Redação

O ex-ministro Ciro Gomes (PDT), que pretende ser candidato à Presidência da República em 2022, minimizou, neste domingo (3), os ataques que sofreu no ato pelo impeachment de Jair Bolsonaro (sem partido), em São Paulo.

Mencionando diferenças com o PT, Ciro pediu uma “trégua de Natal” quando o assunto for a mobilização para remover o presidente. O ex-ministro, em sua pré-campanha, não tem poupado críticas ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e aos governos do PT.

SEM IMPORTÂNCIA – O pedetista afirmou ainda que não recebeu ligações de petistas em solidariedade, mas também procurou não dar importância a isso —alguns líderes do partido repudiaram a agressão em entrevistas na imprensa, mas não pessoalmente a Ciro.

Durante a manifestação contra Bolsonaro, neste sábado (2), Ciro foi vaiado ao discursar no palco da avenida Paulista. Ao deixar o local, teve que entrar rapidamente em seu carro para fugir de pedaços de pau sendo atirados contra ele. Como mostrou a Folha, a maior parte do público da manifestação era de esquerda — especialmente de movimentos e partidos que trabalham para a eleição de Lula em 2022.

De forma geral, os pedetistas alvos da agressão identificaram militantes do PCO (Partido da Causa Operária), da CUT (Central Única dos Trabalhadores) e do PT como autores das ações, mas Ciro evitou apontar culpados.

UNIÃO POLÍTICA – Ciro pregou unidade de campos políticos para conquistar uma maioria parlamentar pelo impeachment e mencionou sua ida à manifestação promovida pela direita, em 12 de setembro, organizada pelo MBL (Movimento Brasil Livre) e pelo Vem Pra Rua.

“Quando eu aceitei o convite do MBL, eu não superei as diferenças insuperáveis que tenho com MBL e nem, acabado o ato, fomos tomar cerveja. […] Também as minhas diferenças com o PT são cada vez mais profundas e insuperáveis, mas o que eu estou propondo, para toda a militância nossa, é não dar valor a esses incidentes, que são desagradáveis, mas são irrelevantes à luz da gravíssima hora que o Brasil está pedindo de todos nós: serenidade, equilíbrio e foco”, disse Ciro em entrevista à imprensa neste domingo.

“Estamos propondo uma amplíssima trégua de Natal, como nas guerras. Para, quando for o assunto Bolsonaro e impeachment, a gente deve esquecer tudo e convergir para esse rasíssimo consenso, que já não é fácil”, completou.

SEM RECIPROCIDADE – Questionado sobre o PT aderir à trégua, Ciro afirmou que “pouco importa”. “Eu não espero que haja adesão do PT, porque eu já vi acontecendo coisas com Leonel Brizola, com Mario Covas, comigo mesmo. Isso é irrelevante.”

“Não temos que esperar que eles aceitem ou se comportem como nós gostaríamos, nós é que temos que nos comportar de forma coerente com o que o Brasil precisa: uma trégua ao redor de um único assunto”, disse Ciro, ressaltando que, para além do “fora, Bolsonaro”, vai continuar estabelecendo diferenças.

Ciro pediu serenidade à militância do PDT, que segundo ele ficou “muito aborrecida”. Ele defendeu “manter o foco no que interessa e não dar relevância ao que não tem relevância nem centralidade”. “Temos que ter uma capacidade de não entrar nesse tipo de coisa lateral”, disse.

COESÃO PELA DEMOCRACIA – “Recebo com carinho e gratidão todas as expressões de gratidão, mas não dou a menor bola à bobagenzinha que aconteceu lá”, afirmou o ex-ministro. Ele disse ainda ser necessário “aguentar tudo que tiver que aguentar” em nome da coesão pela democracia.

Há uma expectativa de nova manifestação contra Bolsonaro no dia 15 de novembro, e a ideia de organizadores é ampliar o escopo ideológico para tentar promover algo que se assemelhe às Diretas Já.

Ciro deu sugestões para essa nova manifestação: de que tenha maior participação de artistas e de que haja uma mobilização que circule pelo país, a exemplo das Direitas Já, segundo ele. O pedetista chegou a propor que o palco principal não seja em São Paulo, mas em Belo Horizonte, Salvador ou Porto Alegre.

Fonte: Folha de SP


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