de outros países.

Não fomos nós que pra expandir nossas terras dizimamos indixs, aborígenes, os sami, incas, aztecas, tupis, guranis, kawioas, os polinésios entre outros povos originários que foram dizimados  pela ganancia cisheterossexual de ser superior e impor sua cultura excludente.

Não fomos nós que anexamos territórios destruindo culturas e provocando genocídios.

Não provocamos guerras santas em nome de deuses e nem cruzadas pra libertar Jerusalém que nunca esteve aprisionada.

Não desmatamos as florestas tornando o planeta quase deserto.

Não secamos rios desviando seus cursos para o desenvolvimento capitalista.

Não fomos nós quem esquartejamos  Tupac e nem cortamos a língua a seu filho  Hipólito assassinando-o em frente à sua mãe Micaela Bastidas.

Não fomos nós que matamos Gandhi.

Nem agredimos Rosa Parker.

Não assassinamos Martin Luther King.

Não prendemos Mandela.

Não provocamos a 1° guerra mundial, nem a 2°.

Não inventamos o holocausto mas nele sofremos as agruras.

Não provocamos a guerra de Belgrado.

Nem provocamos guerra santa em Dublin e Belfast.

Não Jogamos bombas na Palestina.

Não guerreamos contra Israel.

Não bombardeamos a Síria.

Não invadimos o Kuwait, nem o Iraque nem ameaçamos o Irã.

Não caçamos na savana africana animais indefesos causando a extinção de espécies.

Não matamos as baleias nos oceanos nem encurralamos golfinhos para massacra-los.

Não criamos muros para dividir povos como no deserto fronteira do Estados Unidos da América com México. Nem  como os de Berlin que ajudamos a derrubar.

Não fomos nós que inventamos as bombas atômicas contra Yroshima e Nagasaki.

Não guerreamos nas Malvinas.

Não isolamos economicamente Cuba por simples ego ferido na baia dos porcos.

Não tentamos roubar o petróleo da Venezuela a todo custo.

Não criamos ou financiamos ditaduras  civis ou militares tão assassinas e violentas que destroem democracias que demoram décadas pra se recuperar.

Porque tanto ódio contra nós.

Nos acusam de perverter crianças mas são nos ” sacrossantos ” lares, nas escolas, nos templos religiosos que crianças e adolescentes são violentadxs fisicamente e sexualmente.

Não somos nós que assassinamos esposas que não querem mais se submeter a relacionamentos abusivos e tóxicos.

As fazendas de pecuária onde animais são torturados e assassinados pro bel prazer do paladar humano onde outros humanos vivem situações análogas a escravidão não somos nós que comandamos.

Não somos nós  que encarceramos pessoas em massa ou as dizimamos.

Não somos nós que criamos manicômios,  pelo contrário querem nos colocar lá dentro.

Não somos nós quem abandonamos crianças em orfanatos. Nós só queremos adotar essas crianças abandonadas por pais cishetero e dar a elas um futuro no seio de uma família que as ame. Mas vocês nos impedem de amar impedindo crianças de receberem amor  e aprender a amar.

Vocês ensinam ódio perpetuando de gerações em gerações.

São vocês quem provocam dor e sofrimento.

As religiões de vocês produziram ferramentas atrozes de tortura que devem ter sido desenhadas por um santo sádico pervertido sociopata assassino papa na inquisição onde vocês queimaram seres humanos em sua maioria mulheres em  nome da fé.

É essa vergonhosa cisheterossexualidade doentia perversa que vocês nos acusam de querem destruir ” a familua” !?!

É esse senso de espírito destruidor que vocês querem perpetrar a seus filhos a quem vocês ensinam nas escolas que invasores, assassinos, estupradores, genocidas são heróis ou ” conquistadores”?  Conquistaram o que? Dor, mortes, um mundo hoje onde a violência é naturalizada?

Nós só queremos amar igualmente.

Ter direito ao nosso corpo.

Beijar, amar, rir, viver nossa existência em paz.

Por que vocês cishererossexuais nos odeiam tanto. Talvez por ver que a nossa liberdade é estampada em nosso rosto onde sorrimos apesar da dor e ao sorrir como diz a canção fazemos o mundo supor que se é feliz?

De onde vem  suas certezas inventadas através da invenção dessa  cisheterossexualidade implantada compulsoriamente na mente de vocês que constantemente é martelada pra que isso se torne uma verdade absoluta.

De que nos acusam

Nos apontam dedos. Nos acusam de destruir as famílias tradicionais.

Dizem preferir filhxs mortes que lgbtia+.

Foram vocês que inventaram deuses pra os conclamarem contra nós.

Toda forma de amor vale a pena.

E nós só queremos amar.

Dizem que somos possuídos por demônios.

Nos acusam de não sermos da luz mas foram vocês que tentaram apedrejar Madalena,  torturaram e crucificaram Jesus.

Então hoje é dia do  orgulho de ser LGBTQIA+.

Que Stonewall nos possua.

FELIZ  28 DE JUNHO DIA INTERNACIONAL DO ORGULHO DE SER LGBTIA+.


INDIANARAE SIQUEIRA – TransVestiAgenere, pute, ateie, vegane, presidente do Grupo Transrevolução-RJ, da REBRACA LGBTIA+, coordenadora do PreparaNem, Casa Nem Abrigo LGBTIA+, Rede Brasileira de Prostitutas, Fórum TT RJ e Coletivo Davida.

SIRO DARLAN – Juiz de Segundo Grau do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ); Mestre em Saúde Pública, Justiça e Direitos Humanos; Pós-graduado em Direito da Comunicação Social na Universidade de Coimbra (FDUC), Portugal; Diretor e Editor do Jornal Tribuna da imprensa Livre; Membro da Associação Juízes para a Democracia; Conselheiro Efetivo da Associação Brasileira de Imprensa; Conselheiro Benemérito do Clube de Regatas do Flamengo. Em função das boas práticas profissionais recebeu em 2019 o Prêmio em Defesa da Liberdade de Imprensa, Movimento Sindical e Terceiro Setor, parceria do Jornal Tribuna da Imprensa Livre com a OAB-RJ.