Na prática, o Brasil é ingovernável. O sistema ou mecanismo não permite, existe para exercer o poder paralelo em um subterrâneo que já está escancarado há muito tempo. A bola da vez é o novo Marco do Saneamento, entreguismo descarado, troca de monopólios públicos por cartéis privados. Vamos pagar uma tarifa ainda mais alta, em nome de bancar uma suposta meta de “universalização dos serviços”.

Estudo indica que a tendência no mundo é a devolução da gestão do tratamento e fornecimento de água às mãos públicas. Segundo mapeamento feito por organizações da União Europeia, do ano 2000 até 2019 foram registrados 267 casos de “remunicipalização”, ou reestatização, de sistemas de água e esgoto.

O governo fala em atrair R$ 700 bilhões em investimentos e promover a universalização da distribuição da água e do tratamento de esgoto até 2033. Na realidade será como sempre foi, surgirão grandes consórcios, transnacionais ou disfarçados de “nacionais”, nos quais os políticos brasileiros (seus laranjas ou familiares) serão os testas de ferro enquanto cada um fatura alto em seu feudo econômico.

Para piorar, estamos numa brutal crise econômica agravada pela burrice de gestão na pandemia, produzindo cada vez mais desempregados. Mais de três meses de quarentena sem planejamento responsável dos governantes. O saco já encheu… O saco de grana está vazio… Volta à normalidade? Nunca mais – a não ser que a “normalidade” seja o desgoverno e a gestão pública incompetente, abuso de autoridade, corrupção sistêmica e violência se intensificando. Assim vamos em frente, porque o negócio é sobreviver… Haja paciência e coração.


DANIEL MAZOLA é Jornalista, Editor-chefe do jornal Tribuna da Imprensa Livre, Consultor de Imprensa da Revista Eletrônica OAB/RJ e do Centro de Documentação e Pesquisa da Seccional. Pós-graduado, especializado em jornalismo sindical. Apresentador do programa TRIBUNA NA TV (TVC-Rio). Ex-presidente da Comissão de Defesa da Liberdade de Imprensa e Direitos Humanos da Associação Brasileira de Imprensa (ABI). Conselheiro efetivo da ABI (2004 a 2017). Foi Assessor de Imprensa da Federação Nacional dos Frentistas (Fenepospetro) e do Sindicato dos Frentistas do Rio de Janeiro (Sinpospetro-RJ). Vice-presidente de Divulgação do G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira (2010/13), editor do jornal FAFERJ (Federação das Associações de Favelas do Estado do RJ), editor do jornal do SINTUFF (Sindicato dos Trabalhadores da Universidade Federal Fluminense-UFF), editor do jornal Folha do Centro (RJ), editor do jornal Ouvidor Datasul (gestão empresarial e tecnologia da informação), subeditor de política do jornal O POVO, repórter do jornal Brasil de Fato, radialista e produtor na Rádio Bandeirantes AM1360 (RJ).