Redação

Em uma manobra autoritária visando reprimir a forte mobilização dos companheiros da CSN Unidade Presidente Vargas, em Volta Redonda (RJ), a direção da empresa demitiu cinco operários membros da comissão de trabalhadores, nesta segunda-feira (11).

As dispensas são irregulares e trata-se de uma clara perseguição política, uma vez que o grupo participava das negociações sobre o acordo coletivo. Apesar do ataque, a mobilização segue forte e inicia uma segunda semana com paralisações dentro da fábrica.

Enquanto a direção do sindicato da categoria negocia uma proposta rebaixada com a patronal na tarde desta segunda, os trabalhadores demitidos, com o apoio da Oposição Metalúrgica (CSP-Conlutas e CTB), realizam uma agitação em frente ao monumento 9 de novembro que homenageia os grevistas da mineradora assassinados pelo Exército em 1988.

Acredita-se que o sindicato deverá convocar uma nova votação, a partir das 18h, na Praça Juarez Antunes.

Votação histórica

Na sexta (8), mais de 6 mil trabalhadores votaram não à proposta de acordo coletivo apresentado pela empresa. Foram 99,3% dos votos, rejeitando o índice de 8,1 % de reposição salarial. A quantia sequer cobre a inflação dos últimos 12 meses (10,74%).

Há dois anos a categoria não recebe reajuste salarial, período em que a empresa e acionistas obtiveram lucro recorde. Só em 2021 foram R$ 13 bilhões.

Por sua vez, os trabalhadores reivindicam 30% de reajuste, PLR maior, cartão alimentação de R$ 800, bônus extra no Natal, piso salarial de R$ 1.815, equiparação salarial, implementação do plano de carreira e estabilidade no emprego. Outra demanda incorporada pelo movimento é a anulação das demissões contra os grevistas.

Movimento pela base

O que mais caracteriza a mobilização em Volta Redonda é o protagonismo da base dos trabalhadores. Atropelando a direção do sindicato, eles assumiram a frente do processo de luta movidos pela união e necessidade de garantir vida digna às suas famílias.

“Os trabalhadores estão sendo pressionados a viverem em condições mínimas. Estamos trabalhando e passando fome porque a empresa não fornece o mínimo. Aqui é a briga do trabalhador contra o patrão. Queremos lutar, levar o pão de cada dia para casa e ter orgulho de usar essas três letras”, disse Felipe Abilho apontando para o logo da CSN.

“Eu chamo essa situação de desespero. Trabalhar de domingo a domingo e não conseguir levar uma comida digna pra casa. Peço a todos que venham para a praça e de seu apoio”, conclui Felipe que está entre os demitidos.

Todo apoio

É fundamental que a classe trabalhadora mostre solidariedade à mobilização dos trabalhadores da CSN. Com as demais categorias em greve é necessário trabalhar para a unificação das lutas. Este é o caminho para uma greve geral para derrotar o governo Bolsonaro e sua política de ataque aos trabalhadores.

“A CSN teve a pachorra de confrontar o direito à liberdade democrática e de luta dos trabalhadores, demitindo para fazer o movimento recuar. Nós temos certeza que os trabalhadores vão dar a resposta lá dentro. Todo apoio a essa greve e não às demissões”, afirma Atnágoras Lopes, da Executiva Nacional da CSP-Conlutas.

Fonte: CSP-Conlutas 


Tribuna recomenda!