Redação

A população brasileira decidiu neste domingo (2/10) que, a partir de 2023, o Congresso Nacional será ainda mais conservador do que já é. Uma inesperada “onda direitista” — inesperada porque passou longe do radar dos mais tradicionais institutos de pesquisa do país — inundou o Brasil nestas eleições e certamente vai influir decisivamente na agenda legislativa dos próximos anos.

Com um Congresso pendendo fortemente para o lado direito, deverão perder força pautas identitárias e de direitos humanos, ganhando espaço discussões de costumes e os temas que interessam à chamada “bancada da bala”.

Não por acaso, o presidente Jair Bolsonaro falou como vencedor na noite deste domingo, mesmo tendo ficado em segundo lugar no primeiro turno da eleição presidencial.

“Hoje foi o dia em que vencemos a mentira. O DataFolha falava em 51 a 33”, disse o presidente, referindo-se ao instituto de pesquisa.

A guinada à direita dos eleitores esfriou a tal “nova política”, moda lançada em 2018. Para o cientista político e professor da FGV Sérgio Praça, trata-se de um fenômeno natural. Com a presença de Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições e a polarização com Jair Bolsonaro, o espaço para novas forças ficou muito reduzido.

“Essa eleição foi, e ainda continua a ser, tomada por duas forças muito poderosas: o bolsonarismo e o petismo. Sobra pouco espaço para qualquer outra coisa. Em 2018, como o petismo estava em baixa, o bolsonarismo ainda conviveu com essa coisa da nova política”, explicou ele à revista eletrônica Consultor Jurídico.

Praça destacou que, apesar de escanteada, a tal “nova política” ainda conseguiu manter alguns de seus primeiros expoentes. Em São Paulo, por exemplo, Tabata Amaral (PSB) e Kim Kataguiri (União) tiveram votações relevantes, com 337,8 mil e 295,4 mil, respectivamente.

Impressionante mesmo foi a votação de Nikolas Ferreira (PL), possivelmente a prova mais clara da força do bolsonarismo no pleito deste ano. Aos 26 anos, o vereador de Belo Horizonte obteve mais de 1,4 milhão de votos para se tornar o deputado federal mais votado do Brasil. Ele teve o apoio direto de Jair Bolsonaro.

No Rio de Janeiro, o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello foi o segundo mais votado para a Câmara. Em São Paulo, Carla Zambelli, Eduardo Bolsonaro e Ricardo Salles — nomes fortes do bolsonarismo — foram segunda, terceiro e quarto deputados mais votados do estado, respectivamente.

A outra casa legislativa, o Senado, também terá clara guinada conservadora. A partir de 2023, o PL, partido de Bolsonaro, terá a maior bancada da casa, com 14 das 81 cadeiras. Essa posição ainda pode ser ultrapassada se União Brasil e PP levarem adiante a fusão partidária que foi anunciada no sábado (1º/10) por seus dirigentes.

O Senado é composto por três parlamentares eleitos por cada estado e pelo Distrito Federal, com mandato de oito anos. A renovação da casa legislativa é feita a cada quatro anos, de forma alternada por um e dois terços.

Em 2022, o eleitor votou em apenas um nome. Ou seja, a renovação foi de 27 cadeiras. Entre elas, em apenas 12 estados houve tentativa de reeleição. Cinco deles conseguiram o objetivo, incluindo o ex-presidente do Senado, Davi Alcolumbre (PSD-AM), e Romário (PSL-RJ).

Além do ex-jogador de futebol, o PL elegeu Magno Malta (ES), Wilder Morais (GO), Wellington Fagundes (MT), Rogério Marinho (RN), Jaime Bagattoli (RO), Jorge Seif (SC) e Marcos Pontes (SP). A segunda maior bancada será do PSD (12 senadores), seguido de União Brasil e MDB (de senadores cada) e PT (nove senadores).

Fonte: ConJur

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