Redação

Pouco mais de dois anos depois do primeiro caso de Covid-19 no Brasil, governos começam a suspender a obrigatoriedade do uso de máscaras, uma das principais medidas de restrição adotadas por estados e municípios para deter o novo coronavírus. Nesta segunda-feira, dia 7, a prefeitura do Rio, com aval do comitê científico que a assessora, decidiu abolir as máscaras em lugares fechados, até em hospitais, escolas e no transporte público. Foi um exagero.

Em ambientes abertos, elas já não eram obrigatórias no Rio desde outubro do ano passado, embora boa parte da população tenha continuado a usá-las, principalmente a partir da ascensão da supercontagiosa variante Ômicron. Apenas a exigência do passaporte sanitário foi mantida, mas, segundo o próprio prefeito Eduardo Paes, também está com os dias contados.

NÚMEROS EM BAIXA – O secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, justificou a decisão com base nos números da doença na cidade. Segundo ele, a taxa de transmissão do novo coronavírus é de 0,51% (a menor da pandemia). A de internação é de 0,9% — há menos de 50 hospitalizados na rede municipal do Sistema Único de Saúde.

Quase 85% dos cariocas estão com o esquema vacinal completo. Mas o percentual dos que receberam a dose de reforço ainda é baixo (42%). Isso deveria ter sido levado em conta, já que apenas ela tem se revelado eficaz para deter as novas variantes.

A decisão do Rio, primeira metrópole brasileira a abolir as máscaras em lugares fechados, deverá ser seguida por outras cidades. São Luís, Cuiabá, Belo Horizonte e Brasília são algumas das capitais em que elas já não são mais obrigatórias ao ar livre. Em Porto Alegre e Florianópolis, foram dispensadas para crianças.

FIM DAS RESTRIÇÕES – No dia 15, o Fórum Nacional de Governadores deverá discutir o fim de medidas de restrição, entre elas a exigência do uso de máscaras.

O importante a observar é que, apesar de os números estarem em queda depois da onda avassaladora da Ômicron, há incerteza sobre o grau de imunidade conferido pelas infecções às novas variantes.

Além disso, há disparidades entre as regiões. Cidades como São Paulo e Rio, com a vacinação avançada, não representam a realidade do Brasil, onde há muitos bolsões de não vacinados. Os índices de contágio e internação também não são homogêneos.

LIBEROU GERAL? – É desejável que as restrições sejam revistas à medida que a doença reflua em todo o Brasil. É o que já ocorre noutros países. Mas o momento ainda não permite o “liberou geral”.

Convém lembrar que cerca de 400 brasileiros ainda morrem diariamente vítimas da Covid-19. Nesse cenário, seria fundamental manter a obrigatoriedade de uso de máscaras ao menos em hospitais, no transporte público e em escolas (é baixo o percentual de crianças vacinadas em todo o Brasil).

Da mesma forma, os passaportes sanitários não devem ser abolidos, pois são um incentivo à vacinação e uma garantia de segurança aos cidadãos. Forçar a volta à normalidade pode até render dividendos políticos a prefeitos, governadores e ao presidente Jair Bolsonaro, sempre contrário a todo tipo de restrição. Mas não se extingue pandemia por decreto.

Fonte: O Globo


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