Derrota imposta à máquina fascista torna vitória do Lula um acontecimento épico – por Jeferson Miola
Por Jeferson Miola –
Bolsonaro não aceitaria a vitória eleitoral do Lula em nenhuma hipótese; ele é, como sempre foi, uma pessoa incompatível com a democracia e com a civilização.
Além disso, a deslegitimação do resultado eleitoral é uma estratégia da extrema-direita para a mobilização e engajamento permanente da matilha fascista “contra o sistema”.
O despeito do Bolsonaro com o fracasso é ainda maior porque ele não acredita que não tenha conseguido se reeleger mesmo tendo montado a mais poderosa e corrupta máquina de guerra contra a democracia. Uma estrutura ilegal e criminosa nunca antes vista [aqui e aqui].
Esta máquina era tão poderosa, endinheirada e esparramada pelo país que Bolsonaro não se convence e não aceita que, ainda assim, Lula conseguiu derrotá-lo.
Bolsonaro só foi eleito em 2018 porque Lula foi ilegalmente impedido de concorrer. Naquela eleição, a triangulação envolvendo o Alto Comando do Exército, a gangue da Lava Jato e setores do judiciário entregou de mão beijada a condição ideal para ele ser eleito.
Para a eleição deste ano, contudo, depois da desmoralização da monstruosa farsa da Lava Jato, ficou impossível interditar Lula eleitoralmente por meio de qualquer artifício farsesco do estilo.
Bolsonaro e os militares ficaram, então, com duas opções para tentarem continuar o projeto de poder autoritário, reacionário e ultraliberal: ou providenciavam a eliminação física do Lula, o que seria um tiro pela culatra; ou montavam a máquina do crime que efetivamente montaram.
Ainda estamos longe de apreender e contabilizar a dimensão plena do que foi feito pela campanha fascista nos grotões de todo país. O saldo líquido da montanha de dinheiro usado neste esquema criminoso e corrupto, segundo as informações preliminares, indicam um rombo de R$ 400 bilhões nas finanças do país.
A reportagem do jornalista Caco Barcellos, da TV Globo, é uma amostra representativa do método de cabresto e de compra de votos que o governo militar empregou em mais de cinco mil municípios. Este esquema envolveu bilhões em benefícios sociais direcionados de modo clientelístico.
A CODEVASF [Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba] foi um entreposto na região nordeste do esquema bilionário e corrupto do orçamento secreto.
Reportagem do jornal Folha de São Paulo apurou que a Companhia chegou a liberar verbas para corrupção eleitoral e clientelismo a um ritmo alucinante de R$ 100 mil por hora – sim, R$ 100 mil por hora! – em redutos controlados por políticos e militantes da extrema-direita.
Patrões inescrupulosos da escória empresarial [industrial, comercial, do setor de serviços, financeiro e agropecuário], além de financiarem a campanha do Bolsonaro com mais de R$ 100 milhões, coagiram e ameaçaram de demissão trabalhadores caso não votassem no candidato fascista.
Charlatães religiosos se jogaram na guerra religiosa e promoveram terrorismo informacional com imundícies e mentiras sobre Lula, o PT e a esquerda nos templos caça-níquel e nas redes sociais.
Suspeita-se que a articulação internacional da extrema-direita coordenada por Steve Bannon tenha aportado outros 40 milhões de dólares para a campanha do Bolsonaro por vias ilegais e clandestinas, insuscetíveis de controle pela justiça eleitoral.
Foi desenvolvida uma guerra cibernética devastadora e arrasadora com recursos, tecnologias, dispositivos e estratégica militar – financiada pela lúmpem-burguesia e com dinheiro público e comandada desde o Palácio do Planalto, de ministérios e órgãos militares, de inteligência e de espionagem do governo.
Apesar disso tudo e do poder avassalador desta máquina fascista de guerra contra a democracia, Lula venceu. Só ele, e nenhum outro político brasileiro conseguiria derrotar o fascismo, menos ainda neste contexto de roubo, fraude, manipulação e corrupção eleitoral da extrema-direita.
Lula era a única e, ao mesmo tempo, a última trincheira de resistência da democracia para deter o avanço fascista-militar [aqui e aqui]. Só Lula conseguiria catalisar a gigantesca mobilização do povo brasileiro que lhe permitiu protagonizar esta conquista histórica e decisiva para o Brasil e para todo o planeta.
A vitória do Lula é superlativa e, também, marcada por recordes. Com 60.345.999 votos, ele gravou a maior votação já obtida por um candidato. E Lula é também o primeiro presidente da história republicana a ser eleito democraticamente três vezes para governar o país.
A derrota imposta à máquina de guerra fascista torna a vitória do Lula um acontecimento épico. O mundo inteiro, e não só o Brasil, respira aliviado com esta vitória memorável do Lula. Afinal, ele quebrou um dos principais elos da engrenagem da extrema-direita internacional.
No próximo período, Lula será fundamental para a desfascistização do Brasil e terá uma contribuição fundamental no combate internacional ao fascismo.
Seu governo poderá avançar nesta direção por meio de uma diplomacia antifascista e construtora de um mundo plural, democrático, de respeito humano e de preservação das conquistas civilizatórias da humanidade.
JEFERSON MIOLA – Jornalista e colunista desta Tribuna da Imprensa Livre. Integrante do Instituto de Debates, Estudos e Alternativas de Porto Alegre (Idea), foi coordenador-executivo do 5º Fórum Social Mundial.
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