Redação

O último debate presidencial antes do primeiro turno das eleições, realizado pela TV Globo na quinta-feira (29), confirma os movimentos vistos em pesquisas eleitorais e nos números verificados nas redes sociais nas últimas semanas, confere ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva o título de vencedor. Com maior número de menções positivas que os concorrentes, o petista reagiu aos ataques que recebeu e deu munição para sua base de apoiadores fazer a defesa durante o programa.

O debate teve características de luta de vale tudo e de programa de televisão de auditório. As trocas de acusações, os pedidos de direito de resposta e as gafes geraram 11.798.336 interações no Twitter, Facebook e Instagram. Em levantamento no Twitter, no Facebook e no Instagram, a agência digital Lab DSC, com exclusividade para o Congresso em Foco, mediu em tempo real a movimentação dos candidatos e a reação dos eleitores. E a estratégia dos dois principais candidatos foi determinante para a repercussão online.

A participação do candidato Padre Kelmon (PTB), como “linha auxiliar” do presidente Jair Bolsonaro (PL), roubou a cena, em embates polêmicos com o ex-presidente Lula e com a senadora Soraya Thronicke (União Brasil). Isso, somado ao recuo de Bolsonaro do esperado confronto direto contra Lula, diminuiu consideravelmente o apelo para a ação dos apoiadores do atual presidente. No debate da Bandeirantes, em 28 de agosto, por exemplo, foram monitorados 1.037 posts no campo bolsonarista, que geraram 3,7 milhões de interações somente no Instagram.

Ontem, esse número caiu para 335 posts, com 1,22 milhão de interações. O mesmo se repete no Facebook, com 1.446 postagens e 2,35 milhões de interações em agosto, contra 682 publicações e 1,3 milhão de comentários, compartilhamentos e curtidas ontem. Padre Kelmon, que assumiu a responsabilidade de polarizar com Lula, alcançou na mesma rede 1,8 mil postagens e 1,36 milhão de interações. Já no Instagram, o engajamento foi ainda maior, chegando a 2,29 milhões.

Lula trilhou o caminho oposto. O petista vem de um crescimento acentuado nas redes com maior nível de engajamento, Instagram e TikTok, onde lidera em visualizações e curtidas, mesmo com um número menor de seguidores do que Bolsonaro. O recente movimento pelo voto útil de celebridades trouxe de volta a mobilização petista. Resultado: o ex-presidente partiu, no debate da Band, de 262 posts e 218.253 interações, para 2.476 publicações e 1,27 milhão de interações no Facebook.

No Instagram, o salto foi ainda maior, chegando a 1,57 milhão de interações. Kelmon também acabou turbinando o desempenho nas mídias sociais da senadora Soraya. Em um dos momentos que mais repercutiram nas redes, ao não ser respondida pelo religioso sobre quantas extremas-unções teria feito pelas vítimas da pandemia de covid-19, a candidata perguntou se o adversário não temia ir para o inferno. A senadora ainda encarou um embate duro com Bolsonaro, que trouxe informações sobre pedidos de cargos no governo federal que ela teria feito. Em troca, em outra frase-bordão que viralizou, afirmou que o presidente era um “nem-nem”.

O termo técnico é usado para descrever pessoas que nem trabalham, nem estudam. A característica, em geral, é mais comum entre jovens entre 15 e 24 anos, e ocorre em momento de crise do emprego.

Estratégias nas redes sociais

Os candidatos adotaram estratégias diferentes entre si e para cada uma das redes sociais. Simone Tebet foi quem mais postou no Instagram e no Facebook, com 28 publicações, sempre com fotos e frases da candidata. A repercussão ficou abaixo da média dos principais concorrentes, de 1.298 contra 6.037. Ciro Gomes veio em segundo lugar em número de postagens, 19, repetindo o formato de divulgar citações, como fez a emedebista.

Lula fez um número menor de postagens, apostando no conteúdo do debate, mas também na defesa contra as acusações dos adversários. Caso da vinculação de seu nome ao assassinato do prefeito Celso Daniel, por Bolsonaro, em pergunta à Simone Tebet. O tema, aliás, foi um dos que mais repercutiram, destacando a postura da candidata de se recusar a fazer uma dobradinha com o presidente.

“Falta ao senhor coragem de perguntar ao candidato do PT, que está aqui. Vamos tratar do Brasil”, rebateu Tebet. Já Bolsonaro se limitou a fazer uma mesma postagem nos três canais com uma foto do ex-presidente Lula durante o debate com o texto: “Após exorcismo, Lula pede voto para Jair Bolsonaro 22”.

Repercussão

O ex-presidente Lula ainda liderou a quantidade de posts relacionados ao debate que mencionaram os candidatos, com 1.524 contra 1.425 de Bolsonaro. Mas as publicações relacionadas ao presidente em exercício geraram um maior número de interações. Foram 1.370.617 contra 1.182.623 do petista. O ex-presidente levou a melhor, porém, quanto às menções positivas: 68% no total, com 12,19%, neutras e 19,18%, negativas.

No meio do fogo cruzado entre Bolsonaro e Lula, e atacando os dois, Ciro gerou o maior percentual de menções negativas (37,89%), seguido por Bolsonaro (25,93%). Simone Tebet, mais ponderada e propositiva durante o debate, se destacou por ter uma proporção maior de interações neutras (24,44%), de perfis menos ligados à polarização das discussões entre petistas e bolsonaristas.

Fonte: Congresso em Foco

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