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DA FOME – por Miranda Sá
A ONU alertou o governo brasileiro, em 2018, sobre a fome e seus indicadores (Foto: Omar Havana/Getty Images)
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DA FOME – por Miranda Sá

Por Miranda Sá

Este texto foi inspirado pelo drama climático que se abateu no Rio Grande do Sul, quando assistimos a falta de escrúpulos do Governo Lula, trazendo de volta a famigerada corrupção que condenou o seu titular à cadeia em três instâncias judiciais.

Como pretexto de manter os preços de mercado, Lula determinou a compra de arroz no Exterior, trazendo um escândalo em que aparecem os corruptos de sempre e protagonistas novos no cenário das oportunidades delinquentes. Isto, sob o clássico silêncio da imprensa cínica e corrompida

Somente depois que as redes sociais denunciaram o leilão fajuto promovido pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) multiplicaram-se as notícias, crônicas e artigos sobre o “Arrozão” nome dado na pia batismal da imprensa independente.

A compra de 263 mil toneladas de arroz importado (falou-se de Taiwan – Formosa) anunciada é injustificável, pois os produtores de Santa Catarina, Tocantins, Mato Grosso e do próprio Rio Grande do Sul garantiram que o grão estocado abasteceria o mercado consumidor sem nenhum problema.

O argumento mentiroso de que a negociata evitaria os impactos de uma alta do preço, esconde que se tal exploração viesse a ocorrer, o governo possuiria meios legais de coibi-la.

Na verdade, abriu-se a porteira para a entrada dos espertos que arremataram a compra, através de empresas que nunca participaram do comércio do arroz, a ARS Locação de Veículos e Máquinas, a Zafira Trading e a Icefruit Indústria e Comércio de Alimentos.

Neste cenário delinquente a presença do arroz lembra a fome como uma tragédia que ameaça, segundo dados, seiscentos milhões de pessoas na Terra e que a história pátria registra dolorosas ocorrências como a Grande Seca se 1877 que atingiu os estados Alagoas, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e principalmente o Ceará.

“Fome” como palavra dicionarizada é um substantivo feminino de origem latina, “faminem”, a sensação fisiológica pelo qual o corpo percebe a necessidade de comer para manter a vida. Esta condição de fraqueza é devida à falta prolongada de alimento, uma carência que provoca a desnutrição.

Josué Apolônio de Castro, mais conhecido como Josué de Castro, foi um influente médico, nutrólogo, professor, geógrafo, cientista social, político, escritor e ativista brasileiro do combate à fome (Divulgação)

O verbete tem figuradamente “desejos incontidos”, “ambição”, “avidez”, alertando para a fome do dinheiro que os políticos corruptos têm e retratada no romance “O Quinze” em que a escritora Raquel de Queiroz descreve o êxodo de retirantes nordestinos provocado pela a seca de 1915.

Desde aqueles tempos passados, o Brasil assiste outro tipo de fome, a fome da cobiça por propinas, desvio de verbas públicas e alcances no Erário, práticas sempre presentes nos governos populistas.

Pelo menos os dois últimos governos auto assumidos como de “direita” e “esquerda”, sem ser uma coisa nem outra, nunca pensaram em atender o povo pela conquista do pão; somente pela velha fórmula de pão e circo.

Esta constatação nos leva a distingui-los do presidente Itamar Franco, que apoiou em 1993 a Ação da Cidadania ciada por Herbert de Souza – o Betinho, autêntico cristão e patriota que conheci no XXV Congresso Nacional dos Estudantes quando, ainda jovem, mostrava seriedade no trato da coisa pública.

Sob a divisa “Quem tem fome, tem pressa”, Betinho reuniu intelectuais, artistas e jornalistas que assinaram “Carta de Ação da Cidadania” da qual originou o movimento de Ação da Cidadania Contra a Fome, a Miséria e Pela Vida.

Também não foi indiferente à fome o revolucionário Mao Tse Tung, que em discurso proferido em 1957, levou o pensamento de Confúcio ao marxismo, avaliando que cumpriria seu dever patriótico se conseguisse prover diariamente um prato de arroz e um copo de chá para todos os chineses.

Como se vê, várias filosofias têm abordagens sobre a fome, passadas de geração em geração como princípio humanista. Hoje, os chineses têm mais do que um prato de arroz, enquanto no Brasil o idealismo de Betinho morreu sem choro nem vela.

O que vigora entre nós agora, sem imanência nem transcendência, são manobras para evitar as denúncias virtuais que atropelam a imprensa mercenária. As redes mostram que não basta o Governo Lula suspender o leilão e demitir um secretário, para evitar o aprofundamento das investigações.

A Nação exige a CPI da Senhora Corrupção, porque o bode expiatório apontado, Neri Geller, já declarou que o crime veio de cima, da Casa Civil da Presidência da República.

MIRANDA SÁ – Jornalista profissional, blogueiro, colunista e diretor executivo do jornal Tribuna da Imprensa Livre; Trabalhou em alguns dos principais veículos de comunicação do país como a Editora Abril, as Organizações Globo e o Jornal Correio da Manhã; Recebeu dezenas de prêmios em função da sua atividade na imprensa, como o Esso e o Profissionais do Ano, da Rede Globo. mirandasa@uol.com.br

Envie seu texto para mazola@tribunadaimprensalivre.com ou siro.darlan@tribunadaimprensalivre.com


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