O presidente Jair Bolsonaro só pensa em 2022, mas no complexo jogo do vale-tudo político, só os fortes sobrevivem. Bolsonaro sofreu derrotas significativas nas eleições municipais de 2020, apoiou diretamente candidatos a prefeito em seis capitais: São Paulo, Belo Horizonte, Recife, Manaus, Fortaleza e Rio de Janeiro, perdeu em todas.
Parte do desastre eleitoral de novembro deve-se a falta de partido do presidente, o PSL tinha muitos recursos por causa do bom desempenho de 2018, alguma capilaridade e uma bancada expressiva na Câmara dos Deputados. Agora, Legislativo e Judiciário fazem pressão e vão emparedando o chefe do Poder Executivo.
Assim como ocorreu com o republicano Donald Trump, o sonho da reeleição do ex-capitão pode se transformar em pesadelo.
A regra nesse jogo sujo da política institucional é clara: vale-tudo para se manter no poder. Bolsonaro está nitidamente perdendo o controle da governabilidade e o comando do jogo. A cartada política da hora visa alterar ou emendar a constituição para que os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), possam ser reeleitos. O destino está nas mãos do STF que julgará ADI do PTB. Em outra jogada, o Congresso Nacional analisará a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para 2021 no dia 16 de dezembro e o presidente Davi Alcolumbre alertou que “está previsto na pauta da sessão o exame de 22 vetos presidenciais”.
Enquanto o ministro Paulo Guedes é fritado devagarzinho, tal qual porco que cede seu torresmo para as parcerias de negócio, o Congresso já decidiu que encerrará os trabalhos legislativos no dia 22 de dezembro e, se a LDO não for aprovada, a máquina pública ficaria paralisada a partir do começo de 2021.
Rodrigo Maia, presidente da Câmara dos Deputados e membro do partido DEM, sustentáculo da base governista, bate no governo sem parar, como se não fizesse parte dele.
A pandemia escancarou gravíssimos problemas do país, como a extrema desigualdade, a vulnerabilidade econômica e social de milhões de brasileiros e os efeitos da desindustrialização, mas a pauta econômica e todos os temas ligados a ela como orçamento, auxílio emergencial e programa de investimentos segue travada no Congresso Nacional.
A eleição das mesas da Câmara e do Senado está marcada para acontecer na primeira sessão do ano legislativo, início de fevereiro, isso porque a emenda constitucional de 1997 que permitiu a recondução do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, estendeu a permissão para os demais cargos executivos, mesmo que estes estejam no Legislativo. Provavelmente vão cometer uma inconstitucionalidade… Mas nesse complexo jogo da governabilidade e do vale-tudo político, só os fortes sobrevivem e quem sempre perde é o povo.
RJ – Dezembro de 2020
DANIEL MAZOLA – Jornalista profissional (MTE 23.957/RJ); Editor-chefe do jornal Tribuna da Imprensa Livre; Consultor de Imprensa da Revista Eletrônica OAB/RJ e do Centro de Documentação e Pesquisa da Seccional; Membro Titular do PEN Clube – única instituição internacional de escritores e jornalistas no Brasil; Pós-graduado, especializado em Jornalismo Sindical; Apresentador do programa TRIBUNA NA TV (TVC-Rio); Ex-presidente da Comissão de Defesa da Liberdade de Imprensa e Direitos Humanos da Associação Brasileira de Imprensa (ABI); Conselheiro Efetivo da ABI (2004/2017); Foi Assessor de Imprensa da Federação Nacional dos Frentistas (Fenepospetro) e do Sindicato dos Frentistas do Rio de Janeiro (Sinpospetro-RJ); Vice-presidente de Divulgação do G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira (2010/2013); Editor do jornal FAFERJ (Federação das Associações de Favelas do Estado do RJ); Editor do jornal do SINTUFF (Sindicato dos Trabalhadores da Universidade Federal Fluminense-UFF); Editor do jornal Folha do Centro (RJ); Editor do jornal Ouvidor Datasul (gestão empresarial e tecnologia da informação); Subeditor de política do jornal O POVO, Repórter do jornal Brasil de Fato; Radialista e produtor na Rádio Bandeirantes AM1360 (RJ).
MAZOLA
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O governo Bolsonaro ( sem partdo ) – e dê somente 4 anos mesmo que tenha a presidencia da camera federal e do senado federal – temos que ser realista e a verdade – e já começou os candidatos apoiados por ele Bolsonaro perderam a eleição, a esquerda esta viva e digo sempre gosto do modelo de governo do Pt e mais o Pt esta vivo no Brasil.
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