Redação –
O ex-governador de São Paulo e pré-candidato a presidente pelo PSDB, João Doria, admitiu nesta quinta-feira a possibilidade de ser vice no pacto dos partidos de centro pela chamada terceira via. Em sabatina promovida pelo UOL e o jornal Folha de S.Paulo, Doria abriu as portas para uma composição com a senadora Simone Tebet (MDB-MS) e adotou uma linha “paz e amor” ao defender diálogo com a esquerda, o ex-ministro Ciro Gomes e até com o ex-presidente Lula, para derrotar Bolsonaro.
Doria ainda evitou dizer se as decisões do ex-juiz Sergio Moro nos processos do petista foram imparciais e corretas, mas disse que o respeita.
PRIORIDADE BRASIL – Confrontado sobre declarações de Tebet, que já disse expressamente que não aceita ser vice numa composição de centro, Doria sinalizou que está disposto a abrir mão da cabeça de chapa.
Ainda que tenha feito uma sinalização na direção de uma aliança com Tebet, Doria enfatizou que quem conduz o processo pelo MDB não é a senadora, mas Baleia Rossi, que preside a sigla. “Jantamos recentemente com Simone Tebet, Michel Temer e Baleia Rossi na residência de um amigo em comum. Tenho muito respeito por ela, mas quem tem conduzido esse processo é o Baleia Rossi. As conversas seguem bastante produtivas, mesmo com as declarações da senadora. Eu a respeito e mantenho esse diálogo”.
Há poucas semanas, Simone Tebet havia feito gestos na direção do ex-governador Eduardo Leite (PSDB-RS) e recentemente ainda trocou afagos com o também pré-candidato a presidente Ciro Gomes (PDT).
CIRO E UNIÃO BRASIL – Sobre Ciro, o tucano disse que está aberto a conversas, ainda que já tenham tido ataques mútuos entre ambos no passado recente, mas reconheceu que há divergências na área econômica.
— A tendência do União Brasil é caminhar sozinho. Mas não há ruptura, conflito, briga entre nós. Há um entendimento. Nada impede de estarmos juntos mais a frente — disse Doria, que ainda acrescentou. — Já vi adversários em circunstâncias piores do que essa caminharem para o diálogo. Não tenho nenhuma restrição ao diálogo com Ciro Gomes. Tenho posições bem diferentes daquelas que ele defende, como a defesa da reestatização de empresas. Isso nos coloca a quilômetros de distância.
Doria ainda voltou a fazer gestos à esquerda. Em entrevista ao jornal Valor econômico na quarta-feira, o paulista havia dito que “respeita” o ex-presidente Lula, mas o presidente Jair Bolsonaro “não”. E reiterou as declarações: “Não há razão para não manter o diálogo aberto com o Lula, com o PT, com os partidos de esquerda”.
CRÍTICAS A ALCKMIN – Questionado sobre uma hipótese de uma aliança com Lula para defender a democracia, Doria disse que “só nos regimes autoritários é que não há diálogo”.
Doria ainda foi instado a falar sobre o ex-governador Geraldo Alckmin, que foi seu padrinho na política, mas acabou isolado no PSDB pelo afilhado e deixou a legenda rumo ao PSB para ser vice do ex-presidente Lula. Doria disse que respeita Alckmin, mas afirmou que não entende como alguém com sua trajetória se aliou ao petista. Ainda admitiu que não fala com Alckmin desde dezembro.
No final da entrevista, o candidato ainda respondeu perguntas sobre temas comportamentais e econômicos. Doria defendeu a privatização da Petrobras, as armas no campo e a legalização dos jogos de azar. Ele foi contra o aborto e a maconha.
Fonte: O Globo
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