Redação

A CPI da Covid decidiu manter confiscado o passaporte do empresário  Carlos Wizard, que depôs nesta quarta (30).  Para reaver o documento, Wizard precisará de uma decisão judicial. No início da sessão o presidente do colegiado, senador  Omar Aziz (PSD-AM), chegou a informar que o documento seria entregue a Wizard assim que a oitiva terminasse, mas, horas depois, o vice-presidente, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) que houve um novo entendimento do grupo.

Apesar do parlamentar não confirmar, o motivo principal seria uma irritação gerada no grupo diante da postura de Wizard que se manteve em silêncio durante toda a reunião, negando-se a responder as perguntas.

“Vocês [jornalistas] estão assistindo e vendo que ele não colaborou, por isso o passaporte ainda não vai ser devolvido. Mais adiante a CPI pode liberar, só mais adiante”, disse o senador.

Wizard desembarcou dos Estados Unidos no Brasil no último domingo (27) e seguiu para a sede da Polícia Federal no aeroporto de Viracopos, em Campinas, para entregar o documento. Por não ter comparecido à primeira convocação feita pela CPI, no dia 17 de junho, os senadores solicitaram a condução coercitiva dele.

De acordo com Randolfe, a sugestão da senadora Simone Tebet (MDB-MS) de tornar tirar Wizard da condição de investigado para testemunha vai ser considerada pelo colegiado o que pode acarretar em uma nova oitiva. Randolfe, porém, ponderou: “Tem vários servidores do Ministério da Saúde que precisam ser chamados para depor. Vão surgir outras empresas para investigar. Temos que analisar se será necessário”.

O empresário desfruta do direito concedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF)  de ficar calado diante das perguntas que podem incriminá-lo.

Carlos Wizard fez o um discurso inicial ressaltando a trajetória de caridade que tem e a situação da filha e do pai que estão em tratamento médico. Depois disso, o bilionário adotou, a cada pergunta que era feita a frase: “respeitosamente, permaneceria no direito de ficar calado”. Para o senador Randolfe,  “o silêncio está falando” pelo depoente. Na avaliação dele, a mudez de Wizard  só confirma “que ele foi um agente que financiou o gabinete paralelo”.

Caso Davati

O colegiado da CPI vai requisitar as imagens do restaurante Vasto, localizado no Brasília Shopping, onde o ex-diretor do departamento de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira, e o representante da empresa Davati, Luiz Paulo Dominguetti,  que negocia vacinas da AstraZeneca no Brasil, se encontraram. “Vamos aprofundar quem eram os outros que estavam acompanhando. Temos que saber quem é o coronel citado”.

Roberto Ferreira é aliado do Centrão, comandado pelo líder do governo de Jair Bolsonaro na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR).  Em denúncia ao jornal Folha de S.Paulo, o executivo Dominguetti disse que o então diretor no Ministério da Saúde declarou que só negociaria doses da vacina AstraZeneca se a propina de US$ 1 fosse aceita por cada imunizante.


Fonte: Congresso em Foco