Por Emanuel Cancella –
Em agosto de 2000, o jornalista, então diretor de Redação do jornal O Estado de S. Paulo, Antonio Pimenta Neves, de 63 anos, matou a tiros a ex-namorada e também jornalista, Sandra Gomide, de 32 anos. Quase uma década de impunidade (2)
A diretoria do Estadão nunca conteve seu poderoso diretor. Depois do assassinato, ainda tentou protegê-lo do noticiário (3).
Como apontou Luciano Martins Costa, num artigo de agosto passado, no sítio do Observatório da Imprensa, a mídia sempre procurou “esquecer o crime”. Neste sentido, a sua omissão foi também criminosa – em especial, do jornal Estadão (3).
Antes de matar, Pimenta quis bloquear carreira de Sandra: “Enquanto ela (Sandra) não me procurar, não reconhecer o que fez e não reparar o erro, não terá emprego neste país” (1).
E, da mesma forma, a mídia se cala com a ligação gritante do clã Bolsonaro com as milícias.
Não podemos esquecer o então deputado Jair Bolsonaro, afirmando dentro da Câmara dos Deputados, referindo-se a milicianos da Bahia: “Quero dizer aos companheiros da Bahia — há pouco ouvi um Parlamentar criticar os grupos de extermínio — que enquanto o Estado não tiver coragem de adotar a pena de morte, o crime de extermínio, no meu entender, será muito bem-vindo. Se não houver espaço para ele na Bahia, pode ir para o Rio de Janeiro (5)”.
E mais, Jair Bolsonaro e seu filho “01” visitaram o pistoleiro Adriano Nóbrega na cadeia (6)
Já o filho então deputado estadual, Flávio Bolsonaro, além de dar medalha Tiradentes a miliciano, ainda tinha um projeto para legalizar as milícias (7,8).
O deputado Glauber Braga, Psol/RJ, dentro do Congresso Nacional, denunciava o na época ministro da Justiça de Bolsonaro, Sergio Moro:
“Eu não tenho outra coisa a dizer a não ser chamar o ministro da Justiça, que blinda a família Bolsonaro em relação a esses temas, de capanga da milícia, é isso que ele é, afirmou Braga, depois de cobrar do ministro que parasse de se esquivar sobre o caso de envolvimento do senador Flávio Bolsonaro, filho do presidente Jair Bolsonaro, no escândalo da rachadinha. “(11).
Se a mídia se omitiu diante de fatos que ligam a família Bolsonaro à milícia, agora por especulações o Estadão e bolsonaristas tentam ligar o deputado Boulos do Psol/SP e o ministro da Justiça Dino com o Comando Vermelho.
Boulos através de uma foto e por uma suposta audiência, o ministro da Justiça, Dino, que afirma: “Nunca recebi, em audiência no Ministério da Justiça, líder de facção criminosa” (9,10).
Enquanto isso, bolsonaristas impulsionados pelo Estadão, sem nenhuma prova contra Dino, querem o impeachment de Dino por visita de ‘dama do tráfico’
Segundo a Veja, esposa de líder do Comando Vermelho se reuniu com representantes do Ministério da Justiça duas vezes (4). Mesmo se a recebesse não seria crime! Cadê a prova de envolvimento? O fato é que nem Estadão e nem Bolsonaristas não têm qualquer prova contra o ministro da Justiça Dino nem contra o deputado Boulos do Psol/SP.
Mas não podemos esquecer que foi sem provas que Moro prendeu Lula num claro intuito de beneficiar Bolsonaro e, para que não paire dúvida do conluio criminoso de ambos, Moro recebeu de Bolsonaro o ministério da Justiça e a promessa de ser indicado ministro do STF (12,13).
Fonte:
1 – https://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff2708200006.htm
3 – https://altamiroborges.blogspot.com/2011/05/pimenta-neves-e-cumplicidade-da-midia.html
7 – https://veja.abril.com.br/politica/ex-pm-ligado-a-flavio-bolsonaro-recebeu-medalha-na-cadeia
13 – https://brasil.elpais.com/brasil/2019/05/12/politica/1557677235_562717.html
EMANUEL CANCELLA – Advogado (OAB/RJ 75.300), ex-presidente do Sindipetro-RJ, fundador e ex-diretor do Comando Nacional dos Petroleiros, da Federação Única dos Petroleiros (FUP), fundador e coordenador da FNP, ex-diretor Sindical e Nacional do Dieese, colunista desta Tribuna da Imprensa Livre, sendo também autor do livro “A Outra Face de Sérgio Moro” que pode ser adquirido no site Mercado Livre. Em função das boas práticas profissionais recebeu em 2017 o Prêmio em Defesa da Liberdade de Imprensa, Movimento Sindical e Terceiro Setor, parceria do jornal Tribuna da Imprensa Livre com a OAB-RJ.
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