Redação

Em sua primeira entrevista desde que foi preso, o publicitário João Santana, ex-marqueteiro dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, fez previsões sobre a próxima disputa pelo Palácio do Planalto, em 2022. “É muito mais provável que Bolsonaro perca as eleições”, afirmou Santana, que foi entrevistado pelo programa Roda Viva, da TV Cultura, na noite desta segunda-feira (26/10).

“Se as esquerdas se unirem em torno de Ciro Gomes, ele pode ser um candidato extremamente viável”, comentou Santana, afirmando que o ex-presidente Lula seria o nome ideal de vice na chapa de esquerda.

IMITAR A ARGENTINA –  “Lula seria o melhor perfil de vice-presidente que poderia ter”, disse Santana, sugerindo imitar “a solução eleitoral genial que a Cristina Kirchner fez na Argentina. Mas é muito difícil isso ocorrer. É preciso que as oposições se organizem para fazer isso acontecer”, afirmou.

Em caso do PT lançar candidato, Santana defende que o ex-governador Jaques Wagner deve ser com o cabeça da chapa, com Lula como vice. “É o ideal.”

“Bolsonaro é um fenômeno eleitoral, sim, mas ele não contrariou todas as lógicas de campanha. A campanha de 2018 é que contrariou todas as lógicas da história política eleitoral brasileira”, cravou João Santana, ao analisar a vitória do presidente Jair Bolsonaro nas urnas.

LONGE DO PT – Na entrevista ao programa Roda Vida, o marqueteiro dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff fez revelações sobre a vida pessoal e relação com os políticos após a delação, afirmando que foi abandonado pelos petistas. “Nunca mais falei com eles.”

Santana teve a delação premiada homologada pelo Supremo Tribunal Federal em 2017. O publicitário admitiu o uso de caixa dois e confirmou que Lula e Dilma tinham ciência de pagamentos oficiais e paralelos feitos como contraprestação aos serviços prestados em campanhas eleitorais.

“O caixa dois não foi apenas uma ‘unha encravada’ no sistema político brasileiro. O caixa dois foi sempre a alma do sistema eleitoral brasileiro e era uma coisa geral. E poucos foram punidos”, afirmou Santana, que usava tornozeleira eletrônica durante a entrevista.

CÂNCER NO ESTÔMAGO –  “Fazer a delação foi a pior experiência da minha vida. É uma descida aos infernos. Você enfrenta conflitos éticos, afetivos, conflitos morais de toda natureza. Quando você confronta isso ao seu bem maior, que é a sua vida, você revê e isso fica pequeno”, afirmou João Santana. “Por que eu vou ser solidário com quem não está sendo solidário comigo?”, emendou.

Durante a entrevista, Santana também fez uma revelação. Disse que enfrentou um câncer no estômago logo após fazer a delação premiada e teve que passar por uma cirurgia no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.

“Vou fazer uma revisão”, disse Santana. “Essa queda da fama para a infâmia é um buraco tão profundo, nem sei se tem fundo. (…) Mas, por outro lado, é muito rico em descobertas e redescobertas.”


Fonte: Correio Braziliense