Redação

Manifesto.

A degradação recorrente das instituições do Estado trouxe o país a uma situação pré-revolucionária. O povo brasileiro só não se rebelou ainda em razão do estado de medo que prevalece em todas as instâncias da sociedade, inclusive entre os ricos, estes também mergulhados numa atmosfera de insegurança policial e de criminalidade. A própria classe dominante, responsável em última instância por essa situação, descobriu, embora tardiamente, que seus próprios interesses econômicos e financeiros estão em jogo.

Manter esse estado de coisas tornou-se intolerável. Devemos usar os instrumentos da democracia ainda existentes para nos sublevar pacificamente, indo às ruas e praças, a fim de manifestar nosso inconformismo com a alta taxa de desemprego e subemprego, o baixo crescimento do PIB e a manipulação de indicadores econômicos que tentam dourar a pílula de uma economia falida. Falam em redução da taxa de juros. É uma falácia. O que cai são os juros nominais, não os juros reais que corroem a renda da população.

O sistema bancário tornou-se um sorvedouro insaciável de salários e outros rendas do povo. Apropria-se da mais valia nacional direta e indiretamente, neste caso mediante a redução criminosa de impostos, que diminui a margem de recursos que pode ser dirigida, se bem gerenciada, ao financiamento de serviços públicos essenciais como saúde, educação, habitação e segurança. O grande capital se apropria não apenas da mais valia produzida pelo trabalhador, mas do que lhe extrai indiretamente no processo de circulação de bens.

É o momento de revertermos essa situação. Vamos aproveitar a crise política criada pela própria classe dominante para virar o sistema de dominação que nos esmaga. Se nos oferecem a democracia, vamos aceitá-la de bom grado. Usaremos a liberdade de expressão, a liberdade de imprensa e as liberdades civis para proclamarmos aos quatro cantos nossas demandas de direitos. Em primeiro lugar, sobre todos eles, o direito ao trabalho remunerado que é a contrapartida inevitável do direito à propriedade privada, que, sim, vamos respeitar.

Ação Nacional pela Justiça Social – Anjus


*Enviado por Roberto Requião e José Carlos de Assis