Por Miranda Sá –
Quando as hordas primitivas de caçadores e coletores se fixaram à terra plantando e domesticando animais, criaram a necessidade de estabelecerem profissões para servir à coletividade.
Apareceram algumas especializadas, como carregadores, carniceiros, tecelões(lãs), cozinheiros(as), pastores, pedreiros e semeadoras. Quando a evolução dos clãs e tribos atingiram o status de sociedade estruturada sob uma ou mais chefias, surgiram novas atividades definindo outras ocupações; assessores, costureiras, construtores, barbeiros, marceneiros, metalúrgicos, policiais e soldados….
A religião, esteve sempre presente pelo medo à escuridão noturna, dos pesadelos que geravam superstições, a curiosidade e o temor pelos fenômenos climáticos e a observação dos astros.
Com isto, tiveram o seu lugar entre as profissões, intérpretes da fenomenologia, conselheiros, curandeiros, pajés, sacerdotes e xamãs, profissionais da fé impondo-se como intermediadores das divindades reverenciadas com seus fiéis….
Por fim, a Nação e o Estado burocratizados, mantiveram imperadores, reis, ministros, hierarquia judiciária, hierarquia militar e um funcionalismo cortezão estruturado. No centro de todas movimentações administrativas vieram advogados, escrivães, contadores e os aproveitadores e oportunistas malandros: os políticos.
Hoje, entre todas as atividades estatais e governamentais, temos o político, atuando como um gigolô para seduzir as massas pela oratória, ou apoiando-se no manobrismo partidário para defender interesses grupistas.
Isto a História Mundial registra. O “Político”, como verbete dicionarizado, enquadra-se em duas classes: pode ser substantivo, indiferente de gênero, significando a pessoa pretensamente responsável pela ordem social, representando o povo; e/ou é um adjetivo, indicando ou se referindo ao que diz respeito à política.
Tido e havido como um inócuo alheado da realidade em que viveu, Ronald Reagan desmentindo esta versão, foi genial na sua definição da política:
– “É supostamente a segunda profissão mais antiga. Vim a perceber que tem uma semelhança muito grande com a primeira”. (Esta última, como todos sabem, é a prostituição).
No Brasil pode até se obedecer à classificação gramatical, mas quando se trata da cidadania, define-se o político como um indivíduo que goza privilégios incríveis; tornou-se profissional, aposentando-se com regalias; gozando vantagens corporativas, viagens, tudo mantendo um foro privilegiado e estendendo as benesses à família.
Para exercer essa “profissão” não precisa de estudo nem qualquer qualificação; mas não se pode negar que existem políticos por vocação e, quando não se degeneram, distinguem-se da imensa maioria que somente busca obter privilégios.
Aquela definição clássica da “arte de governar” – passa longe dos políticos brasileiros -; não vemos princípios nem ideologia entre eles. São governistas com o objetivo de se locupletar ou são oposicionistas por terem sido derrotados em eleições, perdendo prerrogativas e serventias que os prejudicam nas suas bases eleitorais.
Olhando pelo ângulo da Filosofia Política, vemos a desfiguração da política por culpa dos próprios políticos, e, levando em conta a Ciência Política, assistimos à formação de bolhas desvinculadas da realidade.
Não me lembro que já contei em artigo a curiosa alegoria que cai como uma carapuça na cabeça dos nossos parlamentares, vereadores, deputados e senadores, e agora dos ministros togados do STF que se assumiram como políticos. É a definição de Arthur Balfour, conservador britânico que foi Primeiro-Ministro do Reino Unido de 1902 a 1905; ele era um crítico acerbo dos círculos do poder nos Estados Unidos e fantasiou a formação dos políticos de lá.
Pelo comportamento individualista dos parlamentares ianques, satirizou-os com uma anedota sobre a formação deles no “way of life” vigente em Washington. Criou a ficção de um rico pai americano que preocupado com o futuro do seu primogênito ofereceu-lhe sugestões através de um teste para ajudá-lo a se definir.
Trancou-o no quarto, deixando lá uma Bíblia, uma maçã e um cheque, pensando: ‘se o encontrar lendo a Bíblia, o estimularei a tornar-se pastor; se ele admirar a maçã, lhe darei uma fazenda para que se torne um agricultor; se estiver examinando o cheque farei dele sócio de um banco’.
Ao fim do tempo suficiente para ver o resultado da experiência, o ricaço adentrou no quarto e viu que o rapaz embolsara o cheque e comia a maçã sentado na Bíblia. Então, o fez político.
MIRANDA SÁ – Jornalista profissional, blogueiro, colunista e diretor executivo do jornal Tribuna da Imprensa Livre; Trabalhou em alguns dos principais veículos de comunicação do país como a Editora Abril, as Organizações Globo e o Jornal Correio da Manhã; Recebeu dezenas de prêmios em função da sua atividade na imprensa, como o Esso e o Profissionais do Ano, da Rede Globo. mirandasa@uol.com.br
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