Por Miranda Sá –
“As únicas cópias boas são aquelas que nos mostram o ridículo dos maus originais…” (La Rochefoucauld)
Sete séculos antes do Calendário Gregoriano, trabalhavam no antigo Egito junto aos sacerdotes de Amon, escribas fazendo cópias em papiro ou na pedra, com informações sobre a vida do faraó. Vê-se assim que as cópias vêm de muitíssimo longe.
Como se fazia na religião egípcia, o judaísmo manteve ao lado dos fariseus os escribas, especialistas e divulgadores da Lei Mosaica – o conjunto de mandamentos que Deus deu a Moisés.
Os escribas judeus eram chamados de “doutores da lei”, e são citados em diversas passagens dos Evangelhos, como na exaltada crítica de Jesus Cristo em Mateus 23-25: – – “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Pois que fechais aos homens o Reino dos céus; e nem vós entrais, nem deixais entrar aos que estão entrando”.
Pouco sei sobre os copistas no Grande Oriente e na Índia; mas na Europa católica durante a Idade Média tivemos os monges copistas, conhecidos como amanuenses, que multiplicavam os evangelhos e copiavam livros. E das maluquices obscurantistas do tempo de caça às bruxas, se atribuía a um demônio, “Titivillus”, o patronato dos escribas, induzindo-os a cometer erros.
Isto traz a história registrada nos anais eclesiásticos sobre a intervenção satânica de Titivillus: Por um erro de um monge, a cópia de um códice ficou conhecida como “Bíblia Maldita”, porque no sexto mandamento veio escrito “cometerás adultério”, em vez de “não cometerás adultério”….
Com a invenção da prensa a modernidade revolucionou o processo de publicação, que antes exigia um trabalho lento e penoso. Os tipos móveis realizam um processo rápido de impressão, e assim, avisos, jornais e livros se multiplicaram concedendo o acesso a todos interessados.
Pontual e individualmente, os novos copistas tiveram e têm à mão mimeógrafo a álcool, mimeógrafo elétrico, o silkscreen, a xerox, e agora, o computador com a sua infalível impressora…
Quando estudante vocacionado para o jornalismo, usei muito o papel carbono e copiador de cera para divulgar comentários, ideias e poesias; e mais tarde o mimeógrafo para divulgar apostilas e editar jornaizinhos.
Na nossa passagem pela vida as cópias se somam à memória do que fizemos ou deixamos de fazer, filosofando e registrando nossa participação nos fatos sociais e políticos.
Ficam, por exemplo, copiadas no subconsciente as promessas dos candidatos que nos atraíram e conquistaram o nosso voto. A perfeição que esperamos falha na maioria das vezes; e foi o que ocorreu com o candidato Bolsonaro que se assumiu como anticorrupção e, eleito, traiu o seu discurso.
Constata-se que ele não passa de uma cópia lulopetista, cuja credibilidade se esvaiu com as rachadinhas, os cheques de Queiroz, a intervenção na Polícia Federal para defender o filho, o “passar da boiada” no Amazonas e a suspeitosa pauta do momento, o Vacinoduto, um salto da rachadinha para a rachadona….
É inegável que ocorreram negociatas da vacina Covaxin e outros trambiques que passaram como uma boiada silenciosa no pasto do negativismo; são cópias borradas do lulopetismo trazendo a medida negativa de valor do Presidente.
E pior do que ele com seus pés de barro (ou sujos pelo Barros), só mesmo os seus aduladores que negam descaradamente os fatos. Os novos defensores da corrupção de das propinas nos recordam o provérbio de que a raposa quando copia uma raposa, torna-se um macaco.
A História se repete e nenhum dos “homens do Presidente” teve coragem para levar-lhe a bela lição deixada por Chico Xavier: – “Lembra-te, em matéria de atitudes, a vida não fornece cópias para revisão”.
MIRANDA SÁ – Jornalista profissional, blogueiro, colunista e membro do Conselho Editorial do jornal Tribuna da Imprensa Livre; Trabalhou em alguns dos principais veículos de comunicação do país como a Editora Abril, as Organizações Globo e o Jornal Correio da Manhã; Recebeu dezenas de prêmios em função da sua atividade na imprensa, como o Esso e o Profissionais do Ano, da Rede Globo.
MAZOLA
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